segunda-feira, 22 de abril de 2013

O Sistema Nervoso e o Intercâmbio Mediúnico


A mediunidade é um bálsamo para as aflições humanas do corpo e da alma, iluminando as consciências e apontando o caminho seguro da paz e da plenitude do amor.

Para Herculano Pires intercâmbio mediúnico é o momento em que o Espírito comunicante e o médium se fundem na unidade psico-afetiva da comunicação. (4)

A Ciência Espírita nos informa que o complexo humano é composto de Espírito, perispírito e corpo físico, e que o intercâmbio mediúnico é a interação da mente com repercussão na estrutura física: o cérebro. 

Figura 01 – Sistema Nervoso Humano
FONTE: http://www.teliga.net/2010/08/generalidades-do-sistema-nervoso-humano.html


Estudos desenvolvidos por autores desencarnados e encarnados identificaram que o intercâmbio mediúnico de dá graças à existência do perispírito, mediador plasmático entre o Espírito e o corpo físico, com suas qualidades, que são catalogadas como propriedades.

A princípio, a mente espiritual, desejosa de comunicar-se, direciona os estímulos energéticos (fluídicos), através dos centros de força, para o períspirito do médium. Essas vibrações fluídicas poderão ser elevadas ou inferiores, a depender do grau evolutivo do Espírito comunicante. Estando o perispírito do medianeiro impregnado por essas vibrações, e sendo o médium adestrado, ele será capaz de identificar se as intenções do Espírito são boas ou más.

Outro ponto importante para ser abordado é a questão da sintonia, definida como a ligação da mente do Espírito comunicante com a mente do médium. Nessa fase de ligação mental mais íntima, a glândula pineal representa papel relevante, filtrando e decodificando as vibrações mentais e energéticas oriundas do Espirito comunicante, as quais serão captadas e processadas pelas células nervosas da base do cérebro - tálamo e hipotálamo (Figura 02). (1)

Figura 02 – Tálamo e Hipotálamo
                                        FONTE: http://www.brasilescola.com/biologia/estruturas-encefalo-suas-funcoes.htm

Observamos que, nessa fase, a mensagem encontra-se no cérebro físico do médium, e é por essa razão que ele poderá selecionar e criticá-la, sem, no entanto, modificar a essência da mensagem. Podemos afirmar que as ideias são “ajustadas” pelas inserções anímicas do médium. Assim, já é tempo de acabar com o “fantasma” do animismo. Aqui nos lembramos do psiquiatra, e pesquisador baiano, Jorge Andréia, que nos adverte que as mais perfeitas e ajustadas mensagens sempre mostram o “selo” da máquina por onde foram operadas. (1)

Em O Livro dos Médiuns, Kardec nos ensina que todos os fenômenos de efeitos inteligentes são exteriorizados através do cérebro do médium. Sendo assim, é importante entender o seu funcionamento. Ora, se nosso objetivo é compreender como o cérebro e demais estruturas nervosas captam, processam a mensagem e formulam a resposta, é necessário, então, fazermos algumas ponderações. Vejamos:

a) O que é o córtex cerebral?

Podemos entender como a substância cinzenta que recobre a superfície dos hemisférios cerebrais, exceto na região médio-inferior, por onde passam o corpo caloso e os pedúnculos cerebrais. O córtex cerebral caracteriza-se pela presença de sulcos e fissuras que o dividem nos lobos frontal, temporal, parietal e occipital (Figura 03). (4)

A região frontal está ligada às funções superiores – conhecimento, motricidade e expressão verbal. O lobo occipital comanda a visão, enquanto o lobo temporal se encarrega da audição e da memória.

Figura 03 – Córtex Cerebral
                                                 
        FONTE: http://www.infoescola.com/anatomia-humana/lobos-cerebrais/

b) E o pensamento? Existe alguma estrutura no cérebro, alguma área com essa função específica -  pensar?

Não. Compreende-se o pensamento como resultante da atividade cortical cerebral como um todo. Assim, percebemos que é no córtex cerebral onde se origina a atividade motora, voluntária e consciente. Nabor Orlando Facure (2) afirma que a atividade cerebral, para se expressar conscientemente, estabelece uma interação entre o córtex cerebral, o tálamo, a substância reticular do tronco cerebral e o diencéfalo, onde se situa o centro da nossa consciência.

Para compreender o conceito exposto por Facure é indispensável questionar:

c) E o tálamo? Qual é a sua contribuição nesse processo?

O tálamo, que se localiza um de cada lado do diencéfalo, é o selecionador das recepções sensitivas. É uma grande massa de substância cinzenta que processa a maior parte das informações aferentes que se destinam aos hemisférios cerebrais (Figura 04). (4)

Figura 04 – Tálamo
FONTE: http://www.guia.heu.nom.br/sistema_limbico.htm


d) E o hipotálamo?

Este se localiza próximo à glândula hipófise (Figura 04) e exerce o controle primário das funções autônomas; por exemplo, o controle da temperatura. Quando o médium precisa perder calor, o hipotálamo determina uma dilatação dos vasos sanguíneos, aumentando a quantidade de suor e aumentando a frequência respiratória.

A ação do hipotálamo no sistema nervoso simpático explica a ereção dos pelos durante o intercâmbio mediúnico. É também desta forma que se explica à produção de saliva, dilatação das pupilas, inibição da motilidade do estômago e dilatação dos brônquios.

Outro ponto importante é a adrenalina, tão necessária no processo mediúnico. Ela é secretada também a partir do hipotálamo. Não podemos esquecer que essa estrutura regula a hipófise anterior e coordena o funcionamento do sistema endócrino. O hipotálamo é a principal estrutura responsável pela manutenção do equilíbrio do meio interno.

Essa função depende, por um lado, do controle exercido sobre a secreção endócrina e sobre o sistema neurovegetativo e, por outro lado, da participação na regulação de emoções e de alguns comportamentos relacionados ao meio externo. (4)

Diante do exposto, questionamos:

e) Como se processa o intercâmbio mediúnico?

A mensagem do Espírito comunicante (os estímulos energéticos/fluídicos) passa para o perispírito do médium, através dos centros de força, e assim chega aos plexos nervosos, ou seja, no corpo físico. É então captada pelos órgãos dos sentidos, os quais direcionam os estímulos ao córtex cerebral frontal.

A seguir, a mensagem percorre todo o córtex, em um processo conhecido como “varredura”, produzindo então um estado alterado da consciência – o transe mediúnico.


Figura 05 – Transe Mediúnico
FONTE: http://lucianodudu1974.blogspot.com.br/2010/08/como-era-transe-mediunico-de-chico.html

Quando o processamento da mensagem do Espírito comunicante exige o acesso a memórias relacionadas a pessoas, melodias e fatos há então o envolvimento do hipocampo, que fica localizado no assoalho inferior do ventrículo lateral do cérebro (Figura 06).

Figura 06 – Hipocampo
FONTE: http://idosos.com.br/memoria-lembrancas-em-sonhos-perfumados/

 Por outro lado, quando há a necessidade do conhecimento de línguas, para a decodificação da mensagem, as estruturas do hipocampo e do córtex entorinal são acionadas (Figura 07).

Figura 07 – Hipocampo e Córtex Entorinal


Muitas vezes, para a compreensão da mensagem, se faz necessária a memória de atos instintivos, havendo então o envolvimento do corpo estriado (Figura 08) e o cerebelo - centro de memória extracerebral (Figura 09).






Figura 08 – Corpo Estriado


Figura 09 – Cerebelo
FONTE: http://oencefalohumano.blogspot.com.br/2010/12/bulbo-cerebelo-e-hipotalamo.html



É dessa forma que as informações emitidas pelo Espírito comunicante são captadas e decodificadas. É fundamental que o médium, nesse momento, tome uma decisão, ou seja, dê uma resposta. As decisões (respostas) são tomadas no córtex frontal, no mesmo local de recepção da mensagem, no cérebro.

A resposta, no entanto, pode ser de dois tipos: intelectual (ou racional) e emocional (ou afetiva). Porém, nesse momento há o envolvimento do sistema endócrino.

No campo da passividade mediúnica surge uma outra indagação:

f) Quais as estruturas do sistema nervoso que são envolvidas durante a psicofonia?

Figura 10 – Psicofonia
Os estímulos fluídicos, através do centro laríngeo, atingem o córtex cerebral. André Luiz nos revela que as emoções vivenciadas pelos medianeiros, principalmente ao transmitirem as ideias dos Espíritos sofredores, se dão graças à implicação do tálamo. Por outro lado, o hipotálamo proporciona ao médium a sensação de calor ou frio, fome ou sede. (6, 7)

O envolvimento do cérebro e do sistema nervoso parassimpático emprestará ao médium a sensação de tonturas, agitação motora, desarmonia de movimentos e zumbidos auditivos.

g) Quais as áreas envolvidas na psicografia?

Figura 11 – Psicografia


Como na psicografia há a necessidade de coordenação motora, para possibilitar a escrita, é necessário, assim, o envolvimento de todo o cérebro, sobretudo do córtex, nos lobos frontais, e do cerebelo.

h) E no processo da vidência e audiência? Como se processa? Nesses casos, o mesmo pode ser observado?

Não! Na vidência, é necessário o envolvimento dos sistemas simpático e parassimpático, sobre os centros nervosos ópticos e sobre o cerebelo. Na audiência, os centros da audição são atingidos.

José Ferraz lembra que o fenômeno mediúnico com qualidade depende de fatores mentais, emocionais e físicos. O ilustre confrade também se refere ao Espírito Manoel Philomeno de Miranda, que nos afirma que o fenômeno mediúnico é complexo e envolve ainda inúmeros detalhes alheios ao conhecimento humano. (3)

Concluímos nossos humildes apontamentos rogando ao Pai sabedoria, coragem, dedicação e amor, pois ainda nos falta muito para melhor servirmos na Causa do Cristo.

Referências Bibliograficas

1.ANDRÉA, Jorge. Psiquismo: Fonte da Vida. Sobradinho, DF: EDICEL. 1995.  
          CAP. 14, P. 122-123.
2.FACURE, Nabor Orlando, Revista Internacional de Espiritismo, Agosto de
           2001.
3.FERRAZ, José. Presença Espirita, Março / Abril de 2003. Ano XXIX, nº 235,
           p. 20-22.
4.NITRINI, Ricardo e BACHESCHI, Luiz A. A neurologia que todo médico deve
           saber, São Paulo: MALTESE, 1991.
5.PIRES, Herculano. Mediunidade. São Paulo, SP. PAIDÉIA, 1986, Cap. 5, p.
            37. O Aro Mediúnico.
6.XAVIER, Francisco C. No Mundo Maior. Pelo Espírito André Luiz. 19 ed. Rio
            [de Janeiro]: FEB, 1994, cap. 4, p. 60-62.
7._________________ . Nos Domínios da Mediunidade. Pelo Espírito André Luiz. 24 ed, Rio [de Janeiro]: FEB, 1997, cap. 5 e 6, p. 55-74.


Sites consultados:

















segunda-feira, 4 de março de 2013

Cesaréia de Filipe: Jesus revela a Pedro a sua missão


Cesaréia de Filipe era assim chamada para distingui-la da Cesaréia, porto do mar. Na época de Jesus estava localizada ao pé do monte Hermon, onde a fonte mais oriental do rio Jordão surge como um riacho resplandecente, saindo de uma gruta na base de um grande precipício, e prosseguindo para unir-se a outras fontes do rio Jordão. Foi Herodes Felipe que a construiu.

Figura 01 – Cesaréia de Filipe
FONTE: http://prjoseiadrn.blogspot.com.br/2011/08/arqueologia-da-cidade-de-cesareia-de.html

Devido ao fato de estar bem irrigado, o local tinha uma grande variedade de árvores, de vinhedos e arbustos floridos, e era um dos lugares mais famosos da toda a Palestina.

Os hebreus lutaram em várias épocas contra a adoração do “deus” Baal. Nos tempo do Antigo Testamento, a cidade tinha um altar dedicado a Baal, e mais tarde os gregos construíram um altar a Pã, o “deus” da natureza, a cidade era chamada de Paneas (a cidade de Pá).

Quando Herodes, o Grande, recebeu este território de Augusto, construiu um templo de mármore branco dedicado ao culto do imperador. À morte de Herodes, Paneas foi parte da herança do tetrarca Filipe, que ampliou e embelezou a cidade, e para lisonjear o imperador chamou-lhe Cesaréia; a este nome acrescentou-se o de Filipe com o fim de distinguir da Cesaréia marítima da Palestina, a antiga Torre de Strabon, construída nas margens do Mediterrâneo entre Jafa (ou Jope) e o Monte Carmelo.

De Cesaréia de Filipe não restam hoje mais que umas ruínas, próximo das quais se levanta uma pequena povoação chamada Banias ou Banyas, que lembra o antigo nome, há já muito tempo desaparecido.

A maior parte da população desta região, situada no extremo norte da Palestina, era pagã. Jesus tinha escolhido esses lugares, afastados da multidão, para fazer revelações extraordinárias aos seus discípulos mais próximos.

Aquela região era denominada como o maior centro pagão do Israel antigo, haviam sacrifícios de bodes e os restos eram enterrados próximo do templo de Pã. Havia também um templo em homenagem a “deusa da vingança” (Nemefis), e também um em homenagem ao “deus Zeus”. Muitos judeus acreditavam que as portas do inferno se encontravam em Cesaréia de Felipe.


De Betsaida, Jesus dirigiu-se de novo para o norte, afastando-se mais ainda do território judaico. Talvez tenha seguido o rio Jordão acima até chegar às arredores de Cesaréia de Filipe, depois de ter percorrido em subida uns 50 quilômetros (Mapa 01).


Mapa 01 – Palestina na época de Jesus
3- Cesaréia de Filipi      6- Betsaida


O evangelista Lucas (9, 18) afirma que chegando em Cesaréia de Filipe, Jesus, em reservado, pôs-se em oração: “Certo dia, ele orava em particular...” (Lc 9, 18).

Nos momentos decisivos da sua missão, Jesus recolhia-se em uma entrega, humilde e confiante, da sua vontade humana à vontade amorosa do Pai Celestial através da prece. Como exemplo pode-se lembrar de que esta foi a sua atitude antes do seu Batismo, da sua Transfiguração, e do seu Martírio e Crucificação.

Toma a mesma atitude diante dos momentos decisivos que vão comprometer a missão dos seus apóstolos: antes de escolher e de chamar os Doze, antes que Pedro o confesse como “Tu és o Cristo, o Filho do Deus” e para que a fé do apóstolo querido não desfaleça diante da tentação.

Em Cesaréia de Filipe, num lugar de beleza natural que Jesus levou seus discípulos para um breve descanso e onde, conforme Mateus ( 16. 13-19) ocorreu os seguintes fatos:

Depois de orar em particular, Jesus pergunta aos discípulos: “Quem dizem os homens ser o Filho do Homem?”. O Cristo conhecia bem as opiniões e conversas do povo, porém introduzia a conversa para outra questão mais contundente.

Os apóstolos responderam com simplicidade: “Uns afirmam que é João Batista, outros que é Elias, outros, ainda, que é Jeremias ou um dos profetas”. Observa-se que entre estes títulos não se cita o de Messias nem de Filho de Davi.

Aqueles homens são seus companheiros mais íntimos, os seus confidentes, aqueles que o contemplaram de perto as suas ideias e ensinamentos. Cada um dos apóstolos já tinha formado no íntimo da sua alma uma imagem sólida e determinada da origem e caráter do Mestre e da sua missão. Vamos imaginar que naquele momento eles se olharam entre si e, provavelmente, ficaram sem capacidade de reação.

Aproximava-se a hora da prova. Já faltavam só poucos meses para a tortura e Morte de Jesus. Agora Ele queria saber como eles tinham absorvido os seus ensinamentos e quais eram as suas disposições de fidelidade.

É interessante porque Cristo não questiona o que dizem os  escribas e os fariseus. Chama atenção para a opinião do povo, porque não estava inclinada para o mal. E ainda que sua opinião sobre Cristo fosse inferior à realidade, estava, contudo, imaculada  de sagacidade. Não é assim na opinião dos fariseus que eram sumamente maliciosos.

Seria importante observar que Jesus ao perguntar  “Quem dizem os homens ser o Filho do Homem?” ele é cauteloso a fim de que não acreditassem que fazia esta pergunta por vaidade.

É de lembrar que sempre que no Antigo Testamento se diz o Filho do Homem, em hebreu  se diz o filho  de Adão.

Os apóstolos  referem  a Jesus as diferentes opiniões  que sobre Ele tinham os judeus. Por isso disse: ‘E eles responderam: Uns dizem que é João, o Batista’, são os que pensam como Herodes; ‘outros dizem que é Elias’, isto é, os que acreditavam que era o mesmo Elias que havia voltado a nascer, ou o mesmo Elias que ainda vivia e se manifestava nele; ‘e os outros dizem que é  Jeremias’, a quem era considerado o mais conhecido profeta do Antigo Testamento, autor do Livro de Jeremias e do Livro das Lamentações. Desta forma concluímos que eles de fato não compreendiam o que a figura de Cristo representava. 

Depois, enquanto caminhava, Jesus dirige-se a Simão Pedro e perguntou: “E vós, quem dizeis que eu sou?”

Conta Mateus (16, 16-17) que: “Simão Pedro, respondendo, disse: ‘Tu é o Cristo, o filho do Deus vivo. Jesus respondeu-lhe: ‘Bem-aventurado és tu, Simão, filho de Jonas, porque não foi carne ou sangue que revelaram isso, e sim o meu Pai que está nos céus”.

Os estudiosos afiançam que Jesus fez o questionamento com a finalidade de provocar a confissão de Simão Pedro. As palavras do apóstolo ecoaram como uma trovoada. Ninguém quis acrescentar nada mais. Os outros Apóstolos emudecem,  com receio de dizer alguma coisa que não seja bem significativa, que não seja inteiramente exata.

Cristo é o termo usado em português para traduzir a palavra grega Χριστός (Khristós) que significa "Ungido". O termo grego, por sua vez, é uma tradução do termo hebraico מָשִׁיחַ (Māšîaḥ), transliterado para o português como Messias.

Quando Pedro afirma que Jesus é o Cristo ele negou algumas crenças dos judeus sobre como devia ser Cristo. Segundo o Tanach, o Messias deve ser descendente do Rei Davi e Salomão. (Jeremias 23:05, 33:17, Ezequiel 34:23-24; 2 Samuel 7:5-13). Os judeus utilizam do argumento que José era descendente de Jeconias e que não há provas de que Maria fosse descendente de Davi. Mesmo que se pudesse comprovar que Maria é descendente de Davi, a filiação tribal nos tempos antigos dava-se através do pai e não através da mãe.

Pode-se observar que Simão acrescentou a seguinte frase: “...o filho do Deus vivo” (Mateus 16, 16), para distingui-lo daqueles deuses que levam o nome de deuses, porém estão mortos como Saturno, Júpiter, Vênus, Hércules e as demais invenções dos idólatras.

Jesus respondeu-lhe: “Bem-aventurado és tu, Simão, filho de Jonas (Barjonas), porque não foi carne ou sangue que revelaram isso, e sim o meu Pai que está nos céus” Mateus ( 16.17). Pode-se interpretar que Jesus queria que não houvesse duvidas, Ele se referia à Simão filho de João (Jonas) e lembrava que tanto Pedro como Ele são filhos de Deus, ou seja: criados por Deus.

Mais uma vez lembrando Mateus (16, 18-19) que afirma: “Também Eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei minha Igreja, e as portas do Inferno nunca prevalecerão contra ela. Eu te darei as chaves do Reino dos Céus e o que ligares na terra será ligado nos céus, e o que desligares na terra será desligado nos céus”.

Pedro, nome dado por Jesus, (Mateus, 4:18, 10:2) ou Cefas, são cognomes do apóstolo, palavras que significam “pedra”, em grego e hebraico, respectivamente. João (1:40-42) chama-o de Simão Pedro.

O site http://www.divaldofranco.com/livro descreve a obra Luz do Mundo, de autoria do Espirito Amélia Rodrigues, ditado ao médium Divaldo Pereira Franco, como um apontamento que faz paralelos com o pensamento atual, demonstrando como Jesus pôde penetrar no tempo além do tempo convencional, deixando um patrimônio que merece ser reexaminado e vivido com segurança.

No oitavo capitulo a autora assevera que quando Jesus afirma que “... tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei minha Igreja, e as portas do Inferno nunca prevalecerão contra ela. Eu te darei as chaves do Reino dos Céus e o que ligares na terra será ligado nos céus, e o que desligares na terra será desligado nos céus”, nesse momento nasce a Igreja da Revelação Espiritual. Estão autorizados os intercâmbios. Os dois mundos confraternizam em abundância diz a autora espiritual.

Desta forma, explica que Cesaréia de Filipe fez-se o santuário para a comunhão com o Mundo Maior e acrescenta: A cidade opulenta dos homens cede os seus arredores em flor para a convivência com os ministros imponderáveis do Senhor da Terra.

Dando seguimento a sua narrativa diz que a grande luz do Alto jorra em abundância, e a plenitude da vida estua, mas adverte que a alvorada da verdade, no entanto, é também o amanhecer das dores.

A benfeitora espiritual lembra que Jesus não esconde as aflições que desabarão sobre os pioneiros da renovação e que Ele próprio não escapará à sanha das tenebrosas artimanhas dos homens-pigmeus, que tentarão defrontar o homem-Filho de Deus.

Esclarece Amélia que Jesus faz uma antevisão dos padecimentos futuros, adverte aqueles espíritos em repentino crescimento e lhes informa sobre o pesado tributo de dor e abnegação que Ele deve dar, a fim de romper os turvos compromissos da Humanidade com a mentira e facilitar a sua religação com Deus.

Os amigos se amedrontam, e Pedro, receoso, em perfeita sintonia com as Entidades irresponsáveis que teimam por sitiá-los e fazê-los recuar, chama o Senhor à parte e censura-O.

No entanto o Rabi esclarece que a batalha é sutil e perigosa e que é indispensável enfrentá-la com decisão, sob qualquer que seja o disfarce que se insinue.

Conforme a narrativa da autora espiritual Jesus percebe o que ocorre além das zonas físicas que envolvem o Simão Pedro, desta forma profere a severa frase com que expulsa e desarticula o programa de perturbações nefastas:

— "Para trás de mim, Satanás, que me serves de escândalo; porque não compreendes as coisas que são de Deus, mas só as que são dos homens."

A Entidade satânica que urde na alma de Pedro a debilidade e apresenta a visão da vida conforme a tecedura da limitação humana, vai rechaçada.

A delicada mediunidade do Apóstolo que recebeu a inspiração do Céu, há pouco, num instante de invigilância sintoniza com a representação do mal de que se nutrem os Espíritos empedernidos na perversidade.

Pela ponte mediúnica transitam anjos e demónios, conforme a concessão mental e emocional do seu detentor, a cada momento. Pedro dá-se conta do equívoco, desperta e se eleva outra vez.

Inunda-se de esperanças, liberta-se.

O Mestre, integérrimo, com os olhos postos na glória do sacrifício, exalta a dor por amor, e culmina o ensino, definindo, perenemente, os rumos e as balizas do seu messianato.

— "Se alguém quiser vir após mim, renuncie a si mesmo, tome sobre si a sua cruz, e siga-me."

Amélia Rodrigues finaliza esse belíssimo capitulo afirmando:

“Abrem-se de par em par as portas da Imortalidade, e a Igreja da Revelação Espiritual está construída nas almas”.

O "Senhor dos Espíritos" decifra um dos enigmas do Mundo além das sombras — a inspiração —, e projeta claridade nos abismos da sepultura ignorada.

A vida supera a morte; o Espírito triunfa.

É dia de perene amanhecer!

O ar começa a pesar, carreado pelo calor das horas. A sinfonia atinge os acordes últimos.

O grande final se apaga em sons que se misturam às vozes da paisagem.

Jamais silenciarão.

O concerto melódico invadirá os ouvidos do mundo e das gerações.

Chega o Sol vitorioso.

A luz está no mundo”.



Leitura consultada e recomendada:

1.A Bíblia Sagrada. Tradução de João Ferreira de Almeida. Edição Familiar: Difusão Cultural do Livro

2.AQUINHO, Rubim Santos Leão de. História das sociedades – das comunidades primitivas às sociedades medievais. 1.ed. 8.reimpressão. Rio de Janeiro, RJ: Editora ao Livro Técnico, 1993

3.BLAINEY, Geoffrey. Uma breve história do mundo.[versão brasileira da editora].2.ed. São Paulo, SP: Editora Fundamento Educacional, 2008

4.FRANCO, Divaldo Pereira. Luz do Mundo. Pelo Espírito Amélia Rodrigues. Salvador, BA: LEAL Editora, 1971

5.FRANCO, Divaldo Pereira. Primícias do Reino. Pelo Espírito Amélia Rodrigues. 11.ed. Salvador, BA: LEAL Editora, 2008


Sites consultados:




domingo, 6 de janeiro de 2013

Cafarnaum a “cidade de Jesus”


Cafarnaum é uma antiga aldeia de pescadores (em hebraico Kfar Nachum, a Aldeia de Naum) situa-se na costa noroeste do o Mar da Galiléia, 2,5 km a nordeste de Tagba e a uns 15 km ao norte de Tiberíades.

Figura 01 – Cafarnaum na época de Jesus
FONTE: http://numinosumteologia.blogspot.com.br/2010/07/ilustracoes-do-novo-e-antigo-testamento.html
A aldeia supracitada é referida pela primeira vez no Novo Testamento, onde se pode perceber que representou papel importante nas narrativas do Evangelho, como o lugar onde Jesus viveu durante grande parte de sua missão na Galiléia. Nesse vilarejo Ele "curou muitos que estavam doentes", e também "expulsou os espíritos" dos endemoninhados.

Simão (chamado Pedro) e seu irmão André; Tiago, filho de Zebedeu, e seu irmão João - viviam na aldeia, além de Mateus (Levi, filho de Alfeu), que era coletor de impostos no local.

O evangelista Mateus (4,13) narra que Jesus “deixando Nazaré, veio habitar em Cafarnaum, sobre as margens do mar, nas regiões de Zabulon e de Neftali”.

Segundo estudos arqueológicos, Cafarnaum era uma cidade muito pobre, mas bem organizada, a semelhança das cidades planejadas, ela foi construída de forma octogonal, comum à cultura grega daquele tempo. 

A cidade escavada é dividida em nove partes, chamadas de insulae, dispostas sobre os dois lados da estrada principal ou cardo maximus, uma estrada muito importante, que unia o Egito a Síria indo até Damasco sua capital. Era ao redor desta que as pessoas construíam suas casas. 

As famílias se reuniam em clãs, ou seja, residiam no mesmo terreno dividido em duas partes. No meio ficava um corredor comum a todos.  Uma única entrada, sempre munida de porta, separava as casas da estrada. 

Os fogões à lenha, máquinas de grãos de tipo artesanal e as escadinhas de acesso ao teto eram colocados no corredor. Ao redor destes pequenos pátios, ou corredores, estavam os cômodos onde morava cada família pertencente ao clan: em geral as habitações eram formadas por uma sala leito (um único cômodo onde inclusive se dormia), iluminadas por uma série de janelas que davam para um pequeno corredor interno.

Um fato interessante é que as casas no corredor central não possuíam portais com portas: cada domicílio era sempre aberto em respeito aos outros. 

A única porta estava situada sobre a estrada e podia ser fechada por dentro.  As salas de moradia eram construídas com muros de grossas pedras informes de basalto (lava vulcânica) com adornos internos revestidos com uma massa de terra.

Os pavimentos eram feitos com rochas de basalto (lava vulcânica), lisas e arredondas pela erosão. Alguns desses vinham embelezados por uma mistura de terra amarela.  De frente a  uma parede da sala se encontra (em algumas casas) um banco feito de pedras para apoiar os pequenos objetos domésticos como vasos, lâmpadas e outros. 

Os tetos  eram feitos com travessas de madeira para sustentar a laje feita de terra empastada com palha. Esse tipo de teto assegurava frescor e sombra. A iluminação do ambiente era mantida por pequenas janelas, essas não possuíam grades, eram inteiramente abertas para a entrada livre do sol.

Durante o dia, Jesus peregrinava, subindo e descendo morros, debaixo de sol, poeira, chuva... À noite, costumava ficar na casa de Simão Pedro e, eram nesses momentos de familiaridade, que Ele instruía, conversava e esclarecia, conforme as duvidas dos participantes.

Com o passar do tempo a sua fama foi se espalhando pelas aldeias, esses encontros começaram a atrair muitas pessoas, que se aglomeravam ao redor da casa de Pedro, na tentativa de ver e ouvir Jesus e, talvez, obter algum indulto especial... Porém alguns ali se encontravam apenas por curiosidade...
Muitas vezes reunia-se tal multidão, que não era possível encontrar lugar nem mesmo junto à porta.

Continuamos da mesma forma, pedintes de alivio em um vale de lagrimas, doentes da alma. Ainda não somos capazes de identificar as pessoas e coisas boas e edificantes que nos cercam. Já é hora de aprender a agradecer e valorizar coisas simples que nos cercam. Geralmente só percebemos a importância ao perdê-las.

Figura 02 – Casas no tempo de Jesus
FONTE: www.blog.cancaonova.com
As moedas mais antigas encontradas no local datam do século II a.C.. Na época de Cristo, havia em Cafarnaum um posto alfandegário e uma pequena guarnição romana comandada por um centurião.

Após ter sido seriamente danificada no terremoto de 746, a aldeia foi reconstruída a pequena distância, mais ao nordeste (onde se situa a atual Igreja Greco-Ortodoxa), mas pouco se conhecem de sua história posterior, seu declínio e eventual abandono durante o século XI. Apesar da importância de Cafarnaum na vida de Jesus, não há indicação de nenhuma construção durante o período dos cruzados. Um viajante do século XIII encontrou apenas as cabanas de sete pescadores pobres.

O sítio foi "redescoberto" em 1838 pelo geógrafo bíblico americano Dr. Edward Robinson. Em 1866, o Capitão Charles W. Wilson, explorador britânico, identificou as ruínas da sinagoga.

Nos anos 70, época em que Marcos escreveu, havia muitos conflitos no dia a dia das sociedades, mas o povo nem sempre sabia como se conduzir diante das denúncias que vinham da parte das autoridades romanas e dos líderes dos judeus. Este é um fato que teve interferência na sua narrativa. O objetivo do Evangelista era registrar orientações sobre o como comportar-se diante das adversidades encontradas. Claro que os conselhos ficaram eternizados, uma vez que nos encontramos encarnados em um planeta de prova e expiações.

Narra Marcos no capitulo 2 (1-13):
1. Alguns dias depois, Jesus entrou novamente em Cafarnaum e souberam que ele estava em casa.
2. Reuniu-se uma tal multidão, que não podiam encontrar lugar nem mesmo junto à porta. E ele os instruía.
3. Trouxeram-lhe um paralítico, carregado por quatro homens.
4. Como não pudessem apresentar-lhe por causa da multidão, descobriram o teto por cima do lugar onde Jesus se achava e, por uma abertura, desceram o leito em que jazia o paralítico.
5. Jesus, vendo-lhes a fé, disse ao paralítico: "Filho, perdoados te são os pecados."
6. Ora, estavam ali sentados alguns escribas, que diziam uns aos outros:
7. "Como pode este homem falar assim? Ele blasfema. Quem pode perdoar pecados senão Deus?"
8. Mas Jesus, penetrando logo com seu espírito tios seus íntimos pensamentos, disse-lhes: "Por que pensais isto nos vossos corações?
9. Que é mais fácil dizer ao paralítico: Os pecados te são perdoados, ou dizer: Levanta-te, toma o teu leito e anda?
10. Ora, para que conheçais o poder concedido ao Filho dó homem sobre a terra (disse ao paralítico),
11. eu te ordeno: levanta-te, toma o teu leito e vai para casa."
12. No mesmo instante, ele se levantou e, tomando o. leito, foi-se embora à vista de todos. A, multidão inteira encheu-se de profunda admiração e puseram-se a louvar a Deus, dizendo: "Nunca vimos coisa semelhante."
13. Jesus saiu de novo para perto do mar e toda a multidão foi ter com ele, e ele os ensinava.
Figura 03 – O paralítico de Cafarnaum
FONTE: http://www.rudecruz.com/a-cura-do-paralitico-de-cafarnaum.html


 No livro Primícias do Reino, psicografado por Divaldo Franco, o Espirito Amélia Rodrigues nos diz que Natanael Ben Elias, o paralítico de Cafarnaum, foi completamente curado por Jesus, voltando a andar. 

Não há como negar, Amélia Rodrigues esclarece os fatos narrados pelos evangelistas elucidando de forma clara e com uma linguagem simples e esclarecedora. Em relação à cura de Natanael ela diz que todos exultaram e festejaram, exceto o Mestre, que ao invés de participar dos celebrações recolheu-se em oração e meditação. Simão Pedro, percebendo o comportamento de Jesus, perguntou:
“Por que dizes que não Te compreendemos, Rabi? Estamos todos tão felizes!
Simão, neste momento, enquanto consideras o Reino de Deus pelo que viste, Natanael, com alegria infantil, comenta o acontecimento entre amigos embriagados e mulheres infelizes. Outros que recobraram o ânimo ou recuperaram a voz, entre exclamações de contentamento, precipitam-se nos despenhadeiros da insensatez, acarretando novos desequilíbrios, desta vez, irreversíveis”. 

De acordo com a autora espiritual Jesus advertiu Simão que ele não deveria imaginar que a Boa Nova iria ocasionar alegrias ilusórias, “dessas que o desencanto e o sofrimento facilmente apagam”. 

Chama atenção e ao mesmo tempo impressiona quando o Rabi aclara que o Filho do Homem “não é um remendão irresponsável, que sobre tecidos velhos e gastos costura pedaços novos, danificando mais a parte rasgada com um dilaceramento maior”. 

Quantas vezes diante dos tropeços da caminhada, encontramos justificativas telhudas que geram consequências mais graves que o erro cometido? É hora de ter coragem de admitir o desacerto, exercitar ao menos o “pedir desculpas” porque o perdão é um processo que tem inicio no coração, e por esta razão requer tempo, dedicação e acima de tudo coragem.

Cristo lembra que a Boa Nova, não é simplesmente uma promessa para o futuro, mas uma realidade para o presente. Imaginem!!! Isto foi proferido há mais de 2000 anos, então o que estamos esperando?

Mas Jesus, como um Espirito de alto esclarecimento e elevação é benévolo e afirma “Eu sei, porém, que Me não podeis entender, tu e eles, por enquanto. E assim será por algum tempo”. 

O Rabi nos diz que mais tarde, quando a dor produzir amadurecimento maior nos Espíritos encarnados no planeta-escola Terra, Ele enviará alguém em Seu nome para dar prosseguimento ao serviço de iluminação de consciências.

Claro que sabemos que, nos espiritas temos por esta razão, uma responsabilidade maior na viagem que hora realizamos vestindo o peso da carne. Comprovando as ideias expostas podemos observar as palavras atribuídas ao Mestre ditadas pela autora espiritual:
“As sepulturas quebrarão o silêncio que guardam e vozes, em toda parte, clamarão, lecionando esperanças sob os auspícios de mil consolações”. 

Amélia Rodrigues utilizando de uma metodologia apreciável nos lembra de que séculos se passaram depois destes dizeres preciosos. A dor amadureceu muitos corações desnorteados, e novamente a Humanidade suplicou a Jesus pela cura de suas mazelas. Continuamos doentes espirituais, suplicando alivio para as nossas carências e desalinhos.

A Doutrina Espirita comprovou que os sepulcros foram rompidos. O silêncio dos aparentemente mortos foi quebrado, e os descobrimos vivos, imortais e reluzentes, conforme a autora espiritual, que também afirma:
“Sim, as estrelas caíram dos céus. Estrelas de primeira grandeza espiritual se uniram em uma constelação admirável, e voltaram seu feixe de luz poderoso para a Terra. Os Espíritos falaram, ensinaram, provaram que a vida futura prometida por Jesus é real”.

Hoje, aqueles que no mínimo frequentam o Centro Espirita percebem que a “iluminação de consciências”, proposta por Jesus, ganhou uma grandeza nova e se é que é possível maior.

Denominam-se obras fundamentais do Espiritismo, também referidas como codificação espírita, os cinco livros publicados pelo pedagogo francês Hippolyte León Denizard Rivail sob o pseudônimo de Allan Kardec entre 1857 e 1868. Desta forma a missiva do Cristo se faz outra vez presente como uma sugestão para o presente, afiançando um roteiro seguro para a reforma íntima que nos é indispensável e urgente.

Concluindo o texto o Espirito Amélia Rodrigues é enfático ao afirmar:
“Na grande transição que o planeta atravessa, são eles, os Missionários do Mestre, que semeiam a verdade em todos os povos. O amor volta a tomar seu lugar de evidência, nas propostas elevadas que são apresentadas aqui e acolá. 
Atiramos as roupas velhas no tempo, e vestimos a roupagem do ESPIRITISMO, entendendo que a vida do Espírito, esta sim, é a verdadeira.
O Consolador - o Espiritismo - já está entre nós... Escutemo-Lo!”.

Vamos fazer uma reflexão sobre a afirmativa de Marcos (2,3-5)?
“A solidariedade dos amigos consegue o perdão dos pecados para o paralítico”.

Jesus é a única esperança das quatro pessoas que carregaram o paralítico. Por isso, não vacilaram em subir no telhado e tirar as telhas. Conforme os relatos dos historiadores pode-se concluir que a casa deve ter sido um barraco coberto, talvez, de folhas. Eles descem o homem em frente ao Mestre. Ora, eles foram solidários. Jesus, percebendo a fé deles, diz ao paralítico:
“Teus pecados estão perdoados!”

É impossível entender o sentido das palavras articuladas por Jesus sem lembrar o que representava naquele tempo, os defeitos físicos. Ser paralíticos, conforme os doutores, representava impureza, castigo de Deus por algum pecado. Eles (os doutores) afirmavam que tal pessoa tornava-se incapaz de aproximar-se de Deus. Por essa razão, os doentes, os pobres, os paralíticos e tantos outros se sentiam rejeitados por Deus! Podemos assim concluir que a asseveração de Jesus "Teus pecados estão perdoados!" significa "Você não está afastado de Deus!".

Pode-se observar que Jesus é acusado de blasfêmia pelos doutores da lei (Marcos 2,6-7), claro, a atitude de Jesus ia de encontro com as ideias ensinadas por eles, desta forma reagiram. Para os donos do poder era só Deus que podia perdoar os pecados. E era só o sacerdote que podia declarar uma pessoa perdoada e purificada. Como explicar que um homem sem estudo, leigo, um simples operário, carpinteiro pudesse pronunciar tal afirmativa?

Existe outro aspecto importante: admitir que Jesus estava correto poderia representar a possibilidade de perder o poder e a fonte de renda.

Na atualidade, no nosso dia a dia, quantas vezes por falta de humildade e bom senso somos incapazes de aceitar que o outro é quem está correto, gerando dessa forma situações muitas vezes irreparáveis e conflitantes? Esta é uma das causas do nosso sofrimento.

Bom, Jesus cura de fato o doente, confirmando que tem capacidade de perdoar os pecados (Marcos 2,8-11). E a seguir questiona sobre o que é mais fácil dizer: "Teus pecados estão perdoados!” ou “Levanta-te e anda?”. Como ter certeza que os pecados do doente realmente foram perdoados? Mas presenciar um paralítico sair andando todos os presentes puderam constatar.

 

Após receber a cura, Jesus não ordenou ao paralítico que fosse descansar, ou passear, ou se distrair; disse que voltasse para os seus, que retomasse as tarefas que lhe cabiam, que abraçasse as responsabilidades que o aguardavam entre os seus familiares.

Certamente, ao longo de nossa jornada evolutiva, encontraremos muitos obstáculos e dificuldades para nosso encontro com Jesus. No entanto, poderemos contar sempre com o apoio de amigos espirituais, os quais não faltarão se realmente estivermos dispostos a vencer todas essas dificuldades.

Figura 04 – Bodas de Cana
FONTE: http://rosamisticabrasil.blogspot.com.br/2011/05/11-nas-bodas-de-cana-o-pedido-de-maria.html
 Cafarnaum a terra de Jesus de Nazaré... Tantos mistérios e ensinamentos estão na sua psicosfera espiritual!!!!

No livro Boa Nova, ditado pelo Espirito Humberto de Campos, através da mediunidade de nosso Chico Xavier, no capitulo 12 – Amor e Renúncia ele descreve uma conversa entre Simão Pedro e Jesus, a qual registramos algumas notas a seguir.

Afirma que o manto da noite caía de leve sobre a paisagem de Cafarnaum e Jesus, depois de uma das grandes assembleias populares do lago, se recolhia à casa de Pedro em companhia do apóstolo. Neste momento Simão, que guardava uma dúvida no coração, perguntou ao Mestre:
“Senhor, em face dos vossos ensinamentos, como deveremos interpretar a vossa primeira manifestação, transformando a água em vinho, nas bodas de Caná? Não se tratava de uma festa mundana? O vinho não iria cooperar para o desenvolvimento da embriaguez e da gula?

Diz o autor espiritual que Jesus compreendeu o alcance da interpelação e sorriu.
“-Simão, disse ele —, conheces a alegria de servir a um amigo? [...] As bodas de Caná foram um símbolo da nossa união na Terra. O vinho, ali, foi bem o da alegria com que desejo selar a existência do Reino de Deus nos corações [...].
Os afetos d’alma, Simão, são laços misteriosos que nos conduzem a Deus. Saibamos santificar a nossa afeição, proporcionando aos nossos amigos o máximo da alegria; seja o nosso coração uma sala iluminada onde eles se sintam tranquilos e ditosos. Tenhamos sempre júbilos novos que os reconfortem, nunca contaminemos a fonte de sua simpatia com a sombra dos pesares! As mais belas horas da vida são as que empregamos em amá-los, enriquecendo- lhes as satisfações íntimas”.

Vale a pena tecer alguns comentários do capitulo 11 – O Sermão do Monte, da obra supracitada, afirma o Espirito Humberto de Campos que quando foram expandidas as primeiras claridades da Boa Nova, todos os enfermos e
derrotados da sorte, habitantes de Corazim, Magdala, Betsaida, Dalmanuta e
outras aldeias importantes do lago enchiam as ruas de Cafarnaum em turbas
ansiosas.

Os discípulos permanentemente estavam em contato com Jesus, desta maneira eram visados pela multidão. De vez em quando, Filipe era
abordado, em caminho, por uma onda de doentes; Pedro tinha a casa rodeada
de criaturas desalentadas e tristes. Na verdade todos queriam o auxílio de Jesus, o benefício imediato de sua influente virtude.

Hoje continuamos assim doentes espirituais, suplicando lenitivo para as nossas dores, ainda não aprendemos a agradecer as nossas conquistas.

Conta que um pequeno grupo de infelizes procurou Levi na sua confortável residência em busca de explicações sobre o Evangelho do Reino, para melhorem apreenderem os ensinamentos do Cristo. O coletor da cidade manifestou certa estranheza.

Levi sem entender o que em que eles poderiam ajudar questionou:
“Que podeis fazer na situação em que vos encontrais?”
Que poderás realizar, Lisandro, aleijado como és?! E tu, Áquila, não foste
abandonado pela própria família, sob o peso de sérias acusações? E tu,
Pafos? Acaso edificaria *alguma coisa com as tuas atuais aflições?

Os interpelados entreolharam-se cabisbaixos e humilhados e se afastaram.

Decorridos alguns instantes, Jesus, em companhia de André, deu entrada em
casa de Levi, onde se puseram os três em animada palestra. O coletor, a
certa altura da conversação, a sorrir ingenuamente, relatou o fato.

Jesus fixou o olhar no discípulo com profundo desvelo e falou com bondade,
batendo-lhe levemente no ombro:
“Os vencedores da Terra não necessitam de boas notícias. Nas derrotas da sorte, as criaturas ouvem mais alto a voz de Deus [...] Já observaste algum vencedor do mundo com mais alta preocupação do que a de defender o fruto de sua vitória material?”.

É por esta razão que ainda necessitamos conhecer a mágoa, a injustiça, a intolerância, as necessidades carnais como a fome, a ingratidão, a humilhação, entre outras situações, que devemos encarrar como oportunidades de fortalecimento e crescimento espiritual....”Bem aventurados os aflitos...”

Figura 05 – Públio Lentulus (Emmanuel)
FONTE: http://www.guia.heu.nom.br/emmanuel.htm
 O Espirito Emmanuel, relata na obra “Há 2000 anos...”, através da psicografia de Chico Xavier uma de suas encarnações. Conta que era Públio Lentulus, um homem orgulhoso, porém nobre. Casou-se com uma extraordinária mulher, por nome Lívia e tiveram dois filhos, Flávia Lentúlia e Marcus. Sua filha desenvolveu hanseníase. Na época não havia um tratamento clínico adequado, por esta razão Públio Lentulus recebeu do Imperador Tibério a designação para alto cargo público na Palestina, onde havia um clima muito mais ameno para que a menina pudesse de alguma forma se restabelecer.

Lívia, sua esposa, que já houvera ouvido falar de Jesus, implorou-lhe que O procurasse na esperança de uma cura definitiva para a filha.

Na cidade de Cafarnaum, quando as horas mais movimentadas do dia se escoram e o crepúsculo começou a se fazer visível, o senador então se colocou a caminho indo em direção a um lago da cidade, local onde deu-se o encontro de Públio Lentulus com Jesus.

Descreve que lágrimas ardentes rolaram dos olhos do senador, homem duro que raras vezes haviam chorado, e força misteriosa e invencível fê-lo ajoelhar-se na relva lavada em luar. Confidencia que desejou falar, mas tinha o peito sufocado e opresso. Foi quando, então, num gesto doce e de soberana bondade, o meigo Nazareno caminhou para ele, era como se aquela visão fosse a visão concretizada de um dos deuses de suas antigas crenças, e, pousando carinhosamente a destra em sua fronte, exclamou em linguagem encantadora, que Públio entendeu perfeitamente, dando-lhe inesquecível impressão de que a palavra era de espírito para espírito, de coração para coração.

Desse encontro resultou a cura de sua filha, Flávia. Lívia, esposa do senador, torna-se cristã.

No dia em que Jesus foi julgado e condenado à morte Públio Lentulus esteve ao lado de Pôncio Pilatos, mas nada disse ou fez em benefício do nazareno.

Somente mais tarde, Públio viera a compreender e aceitar o Evangelho de Jesus nos derradeiros tempos de sua romagem terrestre, quando regressou de Jerusalém para sua residência em Pompéia. Após anos de cegueira, ele desencarnou na polvorosa erupção do Vesúvio.

Existe uma página de sua autoria espiritual em “o Evangelho segundo o Espiritismo”, no capítulo XI, ”Amar o próximo como a si mesmo”, no item 11, intitulada “O egoísmo”. Ele escreveu essa mensagem em Paris, em 1861.

Diante dos apontamentos expostos compreendemos o motivo que levou um pequeno vilarejo da Galiléia, situado sobre as margens do lago de Genezaré, em certo momento entrar na história dos grandes eventos. Cafarnaum, o vilarejo dos pescadores, tornou-se a “cidade de Jesus”, a capital da Boa Nova.

Concluímos lembrando Mateus (9,1):
“E entrando em um barco, ele atravessou e foi para a sua cidade”.

Leitura consultada e recomendada:

A Bíblia Sagrada. Tradução de João Ferreira de Almeida. Edição Familiar: Difusão Cultural do Livro

AQUINHO, Rubim Santos Leão de. História das sociedades – das comunidades primitivas às sociedades medievais. 1.ed. 8.reimpressão. Rio de Janeiro, RJ: Editora ao Livro Técnico, 1993

BLAINEY, Geoffrey. Uma breve história do mundo.[versão brasileira da editora].2.ed. São Paulo, SP: Editora Fundamento Educacional, 2008

FRANCO, Divaldo Pereira. Primícias do Reino. Pelo Espírito Amélia Rodrigues. 11.ed. Salvador, BA: LEAL Editora, 2008
XAVIER, Francisco Cândido. Boa Nova. Pelo Espírito Humberto de Campos. 20a ed. Rio de Janeiro:RJ: FEB, 1941.

XAVIER, Francisco Cândido. Há 2000 anos... Pelo Espirito Emmanuel. 29. Ed.Rio de Janeiro:RJ: FEB, 1996.

Sites consultados: