sábado, 17 de novembro de 2012

François de Salignac de la Mothe (Fénelon)


Sacerdote, escritor, orador, filósofo, teólogo e pedagogo francês nascido a 6 de agosto de 1651 no Château (Castelo) de Fénelon, em Périgord, hoje Dordogne, precursor dos grandes pensadores franceses do século XVIII. De descendência nobre, mas de pequeno patrimônio, estudou teologia no seminário de Saint-Sulpice, em Paris, onde foi ordenado (1676). Fénelon é o seu nome literário.

Assumiu a direção das Nouvelles Catholiques, instituição em que eram educadas as jovens protestantes convertidas ao catolicismo, realizou aí sua primeira experiência pedagógica importante, que relatou no Traité de l'éducation des filles (1687). Como gostava de fazer polêmica, sendo assim “polemista” por natureza, nessa obra criticou métodos pedagógicos da época e ressaltou a conveniência de preparar a mulher para o papel de futura esposa e mãe. 

O citado tratado da educação das jovens, obra dedicada às filhas do duque de Beauvillier, lhe valeu a nomeação (1689) como preceptor de Dauphin, o duque de Bourgogne, neto de Luís XIV, para quem escreveu várias obras educativas. Nos tempos de preceptor aderiu à prática do quietismo, doutrina pregada por Molinos, que propugnava a espiritualidade e a passividade total ante a busca do divino, o que o levou a um confronto com o poderoso bispo Jacques-Bénigne Bossuet. Nomeado aos 44 anos arcebispo da diocese de Cambrai (1695) publicou Explication des maximes des saints sur la vie intérieure (1697), livro em que defendia as teses de Mme. Guyon, estrela do movimento quietista, e que foi condenado pelo papa Clemente XI. 

A partir da publicação de sua obra Explicação das máximas dos santos, em 1697, passam a declinar as graças oficiais. Dois anos mais tarde, a Santa Sé condena a obra e ele é privado de seus títulos e pensões.

Luís XIV descobre críticas a seu governo no romance pedagógico de Fénelon “As aventuras de Telêmaco”, no ano de 1699, fato que muito desagradou o rei. Mesmo no exílio de sua diocese, ele não para de publicar. E no período de 1700 a 1712 publica Fábulas e Diálogos dos mortos, este último escrito para o duque de Bourgogne.

Deixa transparecer suas esperanças de uma reforma política em “O exame de consciência de um rei”, enquanto seu apego à Antiguidade clássica transparece em Cartas sobre as ocupações da Academia francesa.

Adversário político do absolutismo e conhecido por suas atitudes contestatórias que por vezes chocar-se com as autoridades eclesiásticas e com os donos do poder político na França do século XVII, nos últimos anos de vida, dedicou-se à análise literária e à exposição de suas ideias sobre a literatura e morreu em Cambrai em 7 de janeiro de 1715.

Fénelon é um vulto importante na Codificação, uma vez que foram várias as suas contribuições. Pode-se citar:
Em “O livro dos espíritos”, onde assina Prolegômenos, junto a São João Evangelista, Santo Agostinho, São Vicente, Sócrates, Platão, Franklin, Swedenborg e uma plêiade de luminares espirituais. É de sua especial responsabilidade a resposta à questão de nº 917.

Em “O evangelho segundo o espiritismo” apresenta-se em vários momentos, discursando acerca da terceira revelação e da revolução moral do homem (cap. I, 10); o homem de bem e os tormentos voluntários (cap. V, 22,23; a lei de amor (cap. XI, 9); o ódio (cap. XII, 10) e emprego da riqueza (cap. XVI, 13).

Em “O livro dos médiuns” figura no capítulo das Dissertações Espíritas (cap. XXXI, 2ª parte, itens XXI e XXII) desenvolvendo aspectos acerca de reuniões espíritas e a multiplicidade dos grupos espíritas.

Vale a pena lembrar que as citações acima são os que o espírito assina seu nome, devendo se considerar que devem, como os demais responsáveis espirituais pela Codificação ter estado presente em muitos outros momentos, dando seu especial contributo, eis que foi convidado pelo Espírito de Verdade a compor sua equipe, em tão nobre iniciativa.

Concluindo essas anotações lembrando a resposta de Fénelon (Espirito) a Allan Kardec, quando ele lhe questiona: Qual o meio de destruir-se o egoísmo?

“De todas as imperfeições humanas, o egoísmo é a mais difícil de desenraizar-se porque deriva da influência da matéria, influência de que o homem, ainda muito próximo de sua origem, não pôde libertar-se e para cujo entretenimento tudo concorre: suas leis, sua organização social, sua educação. O egoísmo se enfraquecerá à proporção que a vida moral for predominante sobre a vida material e, sobretudo, com a compreensão, que o Espiritismo vos faculta, do vosso estado futuro, real e não desfigurado por ficções alegóricas. Quando, bem compreendido, se houver identificado com os costumes e as crenças, o Espiritismo transformará os hábitos, os usos, as relações sociais. O egoísmo assenta na importância da personalidade. Ora, o Espiritismo, bem compreendido, repito, mostra as coisas de tão alto que o sentimento da personalidade desaparece, de certo modo, diante da imensidade. Destruindo essa importância, ou, pelo menos, reduzindo-a às suas legítimas proporções, ele necessariamente combate o egoísmo.

“O choque, que o homem experimenta, do egoísmo os outros é o que muitas vezes o faz egoísta, por sentir a necessidade de colocar-se na defensiva. Notando que os outros pensam em si próprios e não nele, ei-lo levado a ocupar-se consigo, mais do que com os outros. Sirva de base às instituições sociais, às relações legais de povo a povo e de homem a homem o princípio da caridade e da fraternidade e cada um pensará menos na sua pessoa, assim veja que outros nela pensam. Todos experimentarão a influência moralizadora do exemplo e do contacto. Em face do atual extravasamento de egoísmo, grande virtude é verdadeiramente necessária, para que alguém renuncie à sua personalidade em proveito dos outros, que, de ordinário, absolutamente lhe não agradecem. Principalmente para os que possuem essa virtude, é que o reino dos céus se acha aberto. A esses, sobretudo, é que está reservada a felicidade dos eleitos, pois em verdade vos digo que, no dia da justiça, será posto de lado e sofrerá pelo abandono, em que se há de ver, todo aquele que em si somente houver pensado.”

FÉNELON
O livro dos espíritos, questão 917




2 comentários:

  1. Eis um nome ao qual devemos muito e sobre o qual precisamos pesquisar mais!
    Por: Francisco Muniz (no facebook)

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  2. Então começo: Este é o nome literário do prelado e escritor francês que nasceu no Castelo de Fénelon, em Périgord, em 06.08.1651. Ordenou-se sacerdote em 1675 dirigindo uma instituição que objetivava reeducar jovens protestantes convertidas ao catolicismo. Desencarnou em 07.01.1715, em Cambrai. Encarnado escreveu "Tratado da educação das jovens", "Explicação das máximas dos Santos", "AS aventuras de Telêmaco", Fábulas e diálogos dos mortos", "O exame de consciência de um rei" entre outros. Figura na Codificação, em vários momentos. LE (Prolegômenos), LM (Dissertações espíritas) e, ESE (vários capítulos, vale assinalar "A Lei de Amor", "O ódio" e o "Emprego da riqueza". Mais registros biobliográficos consultar o livro "Expoentes da Codificação Espírita" da Federação Espírita do Paraná - FEP 2002, organizado por Maria helena Marcon, infelizmente o acesso tem de ser solicitado à FEP para aquisição. Espero ter, como Joilson Nunes, nosso maestro, ter provocado para debate. Gracinha, obrigado pela oportunidade e seja benvinda!!!!
    Por: João Fernando Gouveia - Salvador/Ba (facebook)

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