domingo, 6 de janeiro de 2013

Cafarnaum a “cidade de Jesus”


Cafarnaum é uma antiga aldeia de pescadores (em hebraico Kfar Nachum, a Aldeia de Naum) situa-se na costa noroeste do o Mar da Galiléia, 2,5 km a nordeste de Tagba e a uns 15 km ao norte de Tiberíades.

Figura 01 – Cafarnaum na época de Jesus
FONTE: http://numinosumteologia.blogspot.com.br/2010/07/ilustracoes-do-novo-e-antigo-testamento.html
A aldeia supracitada é referida pela primeira vez no Novo Testamento, onde se pode perceber que representou papel importante nas narrativas do Evangelho, como o lugar onde Jesus viveu durante grande parte de sua missão na Galiléia. Nesse vilarejo Ele "curou muitos que estavam doentes", e também "expulsou os espíritos" dos endemoninhados.

Simão (chamado Pedro) e seu irmão André; Tiago, filho de Zebedeu, e seu irmão João - viviam na aldeia, além de Mateus (Levi, filho de Alfeu), que era coletor de impostos no local.

O evangelista Mateus (4,13) narra que Jesus “deixando Nazaré, veio habitar em Cafarnaum, sobre as margens do mar, nas regiões de Zabulon e de Neftali”.

Segundo estudos arqueológicos, Cafarnaum era uma cidade muito pobre, mas bem organizada, a semelhança das cidades planejadas, ela foi construída de forma octogonal, comum à cultura grega daquele tempo. 

A cidade escavada é dividida em nove partes, chamadas de insulae, dispostas sobre os dois lados da estrada principal ou cardo maximus, uma estrada muito importante, que unia o Egito a Síria indo até Damasco sua capital. Era ao redor desta que as pessoas construíam suas casas. 

As famílias se reuniam em clãs, ou seja, residiam no mesmo terreno dividido em duas partes. No meio ficava um corredor comum a todos.  Uma única entrada, sempre munida de porta, separava as casas da estrada. 

Os fogões à lenha, máquinas de grãos de tipo artesanal e as escadinhas de acesso ao teto eram colocados no corredor. Ao redor destes pequenos pátios, ou corredores, estavam os cômodos onde morava cada família pertencente ao clan: em geral as habitações eram formadas por uma sala leito (um único cômodo onde inclusive se dormia), iluminadas por uma série de janelas que davam para um pequeno corredor interno.

Um fato interessante é que as casas no corredor central não possuíam portais com portas: cada domicílio era sempre aberto em respeito aos outros. 

A única porta estava situada sobre a estrada e podia ser fechada por dentro.  As salas de moradia eram construídas com muros de grossas pedras informes de basalto (lava vulcânica) com adornos internos revestidos com uma massa de terra.

Os pavimentos eram feitos com rochas de basalto (lava vulcânica), lisas e arredondas pela erosão. Alguns desses vinham embelezados por uma mistura de terra amarela.  De frente a  uma parede da sala se encontra (em algumas casas) um banco feito de pedras para apoiar os pequenos objetos domésticos como vasos, lâmpadas e outros. 

Os tetos  eram feitos com travessas de madeira para sustentar a laje feita de terra empastada com palha. Esse tipo de teto assegurava frescor e sombra. A iluminação do ambiente era mantida por pequenas janelas, essas não possuíam grades, eram inteiramente abertas para a entrada livre do sol.

Durante o dia, Jesus peregrinava, subindo e descendo morros, debaixo de sol, poeira, chuva... À noite, costumava ficar na casa de Simão Pedro e, eram nesses momentos de familiaridade, que Ele instruía, conversava e esclarecia, conforme as duvidas dos participantes.

Com o passar do tempo a sua fama foi se espalhando pelas aldeias, esses encontros começaram a atrair muitas pessoas, que se aglomeravam ao redor da casa de Pedro, na tentativa de ver e ouvir Jesus e, talvez, obter algum indulto especial... Porém alguns ali se encontravam apenas por curiosidade...
Muitas vezes reunia-se tal multidão, que não era possível encontrar lugar nem mesmo junto à porta.

Continuamos da mesma forma, pedintes de alivio em um vale de lagrimas, doentes da alma. Ainda não somos capazes de identificar as pessoas e coisas boas e edificantes que nos cercam. Já é hora de aprender a agradecer e valorizar coisas simples que nos cercam. Geralmente só percebemos a importância ao perdê-las.

Figura 02 – Casas no tempo de Jesus
FONTE: www.blog.cancaonova.com
As moedas mais antigas encontradas no local datam do século II a.C.. Na época de Cristo, havia em Cafarnaum um posto alfandegário e uma pequena guarnição romana comandada por um centurião.

Após ter sido seriamente danificada no terremoto de 746, a aldeia foi reconstruída a pequena distância, mais ao nordeste (onde se situa a atual Igreja Greco-Ortodoxa), mas pouco se conhecem de sua história posterior, seu declínio e eventual abandono durante o século XI. Apesar da importância de Cafarnaum na vida de Jesus, não há indicação de nenhuma construção durante o período dos cruzados. Um viajante do século XIII encontrou apenas as cabanas de sete pescadores pobres.

O sítio foi "redescoberto" em 1838 pelo geógrafo bíblico americano Dr. Edward Robinson. Em 1866, o Capitão Charles W. Wilson, explorador britânico, identificou as ruínas da sinagoga.

Nos anos 70, época em que Marcos escreveu, havia muitos conflitos no dia a dia das sociedades, mas o povo nem sempre sabia como se conduzir diante das denúncias que vinham da parte das autoridades romanas e dos líderes dos judeus. Este é um fato que teve interferência na sua narrativa. O objetivo do Evangelista era registrar orientações sobre o como comportar-se diante das adversidades encontradas. Claro que os conselhos ficaram eternizados, uma vez que nos encontramos encarnados em um planeta de prova e expiações.

Narra Marcos no capitulo 2 (1-13):
1. Alguns dias depois, Jesus entrou novamente em Cafarnaum e souberam que ele estava em casa.
2. Reuniu-se uma tal multidão, que não podiam encontrar lugar nem mesmo junto à porta. E ele os instruía.
3. Trouxeram-lhe um paralítico, carregado por quatro homens.
4. Como não pudessem apresentar-lhe por causa da multidão, descobriram o teto por cima do lugar onde Jesus se achava e, por uma abertura, desceram o leito em que jazia o paralítico.
5. Jesus, vendo-lhes a fé, disse ao paralítico: "Filho, perdoados te são os pecados."
6. Ora, estavam ali sentados alguns escribas, que diziam uns aos outros:
7. "Como pode este homem falar assim? Ele blasfema. Quem pode perdoar pecados senão Deus?"
8. Mas Jesus, penetrando logo com seu espírito tios seus íntimos pensamentos, disse-lhes: "Por que pensais isto nos vossos corações?
9. Que é mais fácil dizer ao paralítico: Os pecados te são perdoados, ou dizer: Levanta-te, toma o teu leito e anda?
10. Ora, para que conheçais o poder concedido ao Filho dó homem sobre a terra (disse ao paralítico),
11. eu te ordeno: levanta-te, toma o teu leito e vai para casa."
12. No mesmo instante, ele se levantou e, tomando o. leito, foi-se embora à vista de todos. A, multidão inteira encheu-se de profunda admiração e puseram-se a louvar a Deus, dizendo: "Nunca vimos coisa semelhante."
13. Jesus saiu de novo para perto do mar e toda a multidão foi ter com ele, e ele os ensinava.
Figura 03 – O paralítico de Cafarnaum
FONTE: http://www.rudecruz.com/a-cura-do-paralitico-de-cafarnaum.html


 No livro Primícias do Reino, psicografado por Divaldo Franco, o Espirito Amélia Rodrigues nos diz que Natanael Ben Elias, o paralítico de Cafarnaum, foi completamente curado por Jesus, voltando a andar. 

Não há como negar, Amélia Rodrigues esclarece os fatos narrados pelos evangelistas elucidando de forma clara e com uma linguagem simples e esclarecedora. Em relação à cura de Natanael ela diz que todos exultaram e festejaram, exceto o Mestre, que ao invés de participar dos celebrações recolheu-se em oração e meditação. Simão Pedro, percebendo o comportamento de Jesus, perguntou:
“Por que dizes que não Te compreendemos, Rabi? Estamos todos tão felizes!
Simão, neste momento, enquanto consideras o Reino de Deus pelo que viste, Natanael, com alegria infantil, comenta o acontecimento entre amigos embriagados e mulheres infelizes. Outros que recobraram o ânimo ou recuperaram a voz, entre exclamações de contentamento, precipitam-se nos despenhadeiros da insensatez, acarretando novos desequilíbrios, desta vez, irreversíveis”. 

De acordo com a autora espiritual Jesus advertiu Simão que ele não deveria imaginar que a Boa Nova iria ocasionar alegrias ilusórias, “dessas que o desencanto e o sofrimento facilmente apagam”. 

Chama atenção e ao mesmo tempo impressiona quando o Rabi aclara que o Filho do Homem “não é um remendão irresponsável, que sobre tecidos velhos e gastos costura pedaços novos, danificando mais a parte rasgada com um dilaceramento maior”. 

Quantas vezes diante dos tropeços da caminhada, encontramos justificativas telhudas que geram consequências mais graves que o erro cometido? É hora de ter coragem de admitir o desacerto, exercitar ao menos o “pedir desculpas” porque o perdão é um processo que tem inicio no coração, e por esta razão requer tempo, dedicação e acima de tudo coragem.

Cristo lembra que a Boa Nova, não é simplesmente uma promessa para o futuro, mas uma realidade para o presente. Imaginem!!! Isto foi proferido há mais de 2000 anos, então o que estamos esperando?

Mas Jesus, como um Espirito de alto esclarecimento e elevação é benévolo e afirma “Eu sei, porém, que Me não podeis entender, tu e eles, por enquanto. E assim será por algum tempo”. 

O Rabi nos diz que mais tarde, quando a dor produzir amadurecimento maior nos Espíritos encarnados no planeta-escola Terra, Ele enviará alguém em Seu nome para dar prosseguimento ao serviço de iluminação de consciências.

Claro que sabemos que, nos espiritas temos por esta razão, uma responsabilidade maior na viagem que hora realizamos vestindo o peso da carne. Comprovando as ideias expostas podemos observar as palavras atribuídas ao Mestre ditadas pela autora espiritual:
“As sepulturas quebrarão o silêncio que guardam e vozes, em toda parte, clamarão, lecionando esperanças sob os auspícios de mil consolações”. 

Amélia Rodrigues utilizando de uma metodologia apreciável nos lembra de que séculos se passaram depois destes dizeres preciosos. A dor amadureceu muitos corações desnorteados, e novamente a Humanidade suplicou a Jesus pela cura de suas mazelas. Continuamos doentes espirituais, suplicando alivio para as nossas carências e desalinhos.

A Doutrina Espirita comprovou que os sepulcros foram rompidos. O silêncio dos aparentemente mortos foi quebrado, e os descobrimos vivos, imortais e reluzentes, conforme a autora espiritual, que também afirma:
“Sim, as estrelas caíram dos céus. Estrelas de primeira grandeza espiritual se uniram em uma constelação admirável, e voltaram seu feixe de luz poderoso para a Terra. Os Espíritos falaram, ensinaram, provaram que a vida futura prometida por Jesus é real”.

Hoje, aqueles que no mínimo frequentam o Centro Espirita percebem que a “iluminação de consciências”, proposta por Jesus, ganhou uma grandeza nova e se é que é possível maior.

Denominam-se obras fundamentais do Espiritismo, também referidas como codificação espírita, os cinco livros publicados pelo pedagogo francês Hippolyte León Denizard Rivail sob o pseudônimo de Allan Kardec entre 1857 e 1868. Desta forma a missiva do Cristo se faz outra vez presente como uma sugestão para o presente, afiançando um roteiro seguro para a reforma íntima que nos é indispensável e urgente.

Concluindo o texto o Espirito Amélia Rodrigues é enfático ao afirmar:
“Na grande transição que o planeta atravessa, são eles, os Missionários do Mestre, que semeiam a verdade em todos os povos. O amor volta a tomar seu lugar de evidência, nas propostas elevadas que são apresentadas aqui e acolá. 
Atiramos as roupas velhas no tempo, e vestimos a roupagem do ESPIRITISMO, entendendo que a vida do Espírito, esta sim, é a verdadeira.
O Consolador - o Espiritismo - já está entre nós... Escutemo-Lo!”.

Vamos fazer uma reflexão sobre a afirmativa de Marcos (2,3-5)?
“A solidariedade dos amigos consegue o perdão dos pecados para o paralítico”.

Jesus é a única esperança das quatro pessoas que carregaram o paralítico. Por isso, não vacilaram em subir no telhado e tirar as telhas. Conforme os relatos dos historiadores pode-se concluir que a casa deve ter sido um barraco coberto, talvez, de folhas. Eles descem o homem em frente ao Mestre. Ora, eles foram solidários. Jesus, percebendo a fé deles, diz ao paralítico:
“Teus pecados estão perdoados!”

É impossível entender o sentido das palavras articuladas por Jesus sem lembrar o que representava naquele tempo, os defeitos físicos. Ser paralíticos, conforme os doutores, representava impureza, castigo de Deus por algum pecado. Eles (os doutores) afirmavam que tal pessoa tornava-se incapaz de aproximar-se de Deus. Por essa razão, os doentes, os pobres, os paralíticos e tantos outros se sentiam rejeitados por Deus! Podemos assim concluir que a asseveração de Jesus "Teus pecados estão perdoados!" significa "Você não está afastado de Deus!".

Pode-se observar que Jesus é acusado de blasfêmia pelos doutores da lei (Marcos 2,6-7), claro, a atitude de Jesus ia de encontro com as ideias ensinadas por eles, desta forma reagiram. Para os donos do poder era só Deus que podia perdoar os pecados. E era só o sacerdote que podia declarar uma pessoa perdoada e purificada. Como explicar que um homem sem estudo, leigo, um simples operário, carpinteiro pudesse pronunciar tal afirmativa?

Existe outro aspecto importante: admitir que Jesus estava correto poderia representar a possibilidade de perder o poder e a fonte de renda.

Na atualidade, no nosso dia a dia, quantas vezes por falta de humildade e bom senso somos incapazes de aceitar que o outro é quem está correto, gerando dessa forma situações muitas vezes irreparáveis e conflitantes? Esta é uma das causas do nosso sofrimento.

Bom, Jesus cura de fato o doente, confirmando que tem capacidade de perdoar os pecados (Marcos 2,8-11). E a seguir questiona sobre o que é mais fácil dizer: "Teus pecados estão perdoados!” ou “Levanta-te e anda?”. Como ter certeza que os pecados do doente realmente foram perdoados? Mas presenciar um paralítico sair andando todos os presentes puderam constatar.

 

Após receber a cura, Jesus não ordenou ao paralítico que fosse descansar, ou passear, ou se distrair; disse que voltasse para os seus, que retomasse as tarefas que lhe cabiam, que abraçasse as responsabilidades que o aguardavam entre os seus familiares.

Certamente, ao longo de nossa jornada evolutiva, encontraremos muitos obstáculos e dificuldades para nosso encontro com Jesus. No entanto, poderemos contar sempre com o apoio de amigos espirituais, os quais não faltarão se realmente estivermos dispostos a vencer todas essas dificuldades.

Figura 04 – Bodas de Cana
FONTE: http://rosamisticabrasil.blogspot.com.br/2011/05/11-nas-bodas-de-cana-o-pedido-de-maria.html
 Cafarnaum a terra de Jesus de Nazaré... Tantos mistérios e ensinamentos estão na sua psicosfera espiritual!!!!

No livro Boa Nova, ditado pelo Espirito Humberto de Campos, através da mediunidade de nosso Chico Xavier, no capitulo 12 – Amor e Renúncia ele descreve uma conversa entre Simão Pedro e Jesus, a qual registramos algumas notas a seguir.

Afirma que o manto da noite caía de leve sobre a paisagem de Cafarnaum e Jesus, depois de uma das grandes assembleias populares do lago, se recolhia à casa de Pedro em companhia do apóstolo. Neste momento Simão, que guardava uma dúvida no coração, perguntou ao Mestre:
“Senhor, em face dos vossos ensinamentos, como deveremos interpretar a vossa primeira manifestação, transformando a água em vinho, nas bodas de Caná? Não se tratava de uma festa mundana? O vinho não iria cooperar para o desenvolvimento da embriaguez e da gula?

Diz o autor espiritual que Jesus compreendeu o alcance da interpelação e sorriu.
“-Simão, disse ele —, conheces a alegria de servir a um amigo? [...] As bodas de Caná foram um símbolo da nossa união na Terra. O vinho, ali, foi bem o da alegria com que desejo selar a existência do Reino de Deus nos corações [...].
Os afetos d’alma, Simão, são laços misteriosos que nos conduzem a Deus. Saibamos santificar a nossa afeição, proporcionando aos nossos amigos o máximo da alegria; seja o nosso coração uma sala iluminada onde eles se sintam tranquilos e ditosos. Tenhamos sempre júbilos novos que os reconfortem, nunca contaminemos a fonte de sua simpatia com a sombra dos pesares! As mais belas horas da vida são as que empregamos em amá-los, enriquecendo- lhes as satisfações íntimas”.

Vale a pena tecer alguns comentários do capitulo 11 – O Sermão do Monte, da obra supracitada, afirma o Espirito Humberto de Campos que quando foram expandidas as primeiras claridades da Boa Nova, todos os enfermos e
derrotados da sorte, habitantes de Corazim, Magdala, Betsaida, Dalmanuta e
outras aldeias importantes do lago enchiam as ruas de Cafarnaum em turbas
ansiosas.

Os discípulos permanentemente estavam em contato com Jesus, desta maneira eram visados pela multidão. De vez em quando, Filipe era
abordado, em caminho, por uma onda de doentes; Pedro tinha a casa rodeada
de criaturas desalentadas e tristes. Na verdade todos queriam o auxílio de Jesus, o benefício imediato de sua influente virtude.

Hoje continuamos assim doentes espirituais, suplicando lenitivo para as nossas dores, ainda não aprendemos a agradecer as nossas conquistas.

Conta que um pequeno grupo de infelizes procurou Levi na sua confortável residência em busca de explicações sobre o Evangelho do Reino, para melhorem apreenderem os ensinamentos do Cristo. O coletor da cidade manifestou certa estranheza.

Levi sem entender o que em que eles poderiam ajudar questionou:
“Que podeis fazer na situação em que vos encontrais?”
Que poderás realizar, Lisandro, aleijado como és?! E tu, Áquila, não foste
abandonado pela própria família, sob o peso de sérias acusações? E tu,
Pafos? Acaso edificaria *alguma coisa com as tuas atuais aflições?

Os interpelados entreolharam-se cabisbaixos e humilhados e se afastaram.

Decorridos alguns instantes, Jesus, em companhia de André, deu entrada em
casa de Levi, onde se puseram os três em animada palestra. O coletor, a
certa altura da conversação, a sorrir ingenuamente, relatou o fato.

Jesus fixou o olhar no discípulo com profundo desvelo e falou com bondade,
batendo-lhe levemente no ombro:
“Os vencedores da Terra não necessitam de boas notícias. Nas derrotas da sorte, as criaturas ouvem mais alto a voz de Deus [...] Já observaste algum vencedor do mundo com mais alta preocupação do que a de defender o fruto de sua vitória material?”.

É por esta razão que ainda necessitamos conhecer a mágoa, a injustiça, a intolerância, as necessidades carnais como a fome, a ingratidão, a humilhação, entre outras situações, que devemos encarrar como oportunidades de fortalecimento e crescimento espiritual....”Bem aventurados os aflitos...”

Figura 05 – Públio Lentulus (Emmanuel)
FONTE: http://www.guia.heu.nom.br/emmanuel.htm
 O Espirito Emmanuel, relata na obra “Há 2000 anos...”, através da psicografia de Chico Xavier uma de suas encarnações. Conta que era Públio Lentulus, um homem orgulhoso, porém nobre. Casou-se com uma extraordinária mulher, por nome Lívia e tiveram dois filhos, Flávia Lentúlia e Marcus. Sua filha desenvolveu hanseníase. Na época não havia um tratamento clínico adequado, por esta razão Públio Lentulus recebeu do Imperador Tibério a designação para alto cargo público na Palestina, onde havia um clima muito mais ameno para que a menina pudesse de alguma forma se restabelecer.

Lívia, sua esposa, que já houvera ouvido falar de Jesus, implorou-lhe que O procurasse na esperança de uma cura definitiva para a filha.

Na cidade de Cafarnaum, quando as horas mais movimentadas do dia se escoram e o crepúsculo começou a se fazer visível, o senador então se colocou a caminho indo em direção a um lago da cidade, local onde deu-se o encontro de Públio Lentulus com Jesus.

Descreve que lágrimas ardentes rolaram dos olhos do senador, homem duro que raras vezes haviam chorado, e força misteriosa e invencível fê-lo ajoelhar-se na relva lavada em luar. Confidencia que desejou falar, mas tinha o peito sufocado e opresso. Foi quando, então, num gesto doce e de soberana bondade, o meigo Nazareno caminhou para ele, era como se aquela visão fosse a visão concretizada de um dos deuses de suas antigas crenças, e, pousando carinhosamente a destra em sua fronte, exclamou em linguagem encantadora, que Públio entendeu perfeitamente, dando-lhe inesquecível impressão de que a palavra era de espírito para espírito, de coração para coração.

Desse encontro resultou a cura de sua filha, Flávia. Lívia, esposa do senador, torna-se cristã.

No dia em que Jesus foi julgado e condenado à morte Públio Lentulus esteve ao lado de Pôncio Pilatos, mas nada disse ou fez em benefício do nazareno.

Somente mais tarde, Públio viera a compreender e aceitar o Evangelho de Jesus nos derradeiros tempos de sua romagem terrestre, quando regressou de Jerusalém para sua residência em Pompéia. Após anos de cegueira, ele desencarnou na polvorosa erupção do Vesúvio.

Existe uma página de sua autoria espiritual em “o Evangelho segundo o Espiritismo”, no capítulo XI, ”Amar o próximo como a si mesmo”, no item 11, intitulada “O egoísmo”. Ele escreveu essa mensagem em Paris, em 1861.

Diante dos apontamentos expostos compreendemos o motivo que levou um pequeno vilarejo da Galiléia, situado sobre as margens do lago de Genezaré, em certo momento entrar na história dos grandes eventos. Cafarnaum, o vilarejo dos pescadores, tornou-se a “cidade de Jesus”, a capital da Boa Nova.

Concluímos lembrando Mateus (9,1):
“E entrando em um barco, ele atravessou e foi para a sua cidade”.

Leitura consultada e recomendada:

A Bíblia Sagrada. Tradução de João Ferreira de Almeida. Edição Familiar: Difusão Cultural do Livro

AQUINHO, Rubim Santos Leão de. História das sociedades – das comunidades primitivas às sociedades medievais. 1.ed. 8.reimpressão. Rio de Janeiro, RJ: Editora ao Livro Técnico, 1993

BLAINEY, Geoffrey. Uma breve história do mundo.[versão brasileira da editora].2.ed. São Paulo, SP: Editora Fundamento Educacional, 2008

FRANCO, Divaldo Pereira. Primícias do Reino. Pelo Espírito Amélia Rodrigues. 11.ed. Salvador, BA: LEAL Editora, 2008
XAVIER, Francisco Cândido. Boa Nova. Pelo Espírito Humberto de Campos. 20a ed. Rio de Janeiro:RJ: FEB, 1941.

XAVIER, Francisco Cândido. Há 2000 anos... Pelo Espirito Emmanuel. 29. Ed.Rio de Janeiro:RJ: FEB, 1996.

Sites consultados:






terça-feira, 18 de dezembro de 2012

A Palestina no tempo de Jesus ( II ) - Mar da Galileia


Em relação ao Lago Tiberíades, também conhecido como o Mar da Galileia, ou Mar de Tiberíades ou Lago de Genesaré era adorado pelos judeus, uma vez que ao seu redor a vegetação e a fertilidade da terra eram abundantes. Naquela época o Lago Tiberíades era a principal fonte de sustento para a região. Os historiadores chegam a afirmar que, naquele tempo, havia cinco mil barcos pescando a uma só vez. Desta forma prosperaram, em seu derredor, inúmeras cidades, inclusive de importância nos Evangelhos, como Betsaida, a nordeste do Lago de Genesaré, e Cafarnaum, Magdala e Tiberíades, 

Figura 01 – Lago de Genesaré
No entanto, lembramos que a Galileia era uma região mais pobre do que a Judeia, e que a população do local atravessava Grande parte da missão de Jesus transcorreu nas margens do Mar de Tiberíades. Havia uma faixa de povoações à volta do lago, muito comércio e transporte por barco. momentos difíceis.

Figura 02 – Jesus recrutou quatro dos seus apóstolos nas margens do lago de Genesaré
FONTE: http://comunidadeascensaodosenhor.blogspot.com.br/2011/01/3-domingo-comum-mt-4-12-23_22.html
Narra Marcos no capítulo 1 (14-20) que:
14 Depois de João ter sido preso, Jesus veio para a Galiléia. Pregava o Evangelho de Deus,
15 dizendo: “Completou-se o tempo , e o reino de Deus está próximo. Convertei-vos e crede no Evangelho”.
16 Enquanto caminhava ao longo do mar da Galiléia, Jesus viu Simão e André, seu irmão, lançando a rede ao mar, pois eram pescadores.
17 E Jesus lhes disse: “Vinde comigo, e eu farei de vós pescadores de gente”. 18 Deixando imediatamente as redes, eles o seguiram.
19 Indo um pouco mais adiante, viu Tiago filho de Zebedeu e João, seu irmão, consertando as redes no barco.
20 Ele os chamou. E eles deixaram o pai, Zebedeu O batismo, no barco com os empregados e partiram, seguindo Jesus.

Também, como Marcos, o Evangelho segundo Mateus (4:18-22) descreve como Jesus recrutou quatro dos seus apóstolos nas margens do lago de Genesaré: o pescador Pedro e seu irmão André, e os irmãos João e Tiago.

O livro “Quando Voltar a Primavera” é mais uma joia literária com que nos presenteia o Espírito Amélia Rodrigues através da mediunidade de Divaldo Franco. Por meio das imagens construídas em sua narrativa, passamos a conhecer ainda mais, e melhor, a Vida e a Obra de Jesus e dos Apóstolos, os costumes e tradições dos povos daquela época.

Na obra citada, no capitulo 3, Brandos e Pacíficos, a autora espiritual afirma que Jesus realizava atendimentos e pregações à margem do Mar de Tiberíades:
“A azáfama do dia cedera lugar a terna e suave tranquilidade. As atividades fatigantes alongaram-se até as primeiras horas da noite, que se recamara de astros alvinitentes. Os últimos corações atendidos, à margem do lago, após a formosa pregação do entardecer, demandaram os seus sítios facultando que eles, a seu turno, volvessem à casa de Simão”.

Dando seguimento, diz que após repasto simples, o Mestre voltou à praia em companhia do apóstolo afeiçoado. Percebe-se dessa forma que as margens do lago era também um local escolhido por Jesus para realizar reflexões, com certeza orações e conversação renovadora com os companheiros de jornada. Comprovando nossos apontamentos, Amélia assevera que Cristo percebeu que Simão estava tristonho e interrogou com amabilidade:
“- Que aflição tisna a serenidade da tua face, Simão, encobrindo-a com o véu de singular tristeza? [...]
- Cansaço, Senhor. Sinto-me muitas vezes descoroçoado, no ministério abraçado... Não fosse por ti [...]. É verdade que devemos perdoar todas as ofensas, no entanto, como suportar a agressividade que nos fere, quando pretende admoestar e que humilha, quando promete ajudar?
- Guardando a paz do coração - redarguiu o divino Benfeitor.
- Todavia - revidou o discípulo sensibilizado - como conservar a paz, estando sitiado pela hipocrisia de uns, pela suspeita pertinaz de outros, sob o olhar severo das pessoas que sabemos em pior situação do que a nossa?
- Mantendo a brandura no julgamento - respondeu o Senhor.
- Concordo que a mansuetude é medicamento eficaz - redargüiu Pedro -, não obstante, não seria de esperarmos que os companheiros afeiçoados à luz nova também a exercitassem por sua vez? Quando a dúvida sobre nossas atitudes parte de estranhos, quando a suspeição vem de fora da grei, quando a agressividade nos chega dos inimigos da fé, podemos manter a brandura e a paz íntimas. Entrementes, sofrer as dificuldades apresentadas por aqueles que nos dizem amar, tomando parte no banquete do Evangelho, convém consideremos ser muito mais difícil e grave o cometimento...
Percebendo a angústia que se apossara do servo querido, o Mestre, paciente e judicioso, explicou:
- Antes de esperarmos atitudes salutares do próximo, cabe-nos o dever de oferecê-las. Porque alguém seja enfermo pertinaz e recalcitrante no erro, impedindo que a luz renovadora do bem o penetre e sare, não nos podemos permitir o seu contágio danoso, nem nos é lícito cercear-lhe a oportunidade de buscar a saúde. Certamente, dói-nos mais a impiedade de julgamento que parte do amigo e fere mais a descortesia de quem nos é conhecido. Ignoramos, porém, o seu grau de padecimento interior e a sua situação tormentosa. Nem todos os que nos abraçam fazem-no por amor, bem o sabemos... Há os que, incapazes de amar, duvidam do amor do próximo; os que mantendo vida e atitudess dúbias descrêem da retidão alheia; os que tropeçando e tombando descuram de melhorar a estrada para os que vêm atrás... Necessário compreendê-los todos e amá-los, sem exigir que sejam melhores ou piores, convivendo sob o bombardeio do azedume deles sem nos tornar-nos displicentes para com os nossos deveres ou amargos em relação aos outros[...]”

Gandhi, o inesquecível líder hindu, afirmou certa vez que o Sermão da Montanha é a mais bela página da Humanidade e que por si só preservaria os patrimônios espirituais humanos, ainda que se perdessem os livros sagrados de todas as religiões. O Sermão teve lugar numa colina com vista para o Lago de Genesaré. O evangelista Mateus o registrou nos capítulos 5, 6 e 7 do seu Evangelho, no qual Jesus compôs, com a simplicidade da sabedoria autêntica e com a profundidade da verdade revelada, uma síntese das leis morais que regem a evolução humana.  

Segundo Santo Agostinho o Sermão do Monte ou Sermão da Montanha é a “Perfeita Regra ou Padrão da Vida Cristã”, não há duvidas é uma codificação dos ensinamentos de Jesus. Contém a cerne da chamada Boa Nova, que Jesus nos trouxe com o objetivo de tirar a humanidade da ignorância e facilitar o seu progresso moral.

O local tradicional para o Monte das Bem-aventuranças é na margem noroeste do Mar da Galileia, entre Cafarnaum e Genesaré (Ginosar). A localização real do Sermão da Montanha não é certo, mas o lugar atual (também conhecido como Monte Eremos) foi comemorado durante mais de 1600 anos. Outras localizações sugeridas incluíram o Monte Arbel, este fica muito perto.

Figura 03 – Monte Eremos
FONTE: http://prjoseiadrn.blogspot.com.br/2012/03/o-monte-das-bem-aventurancas-em-israel.html
O Sermão do Monte inicia-se, segundo o apostolo Mateus (cap 5), com “As Beatitudes” ou “Bem-aventuranças” (que significa boa sorte, bom destino):
1 Jesus, pois, vendo as multidões, subiu ao monte; e, tendo se assentado, aproximaram-se os seus discípulos,
2 e ele se pôs a ensiná-los, dizendo:
3 Bem-aventurados os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus.
4 Bem-aventurados os que choram, porque eles serão consolados.
5 Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra.
6 Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça porque eles serão fartos.
7 Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia.
8 Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus.
9 Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus.
10 Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus.
11 Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguiram e, mentindo, disserem todo mal contra vós por minha causa.

Desta forma, o Mar da Galileia fez parte do cenário onde Jesus nos ensinou a conquistarmos os valores espirituais e nos desapegarmos da matéria. Falou-nos das consolações que esperam aqueles que sofrem e não perdem a coragem diante das lutas da vida; da fé na Justiça Divina que dá a cada um segundo suas obras e da esperança por dias melhores.

O Rabi da Galileia ainda nos ensina a importância de nos tornarmos mansos, justos, misericordiosos, limpos de coração e pacificadores.

Dando seguimento ao Sermão afirma que somos o sal da Terra e a luz do mundo, que a nossa grandeza ou pequenez espiritual está na razão direta das nossas boas ou más ações, na qualidade dos exemplos que dermos aos nossos irmãos.

Ensina a nos reconciliarmos com nossos irmãos enquanto estamos com eles no caminho e a extrairmos dos nossos corações todo o mal que nele existe para não perdermos a oportunidade.
Ensina-nos a amarmos os nossos inimigos, a sermos como o Nosso Pai que está nos céus, que faz com que o sol se levante sobre os bons e maus e como a chuva que cai sobre os justos e injustos.

Conclama-nos enfim, a sermos perfeitos como é perfeito o nosso Pai.

A necessidade da prática da caridade não é esquecida, assim como a postura que devemos ter no ato da prece.

O Mestre finaliza afirmando que todo aquele que escuta as suas palavras e as pratica é semelhante ao homem criterioso que construiu sua casa sobre a rocha. Diante da solidez da edificação, mesmo com as chuvas que caíram, com a correnteza dos rios e o sopro dos ventos, a casa não ruiu.

Figura 04 – Espirito Amélia Rodrigues
       FONTE: http://manancialdeluz.blogspot.com.br/2010_05_01_archive.html
O Espirito Amélia Rodrigues, por  Divaldo Pereira Franco, realiza notas de extraordinária grandiosidade no livro “Até O Fim Dos Tempos”, na página 34 ela justifica porque Jesus escolheu a Galileia para iniciar sua Missão e refere-se ao Mar de Tiberíades, nos convidando ao recolhimento e apaziguando o nosso coração tão carente:
“Jesus era o Messias esperado, que começara na humilde Galiléia, onde os corações eram mais afetuosos e os afazeres mais cativos: a pesca, o pastoreio, a agricultura...sem espaços mentais para as celeumas intermináveis em torno da Lei, a respeito da governança ignóbil disputada pelo romano desdenhoso e pelo Sinédrio arbitrário, todos porém, esmagando o povo, de que se utilizavam para explorar e afligir...
Aquela região, fresca e romanesca, tinha o seu espelho líquido onde o Sol diariamente se banhava entre os perfumes que se evolavam dos rosais silvestres misturados com as madressilvas miúdas que enxameavam na relva verdejante.
Oliveiras antigas desenhavam arabescos variados nos troncos retorcidos, enquanto as ondas se arrebentavam incessantemente entre seixos e conchas espalhados sobre a areia de tonalidade creme.
À orla do lago Genesaré, também conhecido como mar  da Galiléia, as aldeias,
habitadas por gentes simples, se multiplicavam entre as cidades de maior porte
como Magdala, Dalmanuta, Cafarnaum... À noite, quando as lâmpadas de barro vermelho acendiam suas  luzes, o poema da Natureza  se apresentava em tonalidades bruxuleantes e festivas constratando com as estrelas alvinitentes que fulgiam no zimbório escuro e cheio de mistérios...
Naquelas regiões, entre as vozes humanas e as onomatopéias, o Cantor entoava o Seu hino à vida em poemas de inefável amor que arrebatava, enquanto Suas mãos cariciosas limpavam as rudes penas que explodiam em pústulas virulentas, que afligiam os infelizes que dele se acercavam. O Seu  querer alterava os acontecimentos e os fenômenos da misericórdia de Deus se tornava realidade, produzindo júbilo e encantamento.
Os anciãos, por quase todos desdenhados, sentiam-se apoiados no cajado da Sua palavra vigorosa; as crianças, bulhentas e pouco compreendidas, silenciavam enquanto eram atraídas pela luz dos Seus olhos, e os Espíritos perversos fugiam da Sua presença.
Mesmo aqueles que se haviam tornado Seus adversários, movidos pela inveja
doentia e pela perversidade em que se compraziam, ao enfrentarem-no receavam o Seu poder, ante o qual se sentiam amesquinhados.
E Ele falava a respeito do reino dos céus em uma dimensão a que não estavam acostumados aqueles que o buscavam”.

Figura 05 – Jesus andando sobre o mar
FONTE:: http://enfoquegospel.com/articulistas/janderson-nunes/nao-de-barco-mas-por-cima-das-aguas/

Um outro episódio que merece destaque, é narrado por Mateus no capítulo 14:
22 Logo em seguida obrigou os seus discípulos a entrar no barco, e passar adiante dele para o outro lado, enquanto ele despedia as multidões.
23 Tendo-as despedido, subiu ao monte para orar à parte. Ao anoitecer, estava ali sozinho.
24 Entrementes, o barco já estava a muitos estádios da terra, açoitado pelas ondas; porque o vento era contrário.
25 Â quarta vigília da noite, foi Jesus ter com eles, andando sobre o mar.
26 Os discípulos, porém, ao vê-lo andando sobre o mar, assustaram-se e disseram: É um fantasma. E gritaram de medo.
27 Jesus, porém, imediatamente lhes falou, dizendo: Tende ânimo; sou eu; não temais.
28 Respondeu-lhe Pedro: Senhor! se és tu, manda-me ir ter contigo sobre as águas.
29 Disse-lhe ele: Vem. Pedro, descendo do barco, e andando sobre as águas, foi ao encontro de Jesus.
30 Mas, sentindo o vento, teve medo; e, começando a submergir, clamou: Senhor, salva-me.
31 Imediatamente estendeu Jesus a mão, segurou-o, e disse-lhe: Homem de pouca fé, por que duvidaste?
32 E logo que subiram para o barco, o vento cessou.
33 Então os que estavam no barco adoraram-no, dizendo: Verdadeiramente tu és Filho de Deus.
34 Ora, terminada a travessia, chegaram à terra em Genezaré.
35 Quando os homens daquele lugar o reconheceram, mandaram por toda aquela circunvizinhança, e trouxeram-lhe todos os enfermos;
36 e rogaram-lhe que apenas os deixasse tocar a orla do seu manto; e todos os que a tocaram ficaram curados.

Este fato que cogita ensinar o poder da fé, pois até mesmo nas circunstâncias mais adversas, a fé é apropriada para atribuir o poder de Deus é também descrito por Mateus ( 8 : 23-27), João ( 6: 16=24) e Marcos ( 4 : 35-41).

O Espiritismo explica o fenômeno através da mediunidade de efeitos físicos que Jesus, claro era portador. Este tipo de mediunidade depende do ectoplasma (energia psíquica), para erguer pessoas e objetos. Entretanto há um aspecto interessante que merece enfoque. Pedro pede para ir até onde Jesus está e devido às ondas e o vento, se apavora e começa a afundar. Jesus estende-lhe a mão e o salva.

Esta é uma mensagem de esperança e consolo. Quando atravessamos momentos doloridos da vida, perdemos a fé, a confiança em nós mesmos, e começamos a afundar. Neste momento surge alguém superior a nós, e estende-nos a mão, impedindo o nosso naufrágio no mar revolto da vida.

Figura 06 – Jesus acalma a tempestade
FONTE:: http://bibliotecabiblica.blogspot.com.br/2010/01/jesus-acalma-tempestade.html
Conta Lucas que:
22 Ora, aconteceu certo dia que entrou num barco com seus discípulos, e disse-lhes: Passemos à outra margem do lago. E partiram.
23 Enquanto navegavam, ele adormeceu; e desceu uma tempestade de vento sobre o lago; e o barco se enchia de água, de sorte que perigavam.
24 Chegando-se a ele, o despertaram, dizendo: Mestre, Mestre, estamos perecendo. E ele, levantando-se, repreendeu o vento e a fúria da água; e cessaram, e fez-se bonança.
25 Então lhes perguntou: Onde está a vossa fé? Eles, atemorizados, admiraram-se, dizendo uns aos outros: Quem, pois, é este, que até aos ventos e à água manda, e lhe obedecem?
O mar da Galileia fica a cerca de 213 metros abaixo do nível do mar Mediterrâneo. O local goza de clima semitropical, e o ar quente ali produzido, ao chocar-se com o ar frio, proveniente dos montes próximos, com frequência provoca tempestades violentas, o que é comprovado nos Evangelhos. Desta forma percebemos que os temporais, no lago da Galileia, eram inesperados e intensos, devido às condições atmosféricas e à configuração geográfica.

Encarnados em um planeta de provas e expiações também nos encontramos à mercê de temporais. Sem a proteção de Deus, todos nós estaríamos perdidos, tanto física quanto espiritualmente. Porém é possível dormir em meio à tempestade. Notemos que Jesus dormia. Ele esta na condição de um ser humano.

Os discípulos correram: “Como podes dormir assim, deixando-nos perecer?!” Foi apenas natural um grito desses, em uma emergência daquelas, mas seus clamores poderiam ter sido governados pela fé, e não pela dúvida amarga.

A palavra dita por Jesus produziu calmaria instantânea. Sua voz ainda pode ser ouvida por aqueles que escutam. Nenhuma força, até hoje, pode perturbar ou causar destruição, quando a alma dá ouvidos à Sua voz, e lhe obedece. A palavra de Jesus é suficiente para acalmar o mar agitado da nossa vida.

O livro "Após a Tempestade" dá-nos uma ideia bastante clara e lúcida, dos momentos que a humanidade vive atualmente. Diz-nos Joanna, abnegada mentora do médium Divaldo Franco e Espírito membro da falange dedicada ao processo educacional da alma humana, que “somente o amor, conforme ensinou e viveu o Cristo resolverá os magnos e angustiantes tormentos humanos”.

Figura 07 – Multiplicação dos pães e dos peixinhos
FONTE:: http://teresinianos.blogspot.com.br/2011/07/multiplicacao-dos-paes-xviii-dom-com.html
Mais uma vez o Mar da Galileia é testemunha de mais um feito do Mestre Jesus, é o que nos conta João no capítulo 6:
1 Depois disto partiu Jesus para o outro lado do mar da Galiléia, que é o de Tiberíades.
2 E grande multidão o seguia, porque via os sinais que operava sobre os enfermos.
3 E Jesus subiu ao monte, e assentou-se ali com os seus discípulos.
4 E a páscoa, a festa dos judeus, estava próxima.
5 Então Jesus, levantando os olhos, e vendo que uma grande multidão vinha ter com ele, disse a Filipe: Onde compraremos pão, para estes comerem? 
6 Mas dizia isto para o experimentar; porque ele bem sabia o que havia de fazer.
7 Filipe respondeu-lhe: Duzentos dinheiros de pão não lhes bastarão, para que cada um deles tome um pouco.
8 E um dos seus discípulos, André, irmão de Simão Pedro, disse-lhe:
9 Está aqui um rapaz que tem cinco pães de cevada e dois peixinhos; mas que é isto para tantos?
10 E disse Jesus: Mandai assentar os homens. E havia muita relva naquele lugar. Assentaram-se, pois, os homens em número de quase cinco mil.
11 E Jesus tomou os pães e, havendo dado graças, repartiu-os pelos discípulos, e os discípulos pelos que estavam assentados; e igualmente também dos peixes, quanto eles queriam.
12 E, quando estavam saciados, disse aos seus discípulos: Recolhei os pedaços que sobejaram, para que nada se perca. 
13 Recolheram-nos, pois, e encheram doze alcofas de pedaços dos cinco pães de cevada, que sobejaram aos que haviam comido.
14 Vendo, pois, aqueles homens o milagre que Jesus tinha feito, diziam: Este é verdadeiramente o profeta que devia vir ao mundo.

Mateus (14:13-21), Marcos (6:30-34) e Lucas 9:10-17 também citam a multiplicação dos pães e peixinhos. Como espíritas não acreditamos em milagres, mas também não somos descrentes, por isso vamos analisar alguns ângulos.

Em primeiro lugar concordamos com alguns estudiosos, que consideram excesso da admiração dos apóstolos afixar o número dos que foram alimentados em 5.000 homens, fora as mulheres e as crianças. É verdadeiramente um exagero, se considerarmos que as aldeias teriam poucas centenas de habitantes, seria necessário esvaziar inúmeras aldeias e não se chegaria ao número citado.

Alguns autores explicam o ocorrido através do fenômeno mediúnico do "transporte". Ou seja, os espíritos transportam objetos de fora para dentro de uma sala, mesmo com as portas fechadas. Há, também, o fenômeno de materialização. O objeto transportado se materializa no local. Estes confrades defendem que os espíritos subordinados a Jesus poderiam transportar os pães e peixinhos fritos até o local. No entanto naquela época o pão era feito pela dona de casa para o consumo de uma semana ou eram vendidos em pequenos estabelecimentos. Com certeza se os pães fossem transportados certamente os proprietários sofreriam grande prejuízo, assim como as famílias, que ficariam sem o pão da semana.

Uma outra explicação seria ponderar que os espíritos assistentes do Mestre, utilizaram a matéria disseminada no espaço e materializassem os pães e peixinhos. Não há duvida que Jesus tivesse condições de fazer ou mandar fazer em grande escala.

Por outro lado alguns estudiosos da Doutrina Espirita defendem que muitas pessoas teriam levado lanches e estavam escondendo só para si. Com as palavras de amor e fraternidade de Jesus, e o gesto humilde do rapazinho que entregou os seus pães e peixinhos fritos, todos dividiram com todos, o que traziam. Podemos assim afirmar que houve o milagre da fraternidade, da solidariedade.

Metaforicamente podemos aceitar que o pão do espírito, a Boa Nova ensinada pelo Mestre, alimenta multidões, e ainda sobra muita coisa, não terminando nunca.

Podemos concluir meditando sobre a letra de um poema, ditado pelo Espirito Meimei a Francisco Cândido Xavier:

“Desejava, Jesus,
Ter um grande armazém
De bondade constante
Maior do que os maiores que conheço
Para entregar sem preço
As criaturas de qualquer idade
As encomendas de felicidade
Sem perguntar a quem.

Eu desejava ter um braço mágico
Que afagasse os doentes
Sem qualquer distinção
E um lar onde coubesse
Todas as criancinhas
Para que não sentissem solidão.
Desejava, Senhor,
Todo um parque de amor
Com flores que cantassem,
Embalando os pequeninos
Que se encontram no leito
Sem poderem sair,
E uma loja de esperança
Para todas as mães.

Eu queria ter comigo
Uma estrela em cuja luz
Nunca pudesse ver
Os defeitos do próximo
E dispor de uma fonte cristalina
De água suave e doce
Que pudesse apagar
Toda palavra que não fosse
Vida e felicidade.

Eu queria plantar
Um jardim de união
Junto de cada moradia
Para que as criaturas se inspirassem
No perfume da paz e da alegria.

Eu queria, Jesus,
Ter os teus olhos
Retratados nos meus
A fim de achar nos outros,
Nos outros que me cercam,
Filhos de Deus
E meus irmãos que devo compreender e respeitar.

Desejava, Senhor, que a bênção do Natal
Estivesse entre nós, dia por dia,
E queria ter sido
Uma gota de orvalho
Na noite em que nasceste
A refletir,
Na pequenez de minha condição,
A luz que vinha da canção Entoada nos Céus:
 - “Glória a Deus nas Alturas,
Paz na Terra, Boa Vontade em tudo,
Agora e para sempre!...”


Leitura consultada e recomendada:

A Bíblia Sagrada. Tradução de João Ferreira de Almeida. Edição Familiar: Difusão Cultural do Livro

AQUINHO, Rubim Santos Leão de. História das sociedades – das comunidades primitivas às sociedades medievais. 1.ed. 8.reimpressão. Rio de Janeiro, RJ: Editora ao Livro Técnico, 1993

BLAINEY, Geoffrey. Uma breve história do mundo.[versão brasileira da editora].2.ed. São Paulo, SP: Editora Fundamento Educacional, 2008

FRANCO, Divaldo Pereira. Após a tempestade. Pelo Espírito Joanna de Ângelis. 6 Salvador: LEAL, 1974.

FRANCO, Divaldo Pereira. Até O Fim Dos Tempos. Pelo Espírito Amélia Rodrigues. Salvador: LEAL, 2000..

FRANCO, Divaldo Pereira. Brandos e pacíficos. In:___. Quando voltar a primavera. Pelo espírito Amélia Rodrigues. 5. ed. Salvador: LEAL, 1994. cap. 3.
FRANCO, Divaldo Pereira. Há flores no caminho. Pelo Espírito Amélia Rodrigues.6.ed. Salvador, BA: LEAL Editora, 2002

FRANCO, Divaldo Pereira. Pelos caminhos de Jesus. Pelo Espírito Amélia Rodrigues. 6.ed. Salvador, BA: LEAL Editora, 2002
FRANCO, Divaldo Pereira. Pena de morte. In.:___. Após a tempestade. Pelo espírito Joanna de Ângelis. Salvador:LEAL, 1974.

FRANCO, Divaldo Pereira. Primícias do Reino. Pelo Espírito Amélia Rodrigues. 11.ed. Salvador, BA: LEAL Editora, 2008

FRANCO, Divaldo Pereira. Sou Eu – a paixão de Cristo na visão Espírita. 

FRANCO, Divaldo Pereira. Um encontro com Jesus. Compilado por Délcio Carlos Carvalho. 1.ed. Salvador, BA: LEAL Editora, 2007

JAGUARIBE, Helio. Um estudo crítico da história – volume I.  Tradução de Sergio Bath. 1.ed. São Paulo, SP: Paz e Terra, 2001

RENAN, Ernest. Vida de Jesus  Tradução de Eliana Maria de A. Martins. 1.ed. São Paulo, SP: Editora Martin Claret, 2004

VERMES, Geza. Quem é quem na época de Jesus. Tradução de Alexandre Martins. Revisão técnica de Marcos de Castro. 1.ed. Rio de Janeiro, RJ: Record, 2008


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