sábado, 24 de novembro de 2012

Luís IX – São Luís

A dinastia Capetiana, também Capetíngia, foi a família real que governou a França durante mais de oitocentos anos. Deveu o seu nome ao apelido do fundador Duque de Francia, Hugo. Era conhecido como Capeto por causa da capa curta que sempre ostentava por ser abade secular em St. Martin de Tours. Como se tratava do mais importante guerreiro de Luís V de França, Hugo conseguiu fazer-se eleger rei quando da morte de Luís, em 987.

De acordo com a tradição, depois de Filipe I de França, os reis capetianos batizavam os seus primogénitos com o prenome do avô. Luís IX nasceu no castelo de Poissy, a 30 quilómetros de Paris, a 25 de abril de 1214 ou 1215. Foi o quinto filho de Luís VII de França e Branca de Castela, sendo o seu irmão Filipe o herdeiro da coroa, porém em 1218, Filipe morreu, passando assim, a ser o primeiro na linha sucessória ao trono.

O seu pai desempenhou um papel importante na sua educação, unindo o zelo pela religião à bravura marcial que lhe valeu o cognome de o Leão, subjugou os cátaros do sul da França, que era um movimento cristão, considerado herético pela Igreja Católica.

Particularmente cuidadosos da sua educação, os pais de Luís IX deram-lhe bons preceptores: Mateus II de Montmorency, Guilherme des Barres, conde de Rochefort, e Clemente de Metz, marechal da França, inspiraram-lhe os sentimentos de um rei cristianíssimo e filho da Igreja.

Com a morte de Luís VIII em 8 de novembro de 1226, Luís IX subiu ao trono aos 12 anos de idade. Foi sagrado na catedral de Notre Dame de Reims  por Jacques de Bazoches, bispo e Soissons, em 30 de novembro do mesmo ano.

Por testamento de Luís VIII, a mãe do jovem monarca, Branca de Castela, assumiu a regência de França com o título de “baillistre, guardião da tutela do rei. Bartolomeu de Roy, o velho camareiro da corte havia vinte anos, era o mais influente conselheiro do reino, pelo que se disse na época que o poder passava assim “entre as mãos de uma criança, de uma mulher e de um velho”.

Durante esse período, a rainha mãe enfrentou as ambições da Inglaterra e as pressões da nobreza do reino, que desejavam valer-se da pouca idade do soberano para retomar os direitos perdidos para os monarcas do último século.

O reino entrou em um período conturbado, com a revolta organizada por Filipe Hurepel, tio do jovem rei e filho legitimado de Filipe Augusto, pela casa de Dreux e pelo duque Pedro Mauclerc da Bretanha. Depois de sufocar a rebelião, a regente concluiu a conquista do Languedoc iniciada pelo seu esposo ao comprometer o conde Raimundo VII de Toulouse, casando a filha deste, Joana, com o seu filho Afonso. Acabava assim a Cruzada dos Albigenses.

Luís atingiu a maioridade a 25 de abril de 1234, mas continuou a manter a mãe numa posição de confiança e poder. Por outro lado os historiadores costumam definir o ano da sua maioridade como aquele em que Luís passou a governar mais tradicionalmente como rei, relegando a mãe para um papel mais de conselheira, se bem que continuou a ser uma poderosa força política até à sua morte em 1252.

Luís IX casou-se com Margarida da Provença em 27 de maio de 1234, na catedral de Sens, pouco depois de completar 20 anos. A esposa era a filha mais velha de Beatriz de Sabóia e do conde Raimundo Berengário IV da Provença e de Forcalquier, e irmã de Leonor, esposa de Henrique III da Inglaterra.

Na verdade com esta união pretendia-se agregar este condado ao reino da França, uma vez que Raimundo Berengário IV não tinha um herdeiro varão. Dizia-se que a graça e a natureza haviam dotado a sua esposa de toda sorte de perfeições, e de fato foi bem sucedida em prover a dinastia capetiana com herdeiros.

Luís IX também deu uma atenção especial à educação de seus filhos, principalmente a religiosa, ensinando-lhes orações, a necessidade de assistir à missa e de fazer penitência. Um fato que merece ser registrado é que conta-se, por exemplo, que às sextas-feiras não permitia que os filhos usassem qualquer ornamento na cabeça, por ter sido o dia da coroação de espinhos de Jesus Cristo.

Luís IX a partir de 1241  parece tomar mais encargos para si no governo do país. Fez do seu irmão Afonso conde de Poitiers  a fim de obrigar a nobreza local a lhe prestar homenagem. A rebelião de Hugo X de Lusignan permitiu-lhe estabelecer a autoridade real em uma curta campanha, de 28 de abril de 1241 a 7 de abril de 1243, e o mesmo tempo aproveitou a situação de vantagem até Quercy (aproximadamente o atual departamento de Lot) para expulsar da lá o rei Henrique III de Inglaterra, que decidira romper a trégua de 1238.

Resolveu velhas desavenças com Jaime I de Aragão assinando o Tratado de Corbeil, pelo qual o rei francês renunciava a hipotéticos e caducos direitos sobre Aragão, em troca da renúncia do monarca catalão-aragonês a direitos muito concretos sobre vastos territórios no sul da França. Para selar este tratado, Luís casou a sua filha Branca com o infante Fernando de La Cerda, príncipe herdeiro do reino de Castela, e Jaime I de Aragão casou a sua filha Isabel com o príncipe francês, o futuro rei Filipe III de França.

Designou inspetores gerais, que eram considerados funcionários públicos, criou a comissão judicial da cúria e instituiu uma comissão de fazenda e de inspeção de contas.

Proibiu aos juízes, oficiais e outros emissários seus enviados às províncias para ali exercerem justiça durante algum tempo, de adquirir bens e empregar os seus filhos. Nomeou, acima deles, juizes extraordinários para examinar a conduta dos primeiros e rever os seus julgamentos, funcionando como justiça de apelação. Para a pessoa do rei ficava reservado o papel de juiz supremo.

Segundo os historiadores, se Luís IX entendia que os seus oficiais tivessem agido mal, impunha em primeiro lugar uma severa penitência a si mesmo, como culpado pelo excesso praticado pelos seus representantes, e em seguida ministrava-lhes severa punição, obrigando-os a restituir o que haviam tomado do povo, se fosse esse o caso, ou a reparar aqueles que haviam sido condenados injustamente. Por outro lado, quando tomava conhecimento de que haviam cumprido dignamente os seus deveres, recompensava-os regiamente e os fazia ascender a funções mais honrosas.

Foi também o primeiro rei a proibir duelos, anteriormente tolerados e por vezes ordenados a fim de se conhecer o direito das partes.

Este reinado foi um período de paz e prosperidade para a França, mas também de extravagante zelo religioso e falta de habilidade em reconhecer e respeitar diferenças em crenças e opiniões, com a intenção de conduzir o povo francês à salvação da alma.

Luís IX não negligenciava o cuidado com os pobres, proibiu o jogo e a prostituição e punia a blasfémia. As punições estipuladas eram tão rigorosas que o papa Clemente IV julgou ser necessário atenuá-las.
                                           
A religiosidade deste rei pode mais uma vez ser comprovada no fato da aquisição da coroa de espinhos e de um fragmento da cruz, da crucificação do Messias – Jesus Cristo, em 1239-1241, a Balduíno II, monarca de Constantinopla, por 135.000 libras. Para estas relíquias mandou edificar a capela gótica de Sainte-Chapelle em Paris, que curiosamente só custou 60.000 libras para construir. Sob este reinado foram também construídas as catedrais de Amiens, Rouen, Beauvais, Auxerre e Saint-Germain-em-Laye.

Aproveitamos a oportunidade para lembrar que conforme os estudiosos, ao contrário do que se julga, comumente, a Coroa de Espinhos de Jesus não tinha a forma de um diadema, mas a de um barrete [espécie de touca], com 21 cm de diâmetro, cobrindo-Lhe toda a cabeça. Foi feita de ramos de longos espinhos trançados. Depois de colocá-la em Jesus, os algozes golpearam-na de modo a provocar grandes ferimentos, como pode ser atestado pelas manchas de sangue no “Santo Sudário”.

A Coroa permaneceu na Basílica do Monte Sião, em Jerusalém, até 1053, quando foi levada para Constantinopla. Em 1238, o Imperador Balduíno II entregou-a - juntamente com a ponta da lança de Longinus - como penhor de empréstimo contraído com bancos de Veneza. De comum acordo com esse Imperador, Luís IX, Rei de França, resgatou a referida dívida e recebeu em seu país as duas preciosas relíquias, com todas as demonstrações de veneração. O próprio rei, a rainha-mãe, inúmeros prelados e príncipes foram encontrá-los perto da cidade de Sens. Luís IX e seu irmão, Roberto d'Artois, descalços, as levaram até a Catedral de Santo Estevão, nessa cidade.

Atualmente, a Coroa de Espinhos está nos Tesouros da Catedral de Notre Dame de Paris.

Na Europa do século XIII existia um extremo fervor religioso e é nesse contexto que a aquisição das relíquias deve ser avaliada. Na verdade a posse destas contribuiu muito para reforçar a posição central do rei da França na cristandade ocidental, bem como para aumentar a fama de Paris, na época a maior cidade da Europa ocidental. As cidades e os governantes competiam pela posse de relíquias sagradas, Luís IX conseguiu colocar algumas das mais ambicionadas na sua capital.

O monarca francês era zeloso da sua missão de "lugar-tenente de Deus na Terra", da qual fora investido na sua coroação em Reims. De forma a cumprir este dever organizaria duas cruzadas e, apesar de ambas terem fracassado, contribuíram para o seu prestígio. Os seus contemporâneos não teriam compreendido se um rei tão poderoso e piedoso não fosse libertar a “Terra Santa”.

No século XIII  era generalizada a aversão pelos judeus por serem considerados culpados pela morte de Cristo. A sua primeira cruzada perseguiria a comunidade judaica. Tal como os seus antecessores, Luís IX tomou medidas discriminatórias e de perseguição contra os judeus, também com a intenção de convertê-los ao cristianismo.

Ordenou a expulsão de todos os judeus envolvidos em atividades de usura e assim pôde confiscar as riquezas destes para financiar os seus projetos. No entanto não eliminou as dívidas dos cristãos.

Acredita-se que a sob solicitação de judeus convertidos ao cristianismo, e que afirmavam que o Talmud, Livro Sagrado dos Judeus,  continha injúrias contra Jesus e a Maria de Nazaré ordenou em 1242 a queima dos exemplares deste livro religioso em Paris.

Em 1254 ordenou a expulsão dos judeus não convertidos da França, apropriando-se dos seus bens. No entanto, não foi feito um controlo muito eficaz para fazer cumprir esta medida, pelo que muitos permaneceram nos locais em que viviam. Alguns anos depois o rei anularia este decreto em troca de um pagamento, em prata, da comunidade judaica ao tesouro real.

Em 1269, em aplicação de uma recomendação do Quarto Concílio de Latrão de 1215, Luís IX impôs a obrigatoriedade dos judeus usarem sinais para serem diferenciados do resto da população e ajudar a impedir os casamentos mistos. Os homens a “rouelle” ou estrela amarela ao peito, e para as mulheres um chapéu especial.

Com estas atitudes, Luís IX tentava cumprir o que se encarava ser o dever da França, chamada de "a filha mais velha da Igreja" (la fille aînée de l'Église), com uma tradição de protetora da Igreja desde os tempos dos francos e de Carlos Magno, que fora coroado pelo papa em Roma no ano de 800.

O monarca caiu gravemente enfermo em 1244 a ponto de alguns terem como certa sua morte. Foram realizadas vigílias, procissões e outros atos religiosos pela sua convalescença. O próprio , Luís IX fez então uma promessa: caso sobrevivesse, partiria em cruzada para libertar o “Santo Sepulcro”.

A 12 de junho de 1248 Luís armou-se com a oriflamme, estandarte de guerra capetiano, na basílica de Saint-Denis. Acompanhado da rainha Margarida da Provença, e dos seus irmãos Carlos de Anjou e Roberto I de Artois partiu para Lião, onde se encontrou com o papa Inocêncio IV, de quem recebeu a benção apostólica, e em seguida para Aigues-Mortes, onde o aguardavam as embarcações que deveriam conduzir os cruzados ao Egito. Desta forma a Sétima Cruzada iniciou-se a 25 de agosto de 1248.

Luís IX enfrentou uma peste uma tempestade que reduziu sua tropa a menos da metade. A cidade portuária de Damieta (atual Dimyat) foi a primeira a ser tomada, em 8 de junho de 1249.

O exército dirigiu-se então para Cairo, mas sofreu ataques incessantes do emir Fakhr el-Din. Devido às condições de higiene e uma alimentação inadequada [ carência grave de vitamina C na dieta], os soldados foram acometidos de escorbuto e infecção do trato gastrintestinal sendo a causa de óbitos forçando o monarca a bater em retirada. Um traidor difundiu o boato de que Luís IX se rendera. A maior parte dos soldados rendeu-se e foi aprisionada, tal como o monarca. 

Durante o seu cativeiro, o rei encarregou Margarida da Provença de conduzir a cruzada. Em maio os cruzados foram libertados sob um avultado resgate pago pela Ordem do Templo.

De 1250 a 1253  conduziu a diplomacia dos cristãos com os poderes islâmicos da Síria e do Egito.

Em 1253 Branca de Castela, rainha regente, mãe do monarca morre obrigando  Luís IX a voltar ao reino. Os cruzados chegaram à França a 19 de julho de 1254. O seu regresso foi acolhido com manifestações de afeição do papa Clemente IV e de Henrique III da Inglaterra.

O século XIII ficou para a história  da França como "o século de ouro de São Luís". A França, centro das artes e da vida intelectual graças, entre outras, à Sorbonne, atingia o seu apogeu também aos níveis econômico e político. Luís IX comandou o maior exército e governou o mais poderoso reino da Europa.

A fama de santidade de justiça de Luís IX estava já formada durante a sua vida, por esta razão ele era regularmente escolhido como magistrado dos desacordos entre os grandes do velho continente. O prestígio e o respeito na Europa por Luís IX seria mais devido a estas qualidades que pelo poderio militar. Para os seus contemporâneos, foi considerado o melhor exemplo de um príncipe cristão, primus inter pares (o primeiro entre iguais). A 4 de dezembro 1259, em Paris, assinou o tratado de Albeville com Henrique III da Inglaterra, acabando assim a primeira fase da Guerra dos Cem Anos entre os dois países.


Como os estados cruzados do Levante estavam sendo frequentemente atacados, Luís IX decidiu lançar uma Oitava Cruzada, para a qual se compareceram os seus filhos e Eduardo I da Inglaterra, além de numerosos príncipes e senhores. Em 4 de julho de 1270 partiram em direção a Túnis, porém outra grande tempestade dispersou as embarcações e impediu muitas outras de partir.

O objetivo de Luís IX era converter o sultão de Túnis ao cristianismo para, aliados, atacarem o sultão do Egito. No entanto, depois da rápida conquista de Cartago pelos cruzados, este não permitiu sequer o desembarque da armada europeia. Iniciou-se um confronto, com os franceses importunando vários pontos nevrálgicos dos inimigos e a própria capital. Como esta resistisse, decidiram dominá-la cortando os abastecimentos.

Mas as doenças da cidade atingiram também o exército francês. Luís IX viu morrer seu filho João Tristão, nascido durante o seu cativeiro no Egito, e pouco depois morreria ele mesmo, a 25 de agosto de 1270, precisamente 22 anos após a sua partida para a Sétima Cruzada. Tradicionalmente tem sido aceito que ele fora vitimado pela peste bubônica, mas estudos recentes indicam a sua morte por infecção do trato gastrintestinal.

O corpo de Luís IX foi colocado sobre um leito de cinzas, em sinal de humildade, e os braços em cruz, à imagem de Jesus Cristo. O segundo dos seus filhos varões, Filipe III de França, foi o seu sucessor no trono.

O caráter e a personalidade de Luís IX pode ser avaliado através de uma carta testamento de sua autoria ao seu filho, a qual reproduzimos a seguir:

“Meu querido filho , minha primeira instrução é que você  ame o Senhor seu Deus com todo o seu coração e toda  a sua força.
Sem isso não há salvação. Mantenha-se longe de tudo que Deus não goste ou seja de qualquer pecado mortal. Permita-se ser atormentado por todo e qualquer martírio antes de você  cometer um pecado mortal. Se Senhor permitir que você seja testado, aceite com gratitude e com força de vontade, considerando que está acontecendo para o seu bem e talvez você venha de merecer. Se o Senhor tirar de você qualquer tipo de prosperidade agradeça-O humildemente e cuide para que você não se torne pior por causa disso, ou por  vaidade ou orgulho  ou qualquer outra coisa, porque você não pode se opor a Deus e nem questiona-LO  nos seus presentes e dons.  
Seja bom de coração e bondoso aos pobres, desafortunados e os aflitos. Dê a eles a maior  ajuda que puder e os console se conseguir.
Agradeça a Deus por todos as graças e  benefícios  que Ele der a  você, e faça  valer a pena receber maiores graças e benefícios futuros.
Sempre fique do lado  dos pobres e não dos ricos até ter certeza da verdade.   
Seja devoto e obediente a nossa mãe a Igreja de Roma e ao Supremo Pontífice como seu  pai espiritual.
Concluindo queridíssimo filho, eu dou a você todas as bênçãos de um pai que ama pode dar a um filho.
E que a Santíssima Trindade e todos os santos protejam você  de todos os demônios. E possa o Senhor dar a você a graça de ser servido e honrado  através de você e que na próxima vida nós possamos, juntos, vê-LO, ama-LO e louva-LO sem cessar.
Amen”.

São Luís foi canonizado pela Igreja Católica, no ano de 1297, pelo papa Bonifácio VIII, 27 anos após o seu desencarne.

E no plano espiritual? O que tem feito? Quais as suas contribuições para a evolução do nosso planeta?

Bom... a literatura espirita tem apontado São Luís como o guia espiritual da França, a exemplo citamos um trecho da resposta de Divaldo Pereira Franco, publicada no livro Aprendendo com Divaldo. Entrevistas / Divaldo Pereira Franco: São Gonçalo, RJ: Organizado pela SEJA, Editora e Distribuidora de Livros Espíritas, 2002, p. 69-74:

“Começa o século XIX e é programada a chegada de Allan Kardec. O grande missionário vai reencarnar na França, porque a mensagem de que é portador deverá enfrentar o cepticismo das Academias na Cidade-Luz da Europa e do mundo e, naquele momento, Cristo havia designado que o Espiritismo nasceria na França, mas seria transplantado para um país onde não houvesse carmas coletivos, e esse país, por enquanto, seria o Brasil.

“São Luís [Luís IX], o guia espiritual da França, cedeu que a terra gaulesa recebesse Allan Kardec, mas “negociou” com Ismael, o guia espiritual do Brasil: “Já que a mensagem de libertação vai ser levada para a Terra do Cruzeiro, a França pede que muitos Espíritos atribulados da Revolução [Francesa] reencarnem no Brasil, pois, se reencarnarem aqui [França] impedirão o processo da paz”. E dois milhões de franceses vieram reencarnar no Brasil, para que, quando chegasse a mensagem espírita, culturalmente se identificassem com o chamado
método cartesiano de Allan Kardec.”

A citação acima nos chama atenção que São Luís [Luís IX], cooperou com Cristo no planejamento e implantação do Espiritismo – a mensagem de libertação na Terra.

Afirma a literatura especializada que uma obra literária poderá, didaticamente, ser dividida em três partes: introdução, desenvolvimento e conclusão. As últimas palavras são de especial importância. Allan Kardec é inspirado a questionar na última pergunta do Livro dos Espíritos (1019): O reino do bem poderá um dia realizar-se na Terra?

 

Com certeza, o Espirito de Verdade, escolheu merecidamente São Luís [Luís IX] para responder:
  
 “O bem reinará na Terra quando, entre os Espíritos que a vêm habitar, os bons superarem os maus. Então eles farão reinar o amor e a justiça, que são a fonte do bem e da felicidade. É pelo progresso moral e pela prática das leis de Deus que o homem atrairá para a Terra os bons Espíritos e afastará os maus. Mas os maus só a deixarão quando o homem tiver banido daqui o orgulho e o egoísmo.

“A transformação da Humanidade foi predita e chegais a esse momento em que todos os homens progressistas estão se apressando. Ela se realizará pela encarnação de Espíritos melhores, que constituirão sobre a Terra uma nova geração. Então os Espíritos dos maus, que a morte ceifa diariamente, e todos os que tendem a deter a marcha das coisas serão excluídos, porque estariam deslocados entre os homens de bem, cuja felicidade perturbariam. Irão para mundos novos, menos adiantados, cumprir missões penosas, nas quais poderão trabalhar pelo seu próprio adiantamento ao mesmo tempo que trabalharão para o adiantamento de seus irmãos ainda mais atrasados. Não vedes nessa exclusão da Terra transformada a sublime figura do Paraíso Perdido? E no homem que veio à Terra em condições semelhantes, trazendo em si os germes de suas paixões e os traços de sua inferioridade primitiva, a figura não menos sublime do pecado original ? Considerado dessa maneira, o pecado original se refere à natureza ainda imperfeita do homem que só é responsável por si mesmo e por suas próprias faltas, e não pelas dos seus pais.

“Vós todos, homens de fé e de boa vontade, trabalhai, portanto, com zelo e com coragem na grande obra da regeneração, porque colhereis centuplicado o grão que tiverdes semeado. Infelizes dos que fecham os olhos à luz, pois preparam para si mesmos longos séculos de trevas e de decepções. Infelizes dos que colocam todas as suas alegrias nos bens deste mundo, porque sofrerão mais privações que os gozos que tenham tido. Infelizes sobretudo dos egoístas, porque não encontrarão ninguém para os ajudar a carregar o fardo das suas misérias”. (São Luís.)

Várias outras respostas são atribuídas ao espírito São Luís.

Em O Evangelho Segundo o Espiritismo, ele responde a questões que se encontram no cap. IV, itens 24 e 25; cap. V, itens 28 a 31; cap. X, itens 19 a 21; cap. XIII, item 20; cap. XVI, item 15, bem assim derrama a sua sabedoria em vários itens de O Livro dos Médiuns, lecionando conceitos acerca do "Laboratório do Mundo Invisível" e "Das manifestações físicas espontâneas".

Bibliografia


Aprendendo com Divaldo. Entrevistas / Divaldo Pereira Franco: São Gonçalo, RJ: Organizado pela SEJA, Editora e Distribuidora de Livros Espíritas, 2002, p. 69-74.

Enciclopédia Mirador Internacional, vol. 13, verbete: Luís IX.

Enciclopédia Delta Universal, vol. 9, verbete: Luís IX.

KARDEC, Allan. O livro dos espíritos, Rio de Janeiro, 1974.

KARDEC, Allan. O livro dos médiuns, Rio de Janeiro, 1986.

KARDEC, Allan. O evangelho segundo o espiritismo, Rio de Janeiro, 1987.







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