De acordo com a tradição,
depois de Filipe I de França, os reis capetianos batizavam os seus primogénitos com o prenome do avô. Luís IX nasceu no castelo de
Poissy, a 30 quilómetros de Paris,
a 25 de abril de 1214 ou 1215. Foi o quinto filho de Luís VII de França e Branca de Castela, sendo o seu irmão
Filipe o herdeiro da coroa, porém em 1218, Filipe morreu, passando assim, a ser
o primeiro na linha sucessória ao trono.
O seu pai desempenhou um
papel importante na sua educação, unindo o zelo pela religião à bravura marcial que lhe valeu o
cognome de o Leão, subjugou os cátaros do sul da França, que era um movimento cristão, considerado herético pela Igreja
Católica.
Particularmente cuidadosos
da sua educação, os pais de Luís IX deram-lhe bons preceptores: Mateus II de
Montmorency, Guilherme des Barres, conde de Rochefort, e Clemente de Metz,
marechal da França, inspiraram-lhe os sentimentos de um rei cristianíssimo e
filho da Igreja.
Com a morte de Luís
VIII em 8 de novembro de 1226, Luís IX subiu ao trono aos 12 anos de idade. Foi
sagrado na catedral de Notre Dame de Reims por
Jacques de Bazoches, bispo e Soissons, em 30 de novembro do mesmo ano.
Por testamento de Luís VIII,
a mãe do jovem monarca, Branca de Castela,
assumiu a regência de França com o título de “baillistre”, guardião da tutela do rei. Bartolomeu de
Roy, o velho camareiro da corte
havia vinte anos, era o mais influente conselheiro do reino, pelo que se disse
na época que o poder passava assim “entre as mãos de uma criança, de uma
mulher e de um velho”.
Durante esse período, a
rainha mãe enfrentou as ambições
da Inglaterra e as pressões da
nobreza do reino, que desejavam
valer-se da pouca idade do soberano para retomar os direitos perdidos para os
monarcas do último século.
O reino entrou em um período
conturbado, com a revolta organizada por Filipe Hurepel, tio do jovem rei e
filho legitimado de Filipe Augusto, pela casa de Dreux e pelo duque Pedro Mauclerc da Bretanha. Depois de
sufocar a rebelião, a regente concluiu a conquista do Languedoc iniciada pelo seu esposo ao
comprometer o conde Raimundo VII de Toulouse, casando a filha deste, Joana, com
o seu filho Afonso. Acabava assim a Cruzada dos Albigenses.
Luís atingiu a maioridade a
25 de abril de 1234, mas
continuou a manter a mãe numa posição de confiança e poder. Por outro lado os historiadores costumam definir o ano da sua
maioridade como aquele em que Luís passou a governar mais tradicionalmente como
rei, relegando a mãe para um papel mais de conselheira, se bem que continuou a
ser uma poderosa força política até à sua morte em 1252.
Luís IX casou-se com
Margarida da Provença em 27 de maio de 1234, na catedral de Sens, pouco depois
de completar 20 anos. A esposa era a filha mais velha de Beatriz de Sabóia e do conde Raimundo Berengário IV da
Provença e de Forcalquier, e irmã de Leonor, esposa de Henrique III da
Inglaterra.
Na verdade com esta união
pretendia-se agregar este condado ao reino da França, uma vez que Raimundo
Berengário IV não tinha um herdeiro varão. Dizia-se que a graça e a natureza
haviam dotado a sua esposa de toda sorte de perfeições, e de fato foi bem
sucedida em prover a dinastia capetiana com herdeiros.
Luís IX também deu uma
atenção especial à educação de seus filhos, principalmente a religiosa,
ensinando-lhes orações, a necessidade de assistir à missa e de fazer penitência. Um fato que
merece ser registrado é que conta-se, por exemplo, que às sextas-feiras não permitia que os filhos usassem
qualquer ornamento na cabeça, por ter sido o dia da coroação de espinhos de
Jesus Cristo.
Luís IX a partir de 1241 parece tomar mais encargos para si no
governo do país. Fez do seu irmão Afonso conde de Poitiers a fim de obrigar a nobreza local a
lhe prestar homenagem. A rebelião de Hugo X de Lusignan permitiu-lhe
estabelecer a autoridade real em uma curta campanha, de 28 de abril de 1241 a 7
de abril de 1243, e o mesmo tempo aproveitou a situação de vantagem até Quercy (aproximadamente o atual departamento
de Lot) para expulsar da lá o rei Henrique III de Inglaterra, que decidira
romper a trégua de 1238.
Resolveu velhas desavenças
com Jaime I de Aragão assinando o
Tratado de Corbeil, pelo qual o rei francês renunciava a hipotéticos e caducos
direitos sobre Aragão, em troca da renúncia do monarca catalão-aragonês a direitos muito concretos sobre
vastos territórios no sul da França. Para selar este tratado, Luís casou a sua
filha Branca com o infante Fernando de La Cerda, príncipe herdeiro do reino de
Castela, e Jaime I de Aragão casou a sua filha Isabel com o príncipe francês, o futuro rei
Filipe III de França.
Designou inspetores gerais,
que eram considerados funcionários públicos, criou a comissão judicial da cúria
e instituiu uma comissão de fazenda e de inspeção de contas.
Proibiu aos juízes, oficiais
e outros emissários seus enviados às províncias para ali exercerem justiça durante algum tempo, de adquirir bens
e empregar os seus filhos. Nomeou, acima deles, juizes extraordinários para
examinar a conduta dos primeiros e rever os seus julgamentos, funcionando como
justiça de apelação. Para a pessoa do rei ficava reservado o papel de juiz supremo.
Segundo os historiadores, se
Luís IX entendia que os seus oficiais tivessem agido mal, impunha em primeiro
lugar uma severa penitência a si
mesmo, como culpado pelo excesso praticado pelos seus representantes, e em
seguida ministrava-lhes severa punição, obrigando-os a restituir o que haviam
tomado do povo, se fosse esse o caso, ou a reparar aqueles que haviam sido
condenados injustamente. Por outro lado, quando tomava conhecimento de que
haviam cumprido dignamente os seus deveres, recompensava-os regiamente e os
fazia ascender a funções mais honrosas.
Foi também o primeiro rei a
proibir duelos, anteriormente tolerados e por vezes ordenados a fim de se
conhecer o direito das partes.
Este reinado foi um período
de paz e prosperidade para a França, mas também de extravagante zelo religioso
e falta
de habilidade em reconhecer e respeitar diferenças em crenças e opiniões,
com a intenção de conduzir o povo francês à salvação da alma.
Luís IX não negligenciava o
cuidado com os pobres, proibiu o jogo e
a prostituição e punia a blasfémia. As punições estipuladas eram tão rigorosas
que o papa Clemente IV julgou ser
necessário atenuá-las.
A religiosidade deste rei
pode mais uma vez ser comprovada no fato da aquisição da coroa de espinhos e de
um fragmento da cruz, da crucificação do Messias – Jesus Cristo, em 1239-1241,
a Balduíno II, monarca de Constantinopla, por 135.000 libras. Para estas
relíquias mandou edificar a
capela gótica de Sainte-Chapelle em Paris, que curiosamente só custou 60.000
libras para construir. Sob este reinado foram também construídas as catedrais
de Amiens, Rouen, Beauvais, Auxerre e
Saint-Germain-em-Laye.
Aproveitamos a oportunidade para
lembrar que conforme os estudiosos, ao contrário do que se julga, comumente, a
Coroa de Espinhos de Jesus não tinha a forma de um diadema, mas a de um barrete
[espécie de touca], com 21 cm de diâmetro, cobrindo-Lhe
toda a cabeça. Foi feita de ramos de longos espinhos trançados. Depois de
colocá-la em Jesus, os algozes golpearam-na de modo a provocar grandes
ferimentos, como pode ser atestado pelas manchas de sangue no “Santo Sudário”.
A Coroa permaneceu na Basílica do Monte Sião, em Jerusalém, até 1053, quando foi levada para Constantinopla. Em 1238, o Imperador Balduíno II entregou-a - juntamente com a ponta da lança de Longinus - como penhor de empréstimo contraído com bancos de Veneza. De comum acordo com esse Imperador, Luís IX, Rei de França, resgatou a referida dívida e recebeu em seu país as duas preciosas relíquias, com todas as demonstrações de veneração. O próprio rei, a rainha-mãe, inúmeros prelados e príncipes foram encontrá-los perto da cidade de Sens. Luís IX e seu irmão, Roberto d'Artois, descalços, as levaram até a Catedral de Santo Estevão, nessa cidade.
Atualmente, a Coroa de Espinhos está nos Tesouros da Catedral de Notre Dame de Paris.
Na Europa do século XIII existia um extremo fervor religioso e é nesse contexto que
a aquisição das relíquias deve ser avaliada. Na verdade a posse destas contribuiu
muito para reforçar a posição central do rei da França na cristandade
ocidental, bem como para aumentar a fama de Paris, na época a maior cidade da
Europa ocidental. As cidades e os governantes competiam pela posse de relíquias
sagradas, Luís IX conseguiu colocar algumas das mais ambicionadas na sua
capital.
O monarca francês era zeloso
da sua missão de "lugar-tenente de Deus na Terra", da qual
fora investido na sua coroação em Reims. De forma a cumprir este dever
organizaria duas cruzadas e, apesar de ambas terem fracassado, contribuíram
para o seu prestígio. Os seus contemporâneos não teriam compreendido se um rei
tão poderoso e piedoso não fosse libertar a “Terra Santa”.
No século XIII era generalizada a aversão pelos
judeus por serem considerados
culpados pela morte de Cristo. A sua primeira cruzada perseguiria a comunidade
judaica. Tal como os seus antecessores, Luís IX tomou medidas discriminatórias
e de perseguição contra os judeus, também com a intenção de convertê-los ao cristianismo.
Ordenou a expulsão de todos os judeus envolvidos em atividades de
usura e assim pôde confiscar as riquezas destes para financiar os
seus projetos. No entanto não eliminou as dívidas dos cristãos.
Acredita-se que a sob solicitação de judeus convertidos ao
cristianismo, e que afirmavam que o Talmud, Livro
Sagrado dos Judeus, continha
injúrias contra Jesus e a Maria de Nazaré ordenou em 1242 a
queima dos exemplares deste livro religioso em Paris.
Em 1254 ordenou a
expulsão dos judeus não convertidos da França, apropriando-se dos seus bens. No
entanto, não foi feito um controlo muito eficaz para fazer cumprir esta medida,
pelo que muitos permaneceram nos locais em que viviam. Alguns anos depois o rei
anularia este decreto em troca de um pagamento, em prata, da comunidade judaica
ao tesouro real.
Em 1269, em aplicação de uma recomendação do Quarto Concílio de
Latrão de 1215, Luís IX impôs a obrigatoriedade dos judeus usarem sinais para
serem diferenciados do resto da população e ajudar a impedir os casamentos
mistos. Os homens a “rouelle” ou estrela amarela ao peito, e para as
mulheres um chapéu especial.
Com estas atitudes, Luís IX tentava
cumprir o que se encarava ser o dever da França, chamada de "a filha mais velha da
Igreja" (la fille
aînée de l'Église), com uma tradição de protetora da Igreja desde os tempos dos francos e de Carlos Magno, que fora coroado
pelo papa em Roma no ano de 800.
O monarca caiu gravemente
enfermo em 1244 a ponto de alguns terem como
certa sua morte. Foram realizadas vigílias, procissões e outros atos religiosos pela sua
convalescença. O próprio , Luís IX fez então uma promessa: caso sobrevivesse,
partiria em cruzada para libertar o “Santo Sepulcro”.
A 12 de junho de 1248 Luís armou-se com a oriflamme, estandarte de guerra
capetiano, na basílica de Saint-Denis. Acompanhado da rainha Margarida da
Provença, e dos seus irmãos Carlos de Anjou e Roberto I de Artois partiu para Lião, onde se encontrou com o papa
Inocêncio IV, de quem recebeu a benção apostólica, e em seguida para
Aigues-Mortes, onde o aguardavam as embarcações que deveriam conduzir os
cruzados ao Egito. Desta forma a Sétima Cruzada iniciou-se a 25 de agosto de 1248.
Luís IX enfrentou uma peste
uma tempestade que reduziu sua tropa a menos da metade. A cidade portuária de
Damieta (atual Dimyat) foi a primeira a ser tomada, em 8 de junho de 1249.
O exército dirigiu-se então
para Cairo, mas sofreu ataques incessantes do emir Fakhr el-Din. Devido às
condições de higiene e uma alimentação inadequada [ carência grave de vitamina
C na dieta], os soldados foram acometidos
de escorbuto e infecção do trato
gastrintestinal sendo a causa de óbitos forçando o monarca a bater
em retirada. Um traidor difundiu
o boato de que Luís IX se rendera. A maior parte dos soldados rendeu-se e foi
aprisionada, tal como o monarca.
Durante o seu cativeiro, o
rei encarregou Margarida da Provença de
conduzir a cruzada. Em maio os cruzados foram libertados sob um avultado
resgate pago pela Ordem do
Templo.
De 1250 a 1253 conduziu a diplomacia dos cristãos com os poderes islâmicos
da Síria e do Egito.
Em 1253 Branca de Castela,
rainha regente, mãe do monarca morre obrigando Luís IX a voltar ao reino. Os cruzados
chegaram à França a 19 de julho de 1254. O
seu regresso foi acolhido com manifestações de afeição do papa Clemente IV e de
Henrique III da Inglaterra.
O século XIII ficou para a história da França como
"o século de ouro de São Luís". A França, centro das artes e da vida intelectual graças, entre
outras, à Sorbonne, atingia o seu apogeu também aos níveis econômico e político. Luís IX comandou o maior
exército e governou o mais
poderoso reino da Europa.
A fama de santidade de
justiça de Luís IX estava já formada
durante a sua vida, por esta razão ele era regularmente escolhido como magistrado
dos desacordos entre os grandes do velho continente. O prestígio e o respeito
na Europa por Luís IX seria mais devido a estas qualidades que pelo poderio
militar. Para os seus contemporâneos, foi considerado o melhor exemplo de um
príncipe cristão, primus inter pares (o
primeiro entre iguais). A 4 de dezembro 1259, em Paris, assinou o tratado de
Albeville com Henrique III da
Inglaterra, acabando assim a primeira fase da Guerra dos Cem Anos entre os dois países.
Como os estados cruzados do Levante estavam sendo frequentemente atacados, Luís IX decidiu lançar uma
Oitava Cruzada, para a qual se compareceram os seus filhos e Eduardo I da
Inglaterra, além de numerosos príncipes e senhores. Em 4 de julho de 1270 partiram em direção a Túnis, porém outra grande tempestade dispersou as embarcações e impediu muitas
outras de partir.
O objetivo de Luís IX era
converter o sultão de Túnis ao cristianismo para,
aliados, atacarem o sultão do Egito. No entanto, depois da rápida conquista de
Cartago pelos cruzados, este não
permitiu sequer o desembarque da armada europeia. Iniciou-se um confronto, com
os franceses importunando vários pontos nevrálgicos dos inimigos e a própria
capital. Como esta resistisse, decidiram dominá-la cortando os abastecimentos.
Mas as doenças da cidade
atingiram também o exército francês. Luís IX viu morrer seu filho João Tristão,
nascido durante o seu cativeiro no Egito, e pouco depois morreria ele mesmo, a
25 de agosto de 1270, precisamente 22 anos após a sua partida para a Sétima Cruzada.
Tradicionalmente tem sido aceito que ele fora vitimado pela peste bubônica, mas
estudos recentes indicam a sua morte por infecção do trato gastrintestinal.
O corpo de Luís IX foi
colocado sobre um leito de cinzas, em sinal de humildade, e os braços em cruz,
à imagem de Jesus Cristo. O segundo dos seus filhos varões, Filipe III de
França, foi o seu sucessor no trono.
O caráter e a personalidade de Luís
IX pode ser avaliado através de uma carta testamento de sua autoria ao seu
filho, a qual reproduzimos a seguir:
“Meu querido filho ,
minha primeira instrução é que você ame o Senhor seu Deus com todo o
seu coração e toda a sua força.
Sem isso não há salvação.
Mantenha-se longe de tudo que Deus não goste ou seja de qualquer pecado mortal.
Permita-se ser atormentado por todo e qualquer martírio antes de
você cometer um pecado mortal. Se Senhor permitir que você seja
testado, aceite com gratitude e com força de vontade, considerando que está
acontecendo para o seu bem e talvez você venha de merecer. Se o Senhor tirar de
você qualquer tipo de prosperidade agradeça-O humildemente e cuide para que
você não se torne pior por causa disso, ou por vaidade ou orgulho ou
qualquer outra coisa, porque você não pode se opor a Deus e nem
questiona-LO nos seus presentes e dons.
Seja bom de coração e
bondoso aos pobres, desafortunados e os aflitos. Dê a eles a
maior ajuda que puder e os console se conseguir.
Agradeça a Deus por todos
as graças e benefícios que Ele der a você, e
faça valer a pena receber maiores graças e benefícios futuros.
Sempre fique do
lado dos pobres e não dos ricos até ter certeza da
verdade.
Seja devoto e obediente a
nossa mãe a Igreja de Roma e ao Supremo Pontífice como seu pai
espiritual.
Concluindo queridíssimo
filho, eu dou a você todas as bênçãos de um pai que ama pode dar a um filho.
E que a Santíssima
Trindade e todos os santos protejam você de todos os demônios. E
possa o Senhor dar a você a graça de ser servido e honrado através
de você e que na próxima vida nós possamos, juntos, vê-LO, ama-LO e louva-LO
sem cessar.
Amen”.
São
Luís foi canonizado pela Igreja Católica, no ano de 1297, pelo papa Bonifácio
VIII, 27 anos após o seu desencarne.
E
no plano espiritual? O que tem feito? Quais as suas contribuições para a
evolução do nosso planeta?
Bom...
a literatura espirita tem apontado São Luís como o guia espiritual da França, a
exemplo citamos um trecho da resposta de Divaldo Pereira Franco, publicada no livro Aprendendo com Divaldo. Entrevistas
/ Divaldo Pereira Franco: São Gonçalo, RJ: Organizado pela SEJA, Editora e
Distribuidora de Livros Espíritas, 2002, p. 69-74:
“Começa o século XIX e é programada a
chegada de Allan Kardec. O grande missionário vai reencarnar na França, porque
a mensagem de que é portador deverá enfrentar o cepticismo das Academias na
Cidade-Luz da Europa e do mundo e, naquele momento, Cristo havia designado que
o Espiritismo nasceria na França, mas seria transplantado para um país onde não
houvesse carmas coletivos, e esse país, por enquanto, seria o Brasil.
“São Luís [Luís IX], o guia espiritual da França, cedeu que a terra gaulesa recebesse Allan Kardec, mas “negociou” com Ismael, o guia espiritual do Brasil: “Já que a mensagem de libertação vai ser levada para a Terra do Cruzeiro, a França pede que muitos Espíritos atribulados da Revolução [Francesa] reencarnem no Brasil, pois, se reencarnarem aqui [França] impedirão o processo da paz”. E dois milhões de franceses vieram reencarnar no Brasil, para que, quando chegasse a mensagem espírita, culturalmente se identificassem com o chamado método cartesiano de Allan Kardec.”
A citação acima nos chama atenção que São
Luís [Luís IX], cooperou com Cristo no planejamento e implantação do
Espiritismo – a mensagem de libertação na Terra.
Afirma a literatura especializada que uma obra
literária poderá, didaticamente, ser dividida em três partes: introdução,
desenvolvimento e conclusão. As últimas palavras são de especial importância. Allan
Kardec é inspirado a questionar na última
pergunta do Livro dos Espíritos (1019): O reino do bem poderá um dia
realizar-se na Terra?
Com certeza, o Espirito de Verdade,
escolheu merecidamente São Luís [Luís IX] para responder:
“O bem reinará na Terra quando, entre os
Espíritos que a vêm habitar, os bons superarem os maus. Então eles farão reinar
o amor e a justiça, que são a fonte do bem e da felicidade. É pelo progresso
moral e pela prática das leis de Deus que o homem atrairá para a Terra os bons
Espíritos e afastará os maus. Mas os maus só a deixarão quando o homem tiver
banido daqui o orgulho e o egoísmo.
“A transformação da Humanidade foi predita e chegais a esse momento em que todos os homens progressistas estão se apressando. Ela se realizará pela encarnação de Espíritos melhores, que constituirão sobre a Terra uma nova geração. Então os Espíritos dos maus, que a morte ceifa diariamente, e todos os que tendem a deter a marcha das coisas serão excluídos, porque estariam deslocados entre os homens de bem, cuja felicidade perturbariam. Irão para mundos novos, menos adiantados, cumprir missões penosas, nas quais poderão trabalhar pelo seu próprio adiantamento ao mesmo tempo que trabalharão para o adiantamento de seus irmãos ainda mais atrasados. Não vedes nessa exclusão da Terra transformada a sublime figura do Paraíso Perdido? E no homem que veio à Terra em condições semelhantes, trazendo em si os germes de suas paixões e os traços de sua inferioridade primitiva, a figura não menos sublime do pecado original ? Considerado dessa maneira, o pecado original se refere à natureza ainda imperfeita do homem que só é responsável por si mesmo e por suas próprias faltas, e não pelas dos seus pais.
“Vós todos, homens de fé e de boa vontade, trabalhai, portanto, com zelo e com coragem na grande obra da regeneração, porque colhereis centuplicado o grão que tiverdes semeado. Infelizes dos que fecham os olhos à luz, pois preparam para si mesmos longos séculos de trevas e de decepções. Infelizes dos que colocam todas as suas alegrias nos bens deste mundo, porque sofrerão mais privações que os gozos que tenham tido. Infelizes sobretudo dos egoístas, porque não encontrarão ninguém para os ajudar a carregar o fardo das suas misérias”. (São Luís.)
Várias outras respostas são atribuídas ao espírito
São Luís.
Em
O Evangelho Segundo o Espiritismo, ele responde a questões que se encontram no
cap. IV, itens 24 e 25; cap. V, itens 28 a 31; cap. X, itens 19 a 21; cap.
XIII, item 20; cap. XVI, item 15, bem assim derrama a sua sabedoria em vários
itens de O Livro dos Médiuns, lecionando conceitos acerca do "Laboratório
do Mundo Invisível" e "Das manifestações físicas espontâneas".
Bibliografia
Aprendendo com Divaldo. Entrevistas / Divaldo Pereira Franco: São Gonçalo, RJ:
Organizado pela SEJA, Editora e Distribuidora de Livros Espíritas, 2002, p.
69-74.
Enciclopédia
Mirador Internacional, vol. 13, verbete: Luís IX.
Enciclopédia Delta Universal, vol. 9, verbete: Luís IX.
KARDEC, Allan. O livro dos espíritos, Rio de Janeiro, 1974.
KARDEC, Allan. O livro dos médiuns, Rio de Janeiro, 1986.
KARDEC, Allan. O evangelho segundo o espiritismo, Rio de Janeiro, 1987.
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