Ernest Renan (Vida de Jesus) afirma que Judas era filho de Simão, procedente
da cidade de Cariote ou Kerioth, "cidade do extremo sul da tribo de Judá,
a uma jornada além do Hebron."
Em Cafarnaum, Judas, comumente
denominado, Judas Iscariotes, o que equivale a dizer, Judas, de Kerioth, sua
localidade de nascimento, se consagrava ao pequeno comércio, vendendo peixes e
quinquilharias.
Entendia de contabilidade, e se
transformou no tesoureiro do grupo. Era quem cuidava da bolsa das ofertas. Quem
lhe analise a personalidade, o qualifica como culto, eloqüente e polido. Também
alegre e um homem realizado.
Destacam-se nele, igualmente,
qualidades como discrição e sensatez. Com certeza, um homem prático. Sua cabeça
era de um comerciante. Seu negócio era adquirir, revender e contar os lucros.
O Espírito Amélia Rodrigues, através
da mediunidade de Divaldo Franco (Há flores no Caminho), descreve o Apostolo
como “Imediatista, considerava as pessoas e ocorrências através da óptica
distorcida da realidade, pelo valor relativo, amoedado, social, transitório,
não real. (...)".
Divaldo Franco descrevendo a
personalidade de Judas diz que ele tinha ambição, fascinação pelas riquezas, preocupações
com a vida material e que ele não conseguiu apreender o sentido da missão do
Grande Amigo.
Para Judas, o carpinteiro de Nazaré
era o Messias, aguardado há séculos por Israel, sofrida e à época, escrava da
águia romana dominadora. O poder de Jesus, Seus discursos, Sua inteligência e
Seus milagres o fascinavam.
No Evangelho de João, capitulo 12,
encontra-se uma referência à desonestidade de Judas:
João 12:1 Veio, pois, Jesus seis dias
antes da páscoa, a Betânia, onde estava Lázaro, a quem ele ressuscitara dentre
os mortos.
João 12:2 Deram-lhe ali uma ceia; Marta
servia, e Lázaro era um dos que estavam à mesa com ele.
João 12:3 Então Maria, tomando uma libra
de bálsamo de nardo puro, de grande preço, ungiu os pés de Jesus, e os enxugou
com os seus cabelos; e encheu-se a casa do cheiro do bálsamo.
João 12:4 Mas Judas Iscariotes, um dos
seus discípulos, aquele que o havia de trair disse:
João 12:5 Por que não se vendeu este
bálsamo por trezentos denários e não se deu aos pobres?
João 12:6 Ora, ele disse isto, não porque tivesse cuidado dos pobres, mas porque
era ladrão e, tendo a bolsa, subtraía o que nela se lançava.
João 12:7 Respondeu, pois Jesus: Deixa-a;
para o dia da minha preparação para a sepultura o guardou;
João 12:8 porque os pobres sempre os
tendes convosco; mas a mim nem sempre me tendes.
Segundo as lições espirituais de Irmão
X, psicografado por Chico Xavier (Boa Nova) Jesus teria advertido Judas, ao início do
apostolado: "...Judas, a bolsa é pequenina; contudo, permita Deus que
nunca sucumbas ao seu peso!"
A nobreza de Jesus, foi constada por
Judas durante o tempo que O seguiu, desta forma passou a alimentar a idéia de
que, dia chegará em que Jesus assumirá o poder, liderando uma grande revolução,
esmagando Roma. Não conseguira entender que a maior revolução que o doce Rabi
propunha era contra o inimigo interior.
Após
a triunfal entrada de Jesus em Jerusalém, Judas imaginou que aquele era o melhor
momento do Rabi iniciasse o Seu Reino.
Matéria publicada pela
Federação Espírita do Paraná, no Jornal Mundo Espírita (abril/2004) registra
que no “entanto,
sequer sorrira Jesus, nem retribuíra com acenos ou um inflamado discurso à
extraordinária recepção, que o povo lhe oferecia. Aquela maré humana entrou por
um dos grandes portais da muralha do Templo e se derramou para o interior da extensa
área do átrio dos gentios, ao átrio do povo e dos sacerdotes”.
Dando seguimento a descrição afirma
que “quem ouvisse os brados de Hosana ao Filho de Davi! Hosana! acorria para
ver quem seria a personagem que assim estaria sendo ovacionada. Quem seria alvo
de tão deslumbrante manifestação?”
Os fariseus ficaram indignados e aumentando
o ódio contra o Galileu. Os sacerdotes temeram perder o cargo e seus
privilégios. Estabelecia, ali, a urgência da sentença de morte do Galileu –
Jesus de Nazaré.
Judas aguardava que Jesus tomasse uma
atitude, mas Ele simplesmente, como era de hábito, se retira da cidade, ao
anoitecer e se dirige a Betânia, para passar a noite.
Era evidente o descontentamento de
Judas. Sob seu ponto de vista, Jesus não sabe aproveitar as oportunidades, nem
se preocupa em conquistar a atenção dos homens mais altamente colocados na
vida.
Gozando da amizade de políticos
influentes em Jerusalém, Judas decide propor um acordo para apressar o triunfo
do Messias. Arquiteta entregá-lO aos homens do poder temporal, "em troca
de sua nomeação oficial para dirigir a atividade dos companheiros. Teria
autoridade e privilégios políticos. Satisfaria às suas ambições, aparentemente
justas, com o fim de organizar a vitória cristã no seio de seu povo.
Irmão X, em Boa nova, no capitulo 5,
esclarece que era intenção de Judas depois de atingir o alto cargo com que
contava, libertar “Jesus e lhe dirigiria os dons espirituais, de modo a
utilizá-los para a conversão de seus amigos e protetores prestigiosos."
Quando a alvorada se fez, o discípulo
imprevidente se dirigiu ao Sinédrio.
O Sanhedrin ou Sinédrio (pronuncia-se Sanredrin) é o nome
dado à associação de 23 juízes que a Lei judaica ordena existir em cada cidade.
Esperou horas, mas muitas promessas
lhe foram feitas. Guardou as 30 moedas, nem mesmo sabia porquê. Afinal, logo
mais, ele teria as rédeas do movimento renovador. Era uma quantia pequena para
o que idealizava. Nada além do preço de um escravo: trinta moedas de prata.
Com um beijo entrega o Amigo a quem
amava, sem O compreender. Aterrorizado, viu seu Mestre ser conduzido à cruz,
sem nenhum lamento, sem nenhuma queixa.
Caifás era o Sumo
Sacerdote judaico, apontado pelos romanos para o cargo.
Dando-se conta do equívoco, busca
Caifás, reclamando o cumprimento do acordo. Somente recebe dele e dos demais
membros do Sinédrio sorrisos de sarcasmo. Recorre às suas relações de amizade e
teve que reconhecer a fragilidade das promessas humanas.
De longe, Judas contemplou as cenas
humilhantes e angustiosas do drama do Gólgota. O remorso o abraça,
dilacerando-lhe a consciência.
Um pensamento o toma. Sem amigos,
traidor vil que entrega o Amigo querido, da forma mais ignominiosa, ele somente
pensa em desertar da vida. Naquele momento, não se recordou das exortações
acerca da prece, da comunhão com o Pai, do perdão lecionado tantas vezes pelo
Nazareno.
Ele somente escuta a voz tenebrosa de
seu tremendo remorso e, dirigindo-se à rampa do vale de Hinom, compõe o laço em
torno do pescoço e se deixa pender, vencido pela dor, ingressando no mundo
espiritual, atormentado e sofredor.
Conta-se que, tendo devolvido aos
sacerdotes o dinheiro vil, entenderam eles que aquele era "preço de sangue"
e não seria lícito retorná-lo aos cofres do Templo. Assim, adquiriram um campo
para servir de cemitério a estrangeiros e peregrinos que morressem em
Jerusalém. O local ficou conhecido como "campo de sangue" e, segundo
alguns, Judas teria sido o primeiro a ser ali sepultado.
Judas
concede ao Espirito Humberto de Campos uma entrevista, a qual é descrita no
livro Crônicas de Além-Túmulo, psicografado por Chico Xavier, no cap. 05, Judas
Escariotes, em 19 de abril de 1935.
Na
citada entrevista Humberto de Campos questiona:
-
É uma verdade tudo quanto reza o Novo Testamento com respeito à sua
personalidade na tragédia da condenação de Jesus?
Judas
então responde:
-
Em parte... Os escribas que redigiram os evangelhos não atenderam às
circunstâncias e às tricas políticas que acima dos meus atos predominaram na
nefanda crucificação. Pôncio Pilatos e o tetrarca da Galiléia, além dos seus
interesses individuais na questão, tinham ainda a seu cargo salvaguardar os
interesses do Estado romano, empenhado em satisfazer as aspirações religiosas
dos anciãos judeus. Sempre a mesma história. O Sanedrim desejava o reino do céu
pelejando por Jeová, a ferro e fogo; Roma queria o reino da Terra.
Jesus
estava entre essas forças antagônicas com a sua pureza imaculada. Ora, eu era
um dos apaixonados pelas idéias socialistas do Mestre, porém o meu excessivo
zelo pela doutrina me fez sacrificar o seu fundador. Acima dos corações, eu via
a política, única arma com a qual poderia triunfar e Jesus não obteria nenhuma
vitória. Com as suas teorias nunca poderia conquistar as rédeas do poder já
que, no seu manto de pobre, se sentia possuído de um santo horror à
propriedade. Planejei então uma revolta surda como se projeta hoje em dia na
Terra a queda de um chefe de Estado. O Mestre passaria a um plano secundário e
eu arranjaria colaboradores para uma obra vasta e enérgica como a que fez mais
tarde Constantino Primeiro, o Grande, depois de vencer Maxêncio às portas de
Roma, o que aliás apenas serviu para desvirtuar o Cristianismo. Entregando,
pois, o Mestre, a Caifás, não julguei que as coisas atingissem um fim tão
lamentável e, ralado de remorsos, presumi que o suicídio era a única maneira de
me redimir aos seus olhos.
Dando
seguimento a entrevista Humberto de Campos pergunta:
- E
chegou a salvar-se pelo arrependimento?
-
Não. Não consegui. O remorso é uma força preliminar para os trabalhos
reparadores. Depois da minha morte trágica submergi-me em séculos de sofrimento
expiatório da minha falta. Sofri horrores nas perseguições infligidas em Roma
aos adeptos da doutrina de Jesus e as minhas provas culminaram em uma fogueira
inquisitorial, onde imitando o Mestre, fui traído, vendido e usurpado. Vítima
da felonia e da traição deixei na Terra os derradeiros
resquícios
do meu crime, na Europa do século XV. Desde esse dia, em que me entreguei por
amor do Cristo a todos os tormentos e infâmias que me aviltavam, com resignação
e piedade pelos meus verdugos, fechei o ciclo das minhas dolorosas
reencarnações na Terra, sentido na fronte o ósculo de perdão da minha própria
consciência...
Asseverou Divaldo Pereira Franco, no Seminário
“Em busca da Saúde e da Paz”, em 19 de janeiro de 2008, realizado na Creche Amélia Rodrigues e o
Centro Espírita Bezerra de Menezes (Sto. André - SP), que o amor de Jesus é incomparável. Afirmou
que Ele desceu ao “inferno” (plano
inferior) para resgatar Judas. Este (Judas) reencarnou doze vezes, num período
de 1.200 anos para se redimir. Como Joana d’Arc alcança sua redenção, retomando
a sua condição de apóstolo de Jesus.
Segundo Denis, Léon (Joana D’Arc
Médium. Editora Feb, Brasília, 2008) Joana d’Arc, nasceu na vila
de Domrémy-la-Pucelle (na França) no dia 6 de janeiro de 1412.
Dando seguimento a sua narrativa afiança que esta jovem
destemida trilhou uma árdua jornada para propiciar a libertação da França e a
coroação do delfim Carlos. Sua infância foi marcada pelo trabalho junto aos pais lavradores;
cuidava do rebanho no Vale do Mosa e tecia a lã ao lado da mãe.
Além disso, estava sempre pronta para socorrer os
necessitados. Seu conhecimento era o das realidades espirituais, pois da esfera
intelectual ela nada sabia, uma vez que era analfabeta. Não deixava, portanto,
de discorrer brilhantemente diante de seus acusadores.
Joana sempre foi muito religiosa,
cultivando uma devoção especial por São Miguel, Santa Catarina e Santa
Margarida, dos quais passaria a ouvir suas vozes, a partir dos 13 anos.
A França conquista seu primeiro
triunfo em maio de 1429, restando a Joana propiciar a coroação do delfim, o que
ocorre em julho de 1429, na Catedral de Notre-Dame de Reims. A inquieta Joana,
porém, continua a seguir a orientação de suas vozes e, assim, vai para Paris,
mas infelizmente fracassa, é presa, trancada na Fortaleza de Beaulieu, e depois
conduzida para o Castelo de Beaurevoir.
Os borguinhões, aliados da Inglaterra,
negociam a virgem guerreira com os ingleses, obtendo em troca 10 mil libras.
Ela é então julgada neste reino, em 1430, sob a acusação de bruxaria, heresia,
entre outros crimes de natureza religiosa. Presa durante seis meses, ao longo
dos quais foi exaustivamente interrogada, ela foi queimada na fogueira da
Inquisição, quando tinha ainda 19 anos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário