terça-feira, 18 de dezembro de 2012

A Palestina no tempo de Jesus ( II ) - Mar da Galileia


Em relação ao Lago Tiberíades, também conhecido como o Mar da Galileia, ou Mar de Tiberíades ou Lago de Genesaré era adorado pelos judeus, uma vez que ao seu redor a vegetação e a fertilidade da terra eram abundantes. Naquela época o Lago Tiberíades era a principal fonte de sustento para a região. Os historiadores chegam a afirmar que, naquele tempo, havia cinco mil barcos pescando a uma só vez. Desta forma prosperaram, em seu derredor, inúmeras cidades, inclusive de importância nos Evangelhos, como Betsaida, a nordeste do Lago de Genesaré, e Cafarnaum, Magdala e Tiberíades, 

Figura 01 – Lago de Genesaré
No entanto, lembramos que a Galileia era uma região mais pobre do que a Judeia, e que a população do local atravessava Grande parte da missão de Jesus transcorreu nas margens do Mar de Tiberíades. Havia uma faixa de povoações à volta do lago, muito comércio e transporte por barco. momentos difíceis.

Figura 02 – Jesus recrutou quatro dos seus apóstolos nas margens do lago de Genesaré
FONTE: http://comunidadeascensaodosenhor.blogspot.com.br/2011/01/3-domingo-comum-mt-4-12-23_22.html
Narra Marcos no capítulo 1 (14-20) que:
14 Depois de João ter sido preso, Jesus veio para a Galiléia. Pregava o Evangelho de Deus,
15 dizendo: “Completou-se o tempo , e o reino de Deus está próximo. Convertei-vos e crede no Evangelho”.
16 Enquanto caminhava ao longo do mar da Galiléia, Jesus viu Simão e André, seu irmão, lançando a rede ao mar, pois eram pescadores.
17 E Jesus lhes disse: “Vinde comigo, e eu farei de vós pescadores de gente”. 18 Deixando imediatamente as redes, eles o seguiram.
19 Indo um pouco mais adiante, viu Tiago filho de Zebedeu e João, seu irmão, consertando as redes no barco.
20 Ele os chamou. E eles deixaram o pai, Zebedeu O batismo, no barco com os empregados e partiram, seguindo Jesus.

Também, como Marcos, o Evangelho segundo Mateus (4:18-22) descreve como Jesus recrutou quatro dos seus apóstolos nas margens do lago de Genesaré: o pescador Pedro e seu irmão André, e os irmãos João e Tiago.

O livro “Quando Voltar a Primavera” é mais uma joia literária com que nos presenteia o Espírito Amélia Rodrigues através da mediunidade de Divaldo Franco. Por meio das imagens construídas em sua narrativa, passamos a conhecer ainda mais, e melhor, a Vida e a Obra de Jesus e dos Apóstolos, os costumes e tradições dos povos daquela época.

Na obra citada, no capitulo 3, Brandos e Pacíficos, a autora espiritual afirma que Jesus realizava atendimentos e pregações à margem do Mar de Tiberíades:
“A azáfama do dia cedera lugar a terna e suave tranquilidade. As atividades fatigantes alongaram-se até as primeiras horas da noite, que se recamara de astros alvinitentes. Os últimos corações atendidos, à margem do lago, após a formosa pregação do entardecer, demandaram os seus sítios facultando que eles, a seu turno, volvessem à casa de Simão”.

Dando seguimento, diz que após repasto simples, o Mestre voltou à praia em companhia do apóstolo afeiçoado. Percebe-se dessa forma que as margens do lago era também um local escolhido por Jesus para realizar reflexões, com certeza orações e conversação renovadora com os companheiros de jornada. Comprovando nossos apontamentos, Amélia assevera que Cristo percebeu que Simão estava tristonho e interrogou com amabilidade:
“- Que aflição tisna a serenidade da tua face, Simão, encobrindo-a com o véu de singular tristeza? [...]
- Cansaço, Senhor. Sinto-me muitas vezes descoroçoado, no ministério abraçado... Não fosse por ti [...]. É verdade que devemos perdoar todas as ofensas, no entanto, como suportar a agressividade que nos fere, quando pretende admoestar e que humilha, quando promete ajudar?
- Guardando a paz do coração - redarguiu o divino Benfeitor.
- Todavia - revidou o discípulo sensibilizado - como conservar a paz, estando sitiado pela hipocrisia de uns, pela suspeita pertinaz de outros, sob o olhar severo das pessoas que sabemos em pior situação do que a nossa?
- Mantendo a brandura no julgamento - respondeu o Senhor.
- Concordo que a mansuetude é medicamento eficaz - redargüiu Pedro -, não obstante, não seria de esperarmos que os companheiros afeiçoados à luz nova também a exercitassem por sua vez? Quando a dúvida sobre nossas atitudes parte de estranhos, quando a suspeição vem de fora da grei, quando a agressividade nos chega dos inimigos da fé, podemos manter a brandura e a paz íntimas. Entrementes, sofrer as dificuldades apresentadas por aqueles que nos dizem amar, tomando parte no banquete do Evangelho, convém consideremos ser muito mais difícil e grave o cometimento...
Percebendo a angústia que se apossara do servo querido, o Mestre, paciente e judicioso, explicou:
- Antes de esperarmos atitudes salutares do próximo, cabe-nos o dever de oferecê-las. Porque alguém seja enfermo pertinaz e recalcitrante no erro, impedindo que a luz renovadora do bem o penetre e sare, não nos podemos permitir o seu contágio danoso, nem nos é lícito cercear-lhe a oportunidade de buscar a saúde. Certamente, dói-nos mais a impiedade de julgamento que parte do amigo e fere mais a descortesia de quem nos é conhecido. Ignoramos, porém, o seu grau de padecimento interior e a sua situação tormentosa. Nem todos os que nos abraçam fazem-no por amor, bem o sabemos... Há os que, incapazes de amar, duvidam do amor do próximo; os que mantendo vida e atitudess dúbias descrêem da retidão alheia; os que tropeçando e tombando descuram de melhorar a estrada para os que vêm atrás... Necessário compreendê-los todos e amá-los, sem exigir que sejam melhores ou piores, convivendo sob o bombardeio do azedume deles sem nos tornar-nos displicentes para com os nossos deveres ou amargos em relação aos outros[...]”

Gandhi, o inesquecível líder hindu, afirmou certa vez que o Sermão da Montanha é a mais bela página da Humanidade e que por si só preservaria os patrimônios espirituais humanos, ainda que se perdessem os livros sagrados de todas as religiões. O Sermão teve lugar numa colina com vista para o Lago de Genesaré. O evangelista Mateus o registrou nos capítulos 5, 6 e 7 do seu Evangelho, no qual Jesus compôs, com a simplicidade da sabedoria autêntica e com a profundidade da verdade revelada, uma síntese das leis morais que regem a evolução humana.  

Segundo Santo Agostinho o Sermão do Monte ou Sermão da Montanha é a “Perfeita Regra ou Padrão da Vida Cristã”, não há duvidas é uma codificação dos ensinamentos de Jesus. Contém a cerne da chamada Boa Nova, que Jesus nos trouxe com o objetivo de tirar a humanidade da ignorância e facilitar o seu progresso moral.

O local tradicional para o Monte das Bem-aventuranças é na margem noroeste do Mar da Galileia, entre Cafarnaum e Genesaré (Ginosar). A localização real do Sermão da Montanha não é certo, mas o lugar atual (também conhecido como Monte Eremos) foi comemorado durante mais de 1600 anos. Outras localizações sugeridas incluíram o Monte Arbel, este fica muito perto.

Figura 03 – Monte Eremos
FONTE: http://prjoseiadrn.blogspot.com.br/2012/03/o-monte-das-bem-aventurancas-em-israel.html
O Sermão do Monte inicia-se, segundo o apostolo Mateus (cap 5), com “As Beatitudes” ou “Bem-aventuranças” (que significa boa sorte, bom destino):
1 Jesus, pois, vendo as multidões, subiu ao monte; e, tendo se assentado, aproximaram-se os seus discípulos,
2 e ele se pôs a ensiná-los, dizendo:
3 Bem-aventurados os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus.
4 Bem-aventurados os que choram, porque eles serão consolados.
5 Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra.
6 Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça porque eles serão fartos.
7 Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia.
8 Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus.
9 Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus.
10 Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus.
11 Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguiram e, mentindo, disserem todo mal contra vós por minha causa.

Desta forma, o Mar da Galileia fez parte do cenário onde Jesus nos ensinou a conquistarmos os valores espirituais e nos desapegarmos da matéria. Falou-nos das consolações que esperam aqueles que sofrem e não perdem a coragem diante das lutas da vida; da fé na Justiça Divina que dá a cada um segundo suas obras e da esperança por dias melhores.

O Rabi da Galileia ainda nos ensina a importância de nos tornarmos mansos, justos, misericordiosos, limpos de coração e pacificadores.

Dando seguimento ao Sermão afirma que somos o sal da Terra e a luz do mundo, que a nossa grandeza ou pequenez espiritual está na razão direta das nossas boas ou más ações, na qualidade dos exemplos que dermos aos nossos irmãos.

Ensina a nos reconciliarmos com nossos irmãos enquanto estamos com eles no caminho e a extrairmos dos nossos corações todo o mal que nele existe para não perdermos a oportunidade.
Ensina-nos a amarmos os nossos inimigos, a sermos como o Nosso Pai que está nos céus, que faz com que o sol se levante sobre os bons e maus e como a chuva que cai sobre os justos e injustos.

Conclama-nos enfim, a sermos perfeitos como é perfeito o nosso Pai.

A necessidade da prática da caridade não é esquecida, assim como a postura que devemos ter no ato da prece.

O Mestre finaliza afirmando que todo aquele que escuta as suas palavras e as pratica é semelhante ao homem criterioso que construiu sua casa sobre a rocha. Diante da solidez da edificação, mesmo com as chuvas que caíram, com a correnteza dos rios e o sopro dos ventos, a casa não ruiu.

Figura 04 – Espirito Amélia Rodrigues
       FONTE: http://manancialdeluz.blogspot.com.br/2010_05_01_archive.html
O Espirito Amélia Rodrigues, por  Divaldo Pereira Franco, realiza notas de extraordinária grandiosidade no livro “Até O Fim Dos Tempos”, na página 34 ela justifica porque Jesus escolheu a Galileia para iniciar sua Missão e refere-se ao Mar de Tiberíades, nos convidando ao recolhimento e apaziguando o nosso coração tão carente:
“Jesus era o Messias esperado, que começara na humilde Galiléia, onde os corações eram mais afetuosos e os afazeres mais cativos: a pesca, o pastoreio, a agricultura...sem espaços mentais para as celeumas intermináveis em torno da Lei, a respeito da governança ignóbil disputada pelo romano desdenhoso e pelo Sinédrio arbitrário, todos porém, esmagando o povo, de que se utilizavam para explorar e afligir...
Aquela região, fresca e romanesca, tinha o seu espelho líquido onde o Sol diariamente se banhava entre os perfumes que se evolavam dos rosais silvestres misturados com as madressilvas miúdas que enxameavam na relva verdejante.
Oliveiras antigas desenhavam arabescos variados nos troncos retorcidos, enquanto as ondas se arrebentavam incessantemente entre seixos e conchas espalhados sobre a areia de tonalidade creme.
À orla do lago Genesaré, também conhecido como mar  da Galiléia, as aldeias,
habitadas por gentes simples, se multiplicavam entre as cidades de maior porte
como Magdala, Dalmanuta, Cafarnaum... À noite, quando as lâmpadas de barro vermelho acendiam suas  luzes, o poema da Natureza  se apresentava em tonalidades bruxuleantes e festivas constratando com as estrelas alvinitentes que fulgiam no zimbório escuro e cheio de mistérios...
Naquelas regiões, entre as vozes humanas e as onomatopéias, o Cantor entoava o Seu hino à vida em poemas de inefável amor que arrebatava, enquanto Suas mãos cariciosas limpavam as rudes penas que explodiam em pústulas virulentas, que afligiam os infelizes que dele se acercavam. O Seu  querer alterava os acontecimentos e os fenômenos da misericórdia de Deus se tornava realidade, produzindo júbilo e encantamento.
Os anciãos, por quase todos desdenhados, sentiam-se apoiados no cajado da Sua palavra vigorosa; as crianças, bulhentas e pouco compreendidas, silenciavam enquanto eram atraídas pela luz dos Seus olhos, e os Espíritos perversos fugiam da Sua presença.
Mesmo aqueles que se haviam tornado Seus adversários, movidos pela inveja
doentia e pela perversidade em que se compraziam, ao enfrentarem-no receavam o Seu poder, ante o qual se sentiam amesquinhados.
E Ele falava a respeito do reino dos céus em uma dimensão a que não estavam acostumados aqueles que o buscavam”.

Figura 05 – Jesus andando sobre o mar
FONTE:: http://enfoquegospel.com/articulistas/janderson-nunes/nao-de-barco-mas-por-cima-das-aguas/

Um outro episódio que merece destaque, é narrado por Mateus no capítulo 14:
22 Logo em seguida obrigou os seus discípulos a entrar no barco, e passar adiante dele para o outro lado, enquanto ele despedia as multidões.
23 Tendo-as despedido, subiu ao monte para orar à parte. Ao anoitecer, estava ali sozinho.
24 Entrementes, o barco já estava a muitos estádios da terra, açoitado pelas ondas; porque o vento era contrário.
25 Â quarta vigília da noite, foi Jesus ter com eles, andando sobre o mar.
26 Os discípulos, porém, ao vê-lo andando sobre o mar, assustaram-se e disseram: É um fantasma. E gritaram de medo.
27 Jesus, porém, imediatamente lhes falou, dizendo: Tende ânimo; sou eu; não temais.
28 Respondeu-lhe Pedro: Senhor! se és tu, manda-me ir ter contigo sobre as águas.
29 Disse-lhe ele: Vem. Pedro, descendo do barco, e andando sobre as águas, foi ao encontro de Jesus.
30 Mas, sentindo o vento, teve medo; e, começando a submergir, clamou: Senhor, salva-me.
31 Imediatamente estendeu Jesus a mão, segurou-o, e disse-lhe: Homem de pouca fé, por que duvidaste?
32 E logo que subiram para o barco, o vento cessou.
33 Então os que estavam no barco adoraram-no, dizendo: Verdadeiramente tu és Filho de Deus.
34 Ora, terminada a travessia, chegaram à terra em Genezaré.
35 Quando os homens daquele lugar o reconheceram, mandaram por toda aquela circunvizinhança, e trouxeram-lhe todos os enfermos;
36 e rogaram-lhe que apenas os deixasse tocar a orla do seu manto; e todos os que a tocaram ficaram curados.

Este fato que cogita ensinar o poder da fé, pois até mesmo nas circunstâncias mais adversas, a fé é apropriada para atribuir o poder de Deus é também descrito por Mateus ( 8 : 23-27), João ( 6: 16=24) e Marcos ( 4 : 35-41).

O Espiritismo explica o fenômeno através da mediunidade de efeitos físicos que Jesus, claro era portador. Este tipo de mediunidade depende do ectoplasma (energia psíquica), para erguer pessoas e objetos. Entretanto há um aspecto interessante que merece enfoque. Pedro pede para ir até onde Jesus está e devido às ondas e o vento, se apavora e começa a afundar. Jesus estende-lhe a mão e o salva.

Esta é uma mensagem de esperança e consolo. Quando atravessamos momentos doloridos da vida, perdemos a fé, a confiança em nós mesmos, e começamos a afundar. Neste momento surge alguém superior a nós, e estende-nos a mão, impedindo o nosso naufrágio no mar revolto da vida.

Figura 06 – Jesus acalma a tempestade
FONTE:: http://bibliotecabiblica.blogspot.com.br/2010/01/jesus-acalma-tempestade.html
Conta Lucas que:
22 Ora, aconteceu certo dia que entrou num barco com seus discípulos, e disse-lhes: Passemos à outra margem do lago. E partiram.
23 Enquanto navegavam, ele adormeceu; e desceu uma tempestade de vento sobre o lago; e o barco se enchia de água, de sorte que perigavam.
24 Chegando-se a ele, o despertaram, dizendo: Mestre, Mestre, estamos perecendo. E ele, levantando-se, repreendeu o vento e a fúria da água; e cessaram, e fez-se bonança.
25 Então lhes perguntou: Onde está a vossa fé? Eles, atemorizados, admiraram-se, dizendo uns aos outros: Quem, pois, é este, que até aos ventos e à água manda, e lhe obedecem?
O mar da Galileia fica a cerca de 213 metros abaixo do nível do mar Mediterrâneo. O local goza de clima semitropical, e o ar quente ali produzido, ao chocar-se com o ar frio, proveniente dos montes próximos, com frequência provoca tempestades violentas, o que é comprovado nos Evangelhos. Desta forma percebemos que os temporais, no lago da Galileia, eram inesperados e intensos, devido às condições atmosféricas e à configuração geográfica.

Encarnados em um planeta de provas e expiações também nos encontramos à mercê de temporais. Sem a proteção de Deus, todos nós estaríamos perdidos, tanto física quanto espiritualmente. Porém é possível dormir em meio à tempestade. Notemos que Jesus dormia. Ele esta na condição de um ser humano.

Os discípulos correram: “Como podes dormir assim, deixando-nos perecer?!” Foi apenas natural um grito desses, em uma emergência daquelas, mas seus clamores poderiam ter sido governados pela fé, e não pela dúvida amarga.

A palavra dita por Jesus produziu calmaria instantânea. Sua voz ainda pode ser ouvida por aqueles que escutam. Nenhuma força, até hoje, pode perturbar ou causar destruição, quando a alma dá ouvidos à Sua voz, e lhe obedece. A palavra de Jesus é suficiente para acalmar o mar agitado da nossa vida.

O livro "Após a Tempestade" dá-nos uma ideia bastante clara e lúcida, dos momentos que a humanidade vive atualmente. Diz-nos Joanna, abnegada mentora do médium Divaldo Franco e Espírito membro da falange dedicada ao processo educacional da alma humana, que “somente o amor, conforme ensinou e viveu o Cristo resolverá os magnos e angustiantes tormentos humanos”.

Figura 07 – Multiplicação dos pães e dos peixinhos
FONTE:: http://teresinianos.blogspot.com.br/2011/07/multiplicacao-dos-paes-xviii-dom-com.html
Mais uma vez o Mar da Galileia é testemunha de mais um feito do Mestre Jesus, é o que nos conta João no capítulo 6:
1 Depois disto partiu Jesus para o outro lado do mar da Galiléia, que é o de Tiberíades.
2 E grande multidão o seguia, porque via os sinais que operava sobre os enfermos.
3 E Jesus subiu ao monte, e assentou-se ali com os seus discípulos.
4 E a páscoa, a festa dos judeus, estava próxima.
5 Então Jesus, levantando os olhos, e vendo que uma grande multidão vinha ter com ele, disse a Filipe: Onde compraremos pão, para estes comerem? 
6 Mas dizia isto para o experimentar; porque ele bem sabia o que havia de fazer.
7 Filipe respondeu-lhe: Duzentos dinheiros de pão não lhes bastarão, para que cada um deles tome um pouco.
8 E um dos seus discípulos, André, irmão de Simão Pedro, disse-lhe:
9 Está aqui um rapaz que tem cinco pães de cevada e dois peixinhos; mas que é isto para tantos?
10 E disse Jesus: Mandai assentar os homens. E havia muita relva naquele lugar. Assentaram-se, pois, os homens em número de quase cinco mil.
11 E Jesus tomou os pães e, havendo dado graças, repartiu-os pelos discípulos, e os discípulos pelos que estavam assentados; e igualmente também dos peixes, quanto eles queriam.
12 E, quando estavam saciados, disse aos seus discípulos: Recolhei os pedaços que sobejaram, para que nada se perca. 
13 Recolheram-nos, pois, e encheram doze alcofas de pedaços dos cinco pães de cevada, que sobejaram aos que haviam comido.
14 Vendo, pois, aqueles homens o milagre que Jesus tinha feito, diziam: Este é verdadeiramente o profeta que devia vir ao mundo.

Mateus (14:13-21), Marcos (6:30-34) e Lucas 9:10-17 também citam a multiplicação dos pães e peixinhos. Como espíritas não acreditamos em milagres, mas também não somos descrentes, por isso vamos analisar alguns ângulos.

Em primeiro lugar concordamos com alguns estudiosos, que consideram excesso da admiração dos apóstolos afixar o número dos que foram alimentados em 5.000 homens, fora as mulheres e as crianças. É verdadeiramente um exagero, se considerarmos que as aldeias teriam poucas centenas de habitantes, seria necessário esvaziar inúmeras aldeias e não se chegaria ao número citado.

Alguns autores explicam o ocorrido através do fenômeno mediúnico do "transporte". Ou seja, os espíritos transportam objetos de fora para dentro de uma sala, mesmo com as portas fechadas. Há, também, o fenômeno de materialização. O objeto transportado se materializa no local. Estes confrades defendem que os espíritos subordinados a Jesus poderiam transportar os pães e peixinhos fritos até o local. No entanto naquela época o pão era feito pela dona de casa para o consumo de uma semana ou eram vendidos em pequenos estabelecimentos. Com certeza se os pães fossem transportados certamente os proprietários sofreriam grande prejuízo, assim como as famílias, que ficariam sem o pão da semana.

Uma outra explicação seria ponderar que os espíritos assistentes do Mestre, utilizaram a matéria disseminada no espaço e materializassem os pães e peixinhos. Não há duvida que Jesus tivesse condições de fazer ou mandar fazer em grande escala.

Por outro lado alguns estudiosos da Doutrina Espirita defendem que muitas pessoas teriam levado lanches e estavam escondendo só para si. Com as palavras de amor e fraternidade de Jesus, e o gesto humilde do rapazinho que entregou os seus pães e peixinhos fritos, todos dividiram com todos, o que traziam. Podemos assim afirmar que houve o milagre da fraternidade, da solidariedade.

Metaforicamente podemos aceitar que o pão do espírito, a Boa Nova ensinada pelo Mestre, alimenta multidões, e ainda sobra muita coisa, não terminando nunca.

Podemos concluir meditando sobre a letra de um poema, ditado pelo Espirito Meimei a Francisco Cândido Xavier:

“Desejava, Jesus,
Ter um grande armazém
De bondade constante
Maior do que os maiores que conheço
Para entregar sem preço
As criaturas de qualquer idade
As encomendas de felicidade
Sem perguntar a quem.

Eu desejava ter um braço mágico
Que afagasse os doentes
Sem qualquer distinção
E um lar onde coubesse
Todas as criancinhas
Para que não sentissem solidão.
Desejava, Senhor,
Todo um parque de amor
Com flores que cantassem,
Embalando os pequeninos
Que se encontram no leito
Sem poderem sair,
E uma loja de esperança
Para todas as mães.

Eu queria ter comigo
Uma estrela em cuja luz
Nunca pudesse ver
Os defeitos do próximo
E dispor de uma fonte cristalina
De água suave e doce
Que pudesse apagar
Toda palavra que não fosse
Vida e felicidade.

Eu queria plantar
Um jardim de união
Junto de cada moradia
Para que as criaturas se inspirassem
No perfume da paz e da alegria.

Eu queria, Jesus,
Ter os teus olhos
Retratados nos meus
A fim de achar nos outros,
Nos outros que me cercam,
Filhos de Deus
E meus irmãos que devo compreender e respeitar.

Desejava, Senhor, que a bênção do Natal
Estivesse entre nós, dia por dia,
E queria ter sido
Uma gota de orvalho
Na noite em que nasceste
A refletir,
Na pequenez de minha condição,
A luz que vinha da canção Entoada nos Céus:
 - “Glória a Deus nas Alturas,
Paz na Terra, Boa Vontade em tudo,
Agora e para sempre!...”


Leitura consultada e recomendada:

A Bíblia Sagrada. Tradução de João Ferreira de Almeida. Edição Familiar: Difusão Cultural do Livro

AQUINHO, Rubim Santos Leão de. História das sociedades – das comunidades primitivas às sociedades medievais. 1.ed. 8.reimpressão. Rio de Janeiro, RJ: Editora ao Livro Técnico, 1993

BLAINEY, Geoffrey. Uma breve história do mundo.[versão brasileira da editora].2.ed. São Paulo, SP: Editora Fundamento Educacional, 2008

FRANCO, Divaldo Pereira. Após a tempestade. Pelo Espírito Joanna de Ângelis. 6 Salvador: LEAL, 1974.

FRANCO, Divaldo Pereira. Até O Fim Dos Tempos. Pelo Espírito Amélia Rodrigues. Salvador: LEAL, 2000..

FRANCO, Divaldo Pereira. Brandos e pacíficos. In:___. Quando voltar a primavera. Pelo espírito Amélia Rodrigues. 5. ed. Salvador: LEAL, 1994. cap. 3.
FRANCO, Divaldo Pereira. Há flores no caminho. Pelo Espírito Amélia Rodrigues.6.ed. Salvador, BA: LEAL Editora, 2002

FRANCO, Divaldo Pereira. Pelos caminhos de Jesus. Pelo Espírito Amélia Rodrigues. 6.ed. Salvador, BA: LEAL Editora, 2002
FRANCO, Divaldo Pereira. Pena de morte. In.:___. Após a tempestade. Pelo espírito Joanna de Ângelis. Salvador:LEAL, 1974.

FRANCO, Divaldo Pereira. Primícias do Reino. Pelo Espírito Amélia Rodrigues. 11.ed. Salvador, BA: LEAL Editora, 2008

FRANCO, Divaldo Pereira. Sou Eu – a paixão de Cristo na visão Espírita. 

FRANCO, Divaldo Pereira. Um encontro com Jesus. Compilado por Délcio Carlos Carvalho. 1.ed. Salvador, BA: LEAL Editora, 2007

JAGUARIBE, Helio. Um estudo crítico da história – volume I.  Tradução de Sergio Bath. 1.ed. São Paulo, SP: Paz e Terra, 2001

RENAN, Ernest. Vida de Jesus  Tradução de Eliana Maria de A. Martins. 1.ed. São Paulo, SP: Editora Martin Claret, 2004

VERMES, Geza. Quem é quem na época de Jesus. Tradução de Alexandre Martins. Revisão técnica de Marcos de Castro. 1.ed. Rio de Janeiro, RJ: Record, 2008


Sites consultados:













Um comentário:

  1. Parabéns pelo blog. Há entretanto um grande erro que precisa ser corrigido: estes locais ficam em Israel de fato, não Palestina. Estive, por exemplo, no Mar da Galileia, em Israel hoje - e também em Israel na época de Jesus. Independente de posições partidárias, temos, como educadores, um compromisso com a informação correta. No território palestino encontra-se somente Belém.

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