Como sabemos, a implantação do sistema
escravagista em nosso País coincidiu praticamente com a chegada de Pedro
Álvares Cabral às terras brasileiras.
Dr. Bezerra de Menezes escreveu um
trabalho titulado “A escravidão no Brasil e as medidas que convém tomar para
extingui-la sem danos para a nação”. Nessa belíssima obra, Bezerra descreveu a
situação do homem da raça negra no ano de 1869 nas nossas terras. Afirmou que o
escravo era considerado uma coisa e para quem o possuía, ele não era mais que
uma propriedade, bens da fortuna, dos quais o branco procurava tirar todo o
proveito, todo o lucro possível.
Figura 01 – Escravidão no Brasil - 1888
Afirmou que a educação desse
“simulacro” [reprodução imperfeita] de gente, limitava-se a algum ofício
mecânico, que o tornava mais rendoso a seu senhor e que o modo desumano de
criar, de educar e de tratar o escravo, não produzia somente o mal horrendo do
embrutecimento e da degradação moral de uma raça humana; mas também os maiores
e os mais invencíveis perigos que futuramente iriam ameaçar a paz e a
felicidade das famílias.
Dando seguimento a sua narrativa, assegurou
que o escravo embrutecido pela educação que recebia e pela vida que levava, não
conhecia a honra. Desta condição sub-humana, resultou a prostituição, com todo
o cortejo de vícios humanos, sendo esta, a condição da mulher escrava.
Afiançou que o ódio e o desejo
ardente, insaciável de vingança, era o sentimento mais forte do coração do
negro para com a raça branca em geral, e para com seu senhor em particular.
No dia 13 de maio de 1869, dezenove
anos antes da decretação da Lei Áurea, o confrade Antônio da Silva Neto,
pioneiro do Espiritismo no Brasil, publicou o folheto “A coroa e a emancipação
do elemento servil”, focalizando um tema que Allan Kardec havia verificado no O
Livro dos Espíritos, na questão 829.
Pesquisou Kardec: – Haverá homens que
estejam, por natureza, destinados a ser propriedades de outros homens?
Os Espíritos lhe responderam: “É contrária
à lei de Deus toda sujeição absoluta de um homem a outro homem. A escravidão é
um abuso da força. Desaparece com o progresso, como gradativamente
desaparecerão todos os abusos.”
Allan Kardec, em brilhante ensaio, que
é a questão 222, do O Livro dos Espíritos, defende, com argumentação indiscutível,
o imperativo da reencarnação sob a ótica da justiça e da misericórdia de Deus.
É um trabalho monumental, até hoje não contestado por filósofo ou teólogo
algum.
Segundo Kardec a doutrina
reencarnacionista é a única que não é racista, pois demonstra que Deus não
seria justo se criasse um Espírito imortal dentro de uma raça. Todos os
Espíritos pertencem a uma única raça, à raça divina, porque somos filhos de
Deus.
Na resposta da questão 273, do O Livro
dos Espíritos, observamos:” Um senhor, que tenha sido de grande crueldade para
os seus escravos, poderá, por sua vez, tornar-se escravo e sofrer os maus
tratos que infligiu a seus semelhantes. Um, que em certa época exerceu o mando,
pode, em nova existência, ter que obedecer aos que se curvaram ante a sua
vontade. Ser-lhe-á isso uma expiação, que Deus lhe imponha, se ele abusou do
seu poder. Também um bom Espírito pode querer encarnar no seio daquelas raças,
ocupando posição influente, para fazê-las progredir. Em tal caso, desempenha
uma missão.”
Analisado o cap. V do livro “Brasil,
Coração do Mundo, Pátria do Evangelho”, de autoria de Humberto de Campos,
psicografado pelo médium Francisco Cândido Xavier, cujo prefácio é de Emmanuel,
Espírito que participou da codificação, citamos:
“– Ismael (disse Jesus ao
protetor espiritual do Brasil), asserena teu mundo íntimo
no cumprimento dos sagrados deveres que te foram confiados. Bem sabes
que os homens têm a sua responsabilidade pessoal nos feitos que
realizam em suas existências isoladas e coletivas. Mas, se não podemos
tolher-lhes aí a liberdade, também não podemos esquecer que existe o instituto
imortal da justiça divina, onde cada qual receberá de conformidade com
os seus atos.
“Havia eu determinado que a Terra do
Cruzeiro se povoasse de raças humildes do planeta, buscando-se a colaboração
dos povos sofredores das regiões africanas; todavia, para que essa
cooperação fosse efetivada sem o atrito das armas, aproximei Portugal daquelas raças
sofredoras, sem violências de qualquer natureza. A colaboração africana
deveria, pois, verificar-se sem abalos perniciosos, no capítulo das minhas
amorosas determinações.
“O homem branco da Europa, entretanto,
está prejudicado por uma educação espiritual condenável e deficiente. Desejando
entregar-se ao prazer fictício dos sentidos, procura eximir-se aos
trabalhos pesados da agricultura, alegando o pretexto dos climas considerados
perniciosos. Eles terão a liberdade de humilhar os seus irmãos, em face da
grande lei do arbítrio independente, embora limitado, instituído por Deus para
reger a vida de todas as criaturas, dentro dos sagrados imperativos da
responsabilidade individual; mas, os que praticarem o nefando comércio
sofrerão, igualmente, o mesmo martírio, nos dias do futuro, quando forem
também vendidos e flagelados em identidade de circunstâncias.
“Na sua sede nociva de gozo, os homens
brancos ainda não perceberam que a evolução se processa pela prática do bem e
que todo o determinismo de Nosso Pai deve assinalar-se
pelo ‘amai o próximo como a vós mesmos’.
“Ignoram voluntariamente que o mal
gera outros males com um largo cortejo de sofrimentos. Contudo, através dessas
linhas tortuosas, impostas pela vontade livre das criaturas humanas, operarei com
a minha misericórdia. Colocarei a minha luz sobre essas sombras, amenizando tão
dolorosas crueldades. Prossegue com as tuas renúncias em favor do Evangelho e
confia na vitória da Providência Divina.”
Depois de registrar em seu
livro a fala acima transcrita, Humberto de Campos (Espírito) descreveu as
sucessivas provações que se abateram sobre Portugal e sua gente, que desse modo
expiavam a dor imposta aos africanos escravizados, e por fim observou:
“Os filhos da África foram humilhados
e abatidos, no solo onde floresciam as suas bênçãos renovadoras e
santificantes; o Senhor, porém, lhes sustentou o coração oprimido, iluminando o
calvário dos seus indizíveis padecimentos com a lâmpada suave do seu
inesgotável amor. Através das linhas tortuosas dos homens, realizou Jesus os
seus grandes e benditos objetivos, porque os negros das costas africanas foram
uma das pedras angulares do monumento evangélico do Coração do Mundo. Sobre os
seus ombros flagelados, carrearam-se quase todos os elementos materiais para a
organização física do Brasil e, do manancial de humildade de seus corações
resignados e tristes, nasceram lições comovedoras, imunizando todos os
espíritos contra os excessos do imperialismo e do orgulho injustificáveis das
outras nações do planeta, dotando-se a alma brasileira dos mais belos
sentimentos de fraternidade, de ternura e de perdão.”
Quando da abolição da
escravatura no Brasil, fazia apenas 31 anos que
o Espiritismo havia surgido na França.
Muitos autores consideram que a escravidão
no Brasil, a maior aberração de que se tem notícia neste planeta. Um ser humano
ser propriedade de outro ser humano. Nenhum crime, por mais bárbaro que seja, é
tão vergonhoso à condição humana quanto a escravização do seu semelhante.
Oficialmente, havia pouco mais de 700
mil escravos na data da abolição. Em poucos anos, mais da metade deles
havia morrido. Acostumados ao trabalho nas fazendas, em sua maioria, foram se
aventurar nas cidades, sem ter recursos ou paradeiro. Muitos caíram no
alcoolismo, na criminalidade, na mendicância. Tiveram início as primeiras
favelas. Milhares de idosos e crianças ficaram abruptamente sem proteção, sem
cuidado, sem nada. As sequelas dessa época duram até hoje.
O Brasil foi construído a braço negro.
Somos um país de bases negras. Somos um país onde durante séculos o trabalho
era considerado ofensivo aos brancos dominantes.
Para Divaldo Franco o Brasil é um país
que não tem carmas coletivos. Nossos dois grandes carmas são a escravidão negra
e a Guerra do Paraguai. A escravidão negra foi condenada pela Princesa Isabel e
era uma herança portuguesa. A Guerra do Paraguai foi uma reação à intolerância
do governante paraguaio quando mandou aprisionar um navio brasileiro. Mas, para
ele o nosso país resgatou essa dívida moral com o Paraguai através da Usina de
Itaipu, que abriu grandes possibilidades para a pátria irmã.
Desta forma finalizamos afirmando que o
Brasil é um país que se destina, pelo fato de não ter grandes carmas, a ser
doador de diretrizes e exemplos de dignificação humana. A nossa miscigenação produziu
um povo afável, generoso e que não guarda ressentimentos.
esse Divaldo Franco me perdoe mas devia estudar mais Historia e parar de viver numa "bolha " achando q tudo é lindo, puro, maravilhoso! quanta hipocrisia! essa princesa Isabel do assinou a Lei Áurea por pressão da Inglaterra que nao queria mais o tráfico negreiro por interesses não humanitários mas econômicos! se dependesse da monarquia teria escravidão até hoje! e o que os negros ganharam c isso?? nada!!!! foram jogados no mundo ap deus- dará sem quaisquer recursos , livres mas desempregados, miseráveis, sem educação, sem condições dignas de vida! e por isso não é coincidência que hj a maior parte da população miserável, carente, favelas e carcerária do país sena negra, descendente desses mesmos africanos que, escravos ou livres, nunca deixatam de estar acorrebrafos á uma situação de abandono e humilhação. esse Divaldo Franco é um míope em termos de História! o Brasil tem um carma sim, E os seus efeitos podem ser vistos todos os dias nas ruas!
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