quarta-feira, 11 de junho de 2014

Espiritismo e a abolição da escravatura

Como sabemos, a implantação do sistema escravagista em nosso País coincidiu praticamente com a chegada de Pedro Álvares Cabral às terras brasileiras.


Dr. Bezerra de Menezes escreveu um trabalho titulado “A escravidão no Brasil e as medidas que convém tomar para extingui-la sem danos para a nação”. Nessa belíssima obra, Bezerra descreveu a situação do homem da raça negra no ano de 1869 nas nossas terras. Afirmou que o escravo era considerado uma coisa e para quem o possuía, ele não era mais que uma propriedade, bens da fortuna, dos quais o branco procurava tirar todo o proveito, todo o lucro possível.

Figura 01 – Escravidão no Brasil - 1888
             FONTE: http://diariodosol.com.br/noticias/2013/11/


Afirmou que a educação desse “simulacro” [reprodução imperfeita] de gente, limitava-se a algum ofício mecânico, que o tornava mais rendoso a seu senhor e que o modo desumano de criar, de educar e de tratar o escravo, não produzia somente o mal horrendo do embrutecimento e da degradação moral de uma raça humana; mas também os maiores e os mais invencíveis perigos que futuramente iriam ameaçar a paz e a felicidade das famílias.

Dando seguimento a sua narrativa, assegurou que o escravo embrutecido pela educação que recebia e pela vida que levava, não conhecia a honra. Desta condição sub-humana, resultou a prostituição, com todo o cortejo de vícios humanos, sendo esta, a condição da mulher escrava.

Afiançou que o ódio e o desejo ardente, insaciável de vingança, era o sentimento mais forte do coração do negro para com a raça branca em geral, e para com seu senhor em particular.

No dia 13 de maio de 1869, dezenove anos antes da decretação da Lei Áurea, o confrade Antônio da Silva Neto, pioneiro do Espiritismo no Brasil, publicou o folheto “A coroa e a emancipação do elemento servil”, focalizando um tema que Allan Kardec havia verificado no O Livro dos Espíritos, na questão 829.

Pesquisou Kardec: – Haverá homens que estejam, por natureza, destinados a ser propriedades de outros homens?

Os Espíritos lhe responderam: “É contrária à lei de Deus toda sujeição absoluta de um homem a outro homem. A escravidão é um abuso da força. Desaparece com o progresso, como gradativamente desaparecerão todos os abusos.”

Allan Kardec, em brilhante ensaio, que é a questão 222, do O Livro dos Espíritos, defende, com argumentação indiscutível, o imperativo da reencarnação sob a ótica da justiça e da misericórdia de Deus. É um trabalho monumental, até hoje não contestado por filósofo ou teólogo algum.

Segundo Kardec a doutrina reencarnacionista é a única que não é racista, pois demonstra que Deus não seria justo se criasse um Espírito imortal dentro de uma raça. Todos os Espíritos pertencem a uma única raça, à raça divina, porque somos filhos de Deus.   

Na resposta da questão 273, do O Livro dos Espíritos, observamos:” Um senhor, que tenha sido de grande crueldade para os seus escravos, poderá, por sua vez, tornar-se escravo e sofrer os maus tratos que infligiu a seus semelhantes. Um, que em certa época exerceu o mando, pode, em nova existência, ter que obedecer aos que se curvaram ante a sua vontade. Ser-lhe-á isso uma expiação, que Deus lhe imponha, se ele abusou do seu poder. Também um bom Espírito pode querer encarnar no seio daquelas raças, ocupando posição influente, para fazê-las progredir. Em tal caso, desempenha uma missão.”

Analisado o cap. V do livro “Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho”, de autoria de Humberto de Campos, psicografado pelo médium Francisco Cândido Xavier, cujo prefácio é de Emmanuel, Espírito que participou da codificação, citamos:

“– Ismael (disse Jesus ao protetor espiritual do Brasil), asserena teu mundo íntimo no cumprimento dos sagrados deveres que te foram confiados. Bem sabes que os homens têm a sua responsabilidade pessoal nos feitos que realizam em suas existências isoladas e coletivas. Mas, se não podemos tolher-lhes aí a liberdade, também não podemos esquecer que existe o instituto imortal da justiça divina, onde cada qual receberá de conformidade com os seus atos.

“Havia eu determinado que a Terra do Cruzeiro se povoasse de raças humildes do planeta, buscando-se a colaboração dos povos sofredores das regiões africanas; todavia, para que essa cooperação fosse efetivada sem o atrito das armas, aproximei Portugal daquelas raças sofredoras, sem violências de qualquer natureza. A colaboração africana deveria, pois, verificar-se sem abalos perniciosos, no capítulo das minhas amorosas determinações.

“O homem branco da Europa, entretanto, está prejudicado por uma educação espiritual condenável e deficiente. Desejando entregar-se ao prazer fictício dos sentidos, procura eximir-se aos trabalhos pesados da agricultura, alegando o pretexto dos climas considerados perniciosos. Eles terão a liberdade de humilhar os seus irmãos, em face da grande lei do arbítrio independente, embora limitado, instituído por Deus para reger a vida de todas as criaturas, dentro dos sagrados imperativos da responsabilidade individual; mas, os que praticarem o nefando comércio sofrerão, igualmente, o mesmo martírio, nos dias do futuro, quando forem também vendidos e flagelados em identidade de circunstâncias.

“Na sua sede nociva de gozo, os homens brancos ainda não perceberam que a evolução se processa pela prática do bem e que todo o determinismo de Nosso Pai deve assinalar-se pelo ‘amai o próximo como a vós mesmos’.

“Ignoram voluntariamente que o mal gera outros males com um largo cortejo de sofrimentos. Contudo, através dessas linhas tortuosas, impostas pela vontade livre das criaturas humanas, operarei com a minha misericórdia. Colocarei a minha luz sobre essas sombras, amenizando tão dolorosas crueldades. Prossegue com as tuas renúncias em favor do Evangelho e confia na vitória da Providência Divina.” 

Depois de registrar em seu livro a fala acima transcrita, Humberto de Campos (Espírito) descreveu as sucessivas provações que se abateram sobre Portugal e sua gente, que desse modo expiavam a dor imposta aos africanos escravizados, e por fim observou:

“Os filhos da África foram humilhados e abatidos, no solo onde floresciam as suas bênçãos renovadoras e santificantes; o Senhor, porém, lhes sustentou o coração oprimido, iluminando o calvário dos seus indizíveis padecimentos com a lâmpada suave do seu inesgotável amor. Através das linhas tortuosas dos homens, realizou Jesus os seus grandes e benditos objetivos, porque os negros das costas africanas foram uma das pedras angulares do monumento evangélico do Coração do Mundo. Sobre os seus ombros flagelados, carrearam-se quase todos os elementos materiais para a organização física do Brasil e, do manancial de humildade de seus corações resignados e tristes, nasceram lições comovedoras, imunizando todos os espíritos contra os excessos do imperialismo e do orgulho injustificáveis das outras nações do planeta, dotando-se a alma brasileira dos mais belos sentimentos de fraternidade, de ternura e de perdão.” 

Quando da abolição da escravatura no Brasil, fazia apenas 31 anos que o Espiritismo havia surgido na França.

Muitos autores consideram que a escravidão no Brasil, a maior aberração de que se tem notícia neste planeta. Um ser humano ser propriedade de outro ser humano. Nenhum crime, por mais bárbaro que seja, é tão vergonhoso à condição humana quanto a escravização do seu semelhante.

Oficialmente, havia pouco mais de 700 mil escravos na data da abolição. Em poucos anos, mais da metade deles havia morrido. Acostumados ao trabalho nas fazendas, em sua maioria, foram se aventurar nas cidades, sem ter recursos ou paradeiro. Muitos caíram no alcoolismo, na criminalidade, na mendicância. Tiveram início as primeiras favelas. Milhares de idosos e crianças ficaram abruptamente sem proteção, sem cuidado, sem nada. As sequelas dessa época duram até hoje.

O Brasil foi construído a braço negro. Somos um país de bases negras. Somos um país onde durante séculos o trabalho era considerado ofensivo aos brancos dominantes.

Para Divaldo Franco o Brasil é um país que não tem carmas coletivos. Nossos dois grandes carmas são a escravidão negra e a Guerra do Paraguai. A escravidão negra foi condenada pela Princesa Isabel e era uma herança portuguesa. A Guerra do Paraguai foi uma reação à intolerância do governante paraguaio quando mandou aprisionar um navio brasileiro. Mas, para ele o nosso país resgatou essa dívida moral com o Paraguai através da Usina de Itaipu, que abriu grandes possibilidades para a pátria irmã.

Desta forma finalizamos afirmando que o Brasil é um país que se destina, pelo fato de não ter grandes carmas, a ser doador de diretrizes e exemplos de dignificação humana. A nossa miscigenação produziu um povo afável, generoso e que não guarda ressentimentos.

domingo, 13 de abril de 2014

Mediunidade com Jesus

Vianna de Carvalho em “Atualidade do pensamento Espírita” (psicografia de Divaldo Franco), nos lembra que o “Espiritismo é Doutrina dos Espíritos e, portanto, que se desenvolve mediante o contado permanente com eles. Em uma Casa Espirita o exercício da mediunidade e a sua prática saudável são essências ao bom desempenho dos seus postulados e propósitos.”

Figura 01 – Mediunidade com Jesus
                                                                FONTE: https://www.google.com.br/search?q=jesus    

O Centro Espírita deve dispor aos interessados as orientações fundamentadas na codificação Espirita, para o exercício seguro e saudável da mediunidade.

Seria muito importante lembrar que assevera o Espírito Manoel Philomeno de Miranda, em página psicografada pelo médium Divaldo P. Franco na noite de 2 de março de 2000, que “a mediunidade é uma faculdade portadora de intrincados, sutis e complexos mecanismos, que tem muito a ver com o passado do medianeiro, bem como se relaciona com as suas possibilidades de serviço e de integração no programa de iluminação da própria e de outras consciências.”

Na mensagem supracitada, o Benfeitor se refere a mediunidade como a “porta estreita”, que constantemente é instrumento de “auto encontro e de crescimento moral-espiritual”, enfatizando que é “uma ponte por onde transitam os Espíritos que permanecem vinculados àqueles que prosseguem reencarnados nas paisagens terrenas.”

Miranda complementa o pensamento de Vianna de Carvalho lembrando que o Centro Espírita é uma escola educativa e uma oficina de trabalho onde o amor e o conhecimento orientam as vidas no rumo da autoconsciência.

Adverte o autor espiritual Philomeno que o médium é, basicamente, um “Espírito em prova”, resgatando equívocos e débitos que lhe ficaram na retaguarda moral. A presença da faculdade não lhe concede qualquer tipo de privilégio ou destaque na sociedade, “não devendo constituir lhe motivo de orgulho ou de ostentação, antes sendo-lhe um especial instrumento para o ajudar na reparação de dívidas e adquirir o equilíbrio espiritual.”

O mediunato é alcançado mediante sacrifício pessoal e muita renúncia, trabalho
perseverante e humildade.

Finaliza a mensagem ressaltando que “a prática mediúnica, por consequência, deve ser realizada com seriedade, elevação e siso, seguindo-se, à risca as diretrizes estabelecidas em O LIVRO DOS MÉDIUNS, de Allan Kardec e a contribuição complementar que vem sendo apresentada, após a Codificação, por estudiosos encarnados e pelos Espíritos encarregados de manter a Obra conforme se encontra consolidada na Doutrina Espírita.”

Deuteronômio é um dos livros do Antigo Testamento que se encontra depois do Livro dos Números e antes do Livro de Josué, cuja autoria é, tradicionalmente, atribuída a Moisés. Afirmam os estudiosos que o citado livro contém os discursos de Moisés ao povo, no deserto, durante seu êxodo do Egito à Terra Prometida por Deus.

Deuteronômio é um nome é de origem grega e significa: segunda lei ou repetição da lei.

Moisés, o missionário da 1ª Revelação e o legislador, responsável pela lei civil ou disciplinar, faz constar em Deuteronômio, cap. 18 a proibição de consultar os mortos:
Deuteronômio, 18 : 11-12
11 Nem encantador, nem quem consulte a um espírito adivinhador, nem mágico, nem quem consulte os mortos;
12 Pois todo aquele que faz tal coisa é abominação ao Senhor; e por estas abominações o Senhor teu Deus os lança fora de diante de ti.

Em primeiro lugar, é necessário recordar que não se proibi condutas que não são plausíveis. Assim, podemos afiançar que se Moisés proibia a consulta aos mortos é porque era possível evocar aqueles que haviam morrido. Com certeza Moisés não iria proibir consultar os mortos se os mortos não pudessem ser consultados. Por outro lado, essa proibição de Moisés comprova a imortalidade da alma.

Fazendo uma análise dessa interdição de Moisés, levando em consideração que o direito só proíbe as consultas nocivas e constantes, podemos pensar que o povo hebreu tinha o costume de consultar os mortos, indagando sobre os mais diversos assuntos. Talvez esse foi um hábito adquirido durante a sua passagem pelo Egito, Sumaria e outros povos do oriente.

Na época de Moisés a humanidade encontrava-se no estágio de infância espiritual, exigindo, desta forma um legislador severo, disciplinador, duro, que oferecesse uma série de proibições. Com o passar dos tempos, as características da humanidade foram se alterando, exigindo missionários com atributos próprios. Observamos que uma das características da idade média era a usura, cupidez, demandando um missionário como Francisco de Assis. Por outro lado o século XIX foi marcado pela intelectualidade, demandando um catequista como Allan Kardec. 

Os componentes do Grupo Espirita “Luis Conzaga”, de Pedro Leopoldo, assim como vários espiritas de diferentes pontos, realizaram uma série de questionamentos que foram direcionados a Emmanuel. O Benfeitor, selecionou 411 perguntas, catalogou, respondeu e desta forma surgiu o livro “O Consolador”.

Na questão 274, perguntam a Emmanuel: Qual a intenção de Moisés no Deuteronômio, recomendando “que ninguém interrogasse os mortos para saber a verdade? O Benfeitor responde:
“... A época de Moisés não comportava as indagações do Invisível, porquanto o comércio com os desencarnados se faria com um material humano excessivamente grosseiro e inferior.”

Observem que Emmanuel utiliza a expressão “comércio com os desencarnados”, nos levando a buscar a fazer uma reflexão sobre o significado do vocábulo. Vamos encontrar a resposta em outra obra de Emmanuel, ditada a Chico Xavier 30 anos depois do livro O Consolador - Mediunidade e Sintonia:
“Não nos esqueçamos, porém, de que o movimento é de intercâmbio. Se o homem recebe o concurso dos Espíritos Benfeitores, é natural que os Espíritos Benfeitores algo esperem igualmente do Homem. Nada existe sem permuta ou sem resultado.”

Concluímos assim, que na época de Moisés, há mais de 3.000 anos atrás a humanidade ainda se encontrava em uma fase pueril. Seria perigoso permitir o intercâmbio, porque os homens ainda padeciam de uma criancice espiritual. Procuravam os Espíritos para indagar sobre questões banais, profundamente ligadas a matéria. Não estavam ainda sensibilizados para as profundas questões espirituais.

O Livro de Joel faz parte do Antigo Testamento, foi escrito pelo profeta Joel. Alguns sustentam que foi escrito aproximadamente em 400 aC. Em Joel 2:28-29, vamos observar:
28 E há de ser que, depois derramarei o meu Espírito sobre toda a carne, e vossos filhos e vossas filhas profetizarão, os vossos velhos terão sonhos, os vossos jovens terão visões.
29 E também sobre os servos e sobre as servas naqueles dias derramarei o meu Espírito. 

Da proibição vamos evoluímos para a promessa.

Meditando sobre a expressão “Derramarei o meu Espírito”, percebemos que a profecia significava que a luz seria derramada sobre as trevas.

No o livro “O Consolador”, na questão 382, é indagado a Emmanuel: Qual a verdadeira definição da mediunidade? O Benfeitor esclarece que:
“a mediunidade é aquela luz que seria derramada sobre toda carne e prometida pelo Divino Mestre aos tempos do Consolador, atualmente em curso na Terra. A missão mediúnica [...] é uma das mais belas oportunidades de progresso e de redenção concedidas por Deus aos seus filhos misérrimos [...] Sendo luz que brilha na carne, a mediunidade é atributo do Espírito, patrimônio da alma imortal, elemento renovador da posição moral da criatura terrena [...].”

No momento que o Planeta Terra começa a se preparar para se transformar em um Mundo de Regeneração, surge o Consolador prometido, derramando luz, ou seja, difundindo a mediunidade.

No Velho Testamento a expressão carne representa a fragilidade humana do corpo físico, que é perecível e que está sujeita a Lei de Renovação.

Após a proibição de Moisés o próprio Cristo encarna para divulgar um novo código de conduta – A BOA NOVA. O Novo Testamento é rico em manifestações mediúnicas.

Eurípedes Barsanulfo, na obra “O Espírito da Verdade”, ditado por diversos Espíritos, e psicografado por Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira, no capitulo 67, lembra que Jesus começa o apostolado divino, santificando lhe os valores na clariaudiência e na clarividência entre Maria e Isabel, José e Zacarias, Ana e Simeão, no estabelecimento da Boa Nova.

Dando seguimento, esclarece que a mediunidade foi sublimada na inspiração junto aos doutores do Templo; exaltando-a nos fenômenos de efeitos físicos, ao transformar a água em vinho, nas bodas de Caná; honorificando-a, nas atividades de cura, em transmitindo passes de socorro aos cegos e paralíticos, desalentados e aflitos, reconstituindo-lhes a saúde; ilustrando-a na levitação, quando caminha sobre as águas; dignificando-a nas tarefas de desobsessão, ao instruir e consolar os desencarnados sofredores por intermédio dos alienados mentais que lhe surgem à frente; glorificando-a na materialização, em se transfigurando ao lado de Espíritos radiantes, no cimo do Tabor, e elevando-a sempre, no magnetismo sublimado, seja aliviando os enfermos com a simples presença, revitalizando corpos cadaverizados, multiplicando pães e peixes para a turba faminta ou apaziguando as forças da natureza.

Na opinião dos estudiosos da Doutrina Espirita o fenômeno maior relevância no Novo Testamento é a Transfiguração de Jesus no monte Tabor, narrada pelo Evangelista Mateus no 17 capitulo de seu livro:
1 Seis dias depois, tomou Jesus consigo a Pedro, e a Tiago, e a João, seu irmão, e os conduziu em particular a um alto monte,
2 E transfigurou-se diante deles; e o seu rosto resplandeceu como o sol, e as suas vestes se tornaram brancas como a luz.
3 E eis que lhes apareceram Moisés e Elias, falando com ele.
4 E Pedro, tomando a palavra, disse a Jesus: Senhor, bom é estarmos aqui; se queres, façamos aqui três tabernáculos, um para ti, um para Moisés, e um para Elias.
5 E, estando ele ainda a falar, eis que uma nuvem luminosa os cobriu. E da nuvem saiu uma voz que dizia: Este é o meu amado Filho, em quem me comprazo; escutai-o.
6 E os discípulos, ouvindo isto, caíram sobre os seus rostos, e tiveram grande medo.
7 E, aproximando-se Jesus, tocou-lhes, e disse: Levantai-vos, e não tenhais medo.
8 E, erguendo eles os olhos, ninguém viram senão unicamente a Jesus.
9 E, descendo eles do monte, Jesus lhes ordenou, dizendo: A ninguém conteis a visão, até que o Filho do homem seja ressuscitado dentre os mortos.

No Novo Testamento começa o processo de liberação da luz prometida, sendo o ponto de partida o fenômeno espetacular da transfiguração do próprio Cristo e a Aparição de Moisés e Elias, os dois grandes profetas da 1ª Revelação.

Jesus pede cautela. Solicita prudência, deixando uma lição imortal para todos nós: mediunidade é algo sério que exige seriedade, cautela e prudência.

Jesus inicia o processo de abertura com a presença apenas de 3 Apóstolos: Pedro, João e Tiago.

Vamos fazer uma reflexão sobre a expressão de Jesus quando afirma segundo Mateus: “até que o Filho do homem seja ressuscitado dentre os mortos”. Para o povo hebreu morrer significava deitar-se, e ressurgir dentre os mortos, desencarnar, significava levantar-se novamente para o plano espiritual.

O que Jesus solicitava é que Pedro, João e Tiago aguardassem a comprovação de sua imortalidade para que a mediunidade fosse distribuída - espalhada para todo o Colégio Apostólico. 

Os Atos dos Apóstolos é o quinto livro do Novo Testamento. Geralmente conhecida apenas como Actos, ele descreve a história da Era Apostólica. O autor é tradicionalmente identificado como Lucas, o Evangelista.

Em Atos dos Apóstolos 2:1-5 pode-se ler:
1 Ao cumprir-se o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar.
2 De repente veio do céu um ruído, como que de um vento impetuoso, e encheu toda a casa onde estavam sentados.
3 E lhes apareceram umas línguas como que de fogo, que se distribuíam, e sobre cada um deles pousou uma.
4 E todos ficaram cheios do Espírito Santo, e começaram a falar noutras línguas, conforme o Espírito lhes concedia que falassem.
5 Habitavam então em Jerusalém judeus, homens piedosos, de todas as nações que há debaixo do céu.

No calendário judaico, o dia de Pentecostes está simbolicamente ligado ao festival judaico da colheita, que comemora a entrega dos Dez Mandamentos no Monte Sinai.

O Espírito Emmanuel na obra “Caminho, Verdade e Vida”, através da mediunidade de Francisco Cândido Xavier, no capitulo 10, afirma que no dia de Pentecostes, Jerusalém estava repleta de forasteiros. Filhos da Mesopotâmia, da Frígia, da Líbia, do Egito, cretenses, árabes, partos e romanos que se aglomeravam na praça extensa, quando os discípulos humildes do Nazareno anunciaram a Boa Nova, atendendo a cada grupo da multidão em seu idioma particular.

Conforme Emmanuel Simão Pedro destaca-se e esclarece que se trata da luz prometida pelos céus à escuridão da carne. Dando seguimento as suas orientações, Emmanuel esclarece que até aquele dia, “os discípulos eram frágeis e indecisos, mas, dessa hora em diante, quebraram as influências do meio, curam os doentes, levantam o espírito dos infortunados, falam aos reis da Terra em nome do Senhor. Estabelecer-se a era da mediunidade, alicerce de todas as realizações do Cristianismo, através dos séculos.”
 
Iniciadas, aproximadamente, no ano 33 da era cristã, as viagens missionárias de Paulo revelaram a sua missão especial como “Apóstolo dos gentios”. Ele percorreu grandes distâncias a pé, divulgando o Evangelho. Chegou um momento que ele se sentiu incapaz de atender a todas as comunidades. Os grupos cresciam, assim como as dificuldades e as dúvidas se multiplicavam.

Segundo Emmanuel, na obra “Paulo e Estevão”, também psicografada por Francisco Cândido Xavier, Paulo temendo não estar à altura da tarefa que lhe foi confiada, receando não corresponder às expectativas que Jesus lhe tinha depositado, recolheu-se na Igreja de Corinto em prece em lágrimas. Nesse momento viu a figura de Jesus que lhe orientou:
“Não te atormentes com as necessidades do serviço.
É natural que não possas assistir pessoalmente a todos, ao mesmo tempo.
Mas é possível a todos satisfazeres, simultaneamente, pelos poderes do espírito.[...]
Poderás resolver o problema escrevendo a todos os irmãos em meu nome [...] 
Doravante, Estevão permanecerá mais conchegado a ti, transmitindo-te meus pensamentos, e o trabalho de evangelização poderá ampliar-se em benefício dos sofrimentos e das necessidades do mundo.”

Inicia-se o fenômeno da psicografia. Jesus coloca o 1º mártir, Estevão, perseguido, condenado e executado pelo próprio Paulo, o verdugo ao lado da vítima, mas com um objetivo elevado. Cabendo a Estevão interpretar o pensamento de Jesus e transmitir a Paulo. Nesse momento surge na Terra o intercambio da Esfera do Cristo com a Esfera dos homens.

Assevera Emmanuel que o pensamento do Cristo se materializa através de Estevão, utilizando Paulo. É claro com uma linguagem adequada a época.

Nesse momento conclamamos a todos a perceberem que é Jesus quem orienta os rumos da mediunidade.

Paulo julgou não dever atuar por si só e chamou Timóteo e Silas para redigir a primeira de suas famosas epístolas.

Corinto era a capital da província de romana de Acaia, foi uma importante cidade fundada pelos gregos. Um dos grandes problemas da cidade era o uso e abuso dos poderes mediúnicos.

Paulo escreveu duas epístolas aos coríntios, destacando, em ambas, Jesus como a sabedoria de Deus. As Epístolas aos Conríntios é o primeiro tratado que se tem notícia sobre a mediunidade.

No dia 3 de outubro de 1943, através de uma mensagem, o Benfeitor Emmanuel apresenta um “Novo Amigo”, o Espírito André Luiz, introduzindo assim o livro “Nosso Lar”, psicografado por Francisco Cândido Xavier.

Na referida missiva Emmanuel aconselha que “o intercâmbio com o invisível é um movimento sagrado, em função restauradora do Cristianismo puro”, dando seguimento faz uma nota:
“Ninguém, todavia, se descuide das necessidades próprias, no lugar que ocupa pela vontade do Senhor.”

Em 13 de maio de 1945, o Espirito Emmanuel escreve o prefácio do 3º livro da Coleção “A Vida no Mundo Espiritual”: Missionários da Luz, ditado pelo espirito André Luiz, através da mediunidade de Francisco Cândido Xavier.

No capítulo 9, da citada obra, Mediunidade e fenômeno, André Luiz descreve uma reunião no plano espiritual, na qual o Benfeitor Alexandre realiza uma palestra. Durante o sono físico, encarnados espiritualistas, não só espiritas, são conduzidos ao mundo espiritual para assistirem a citada palestra. A maioria deles com tarefas no plano físico ligadas a mediunidade.

Podemos observar que a humanidade já não se encontrava na infância espiritual, mas na maturidade espiritual. Jesus, de acordo com o Divino planejamento, continua expandido a luz da esperança aos Espíritos famintos. Homens, mulheres amadurecidos intelectualmente e emocionalmente para o comercio, ou seja, intercâmbio com as esferas superiores.

Na conferência supracitada, o Mentor Alexandre afirma:
“A possibilidade de comerciar emoções com as esferas invisíveis que vos rodeiam não representa, de modo algum, a realização espiritual imprescindível à edificação divina de cada um de nós, porque o problema da glória mediúnica não consiste em ser instrumento de determinadas Inteligências, mas em ser instrumento fiel da Divindade.”

Acrescenta, com destaque:
“Mediunidade constitui “meio de comunicação”, e o próprio Jesus nos afirma: “eu sou a porta... se alguém entrar por mim será salvo e entrará, sairá e achará pastagens”! [...] Doravante seguiremos confiantes e convictos dos ensinamentos da doutrina espírita, na absoluta certeza de que o próprio Senhor Jesus é, O Espírito de Verdade.”

Nove anos depois, em 1954, o Espirito Emmanuel escreve o prefácio do 8º livro da Coleção “A Vida no Mundo Espiritual”: Nos Domínios da Mediunidade, ditado pelo espirito André Luiz, através da mediunidade de Francisco Cândido Xavier.

Na oportunidade o Benfeitor afirma que:
“Todos somos médiuns, dentro do campo mental que nos é próprio, associando-nos às energias edificantes, se o nosso pensamento flui na direção da vida superior, ou às forças perturbadoras e deprimentes, se ainda nos escravizamos às sombras da vida primitivista ou torturada.”

Desta forma, podemos concluir que assim como o avarento é instrumento das forças miseráveis do mundo espiritual, o caridoso é instrumento da bondade do mundo maior.

Se procuramos o plano espiritual objetivando receber orientação, os Benfeitores também nos buscam como instrumento para a concretização dos propósitos do Cristo. É esse o comercio, é esse o intercâmbio, é essa a permuta.

Poderemos finalizar nossas humildes anotações lembrando Allan Kardec no Evangelho Segundo o Espiritismo, capitulo XXIV, item 12, quando afirma:
“A mediunidade não implica necessariamente em relações habituais com os Espíritos superiores. É apenas uma aptidão para servir de instrumento mais ou menos útil aos Espíritos em geral. O bom médium, pois, não é aquele que comunica facilmente, mas aquele que é simpático aos bons Espíritos e somente deles têm assistência. Unicamente neste sentido é que a excelência das qualidades morais se torna onipotente sobre a mediunidade.”


Bibliografia

1.BÍBLIA DE JERUSALÉM. Nova edição, revista e ampliada. São Pauli: Paulus,
         2002.
2.FRANCO, Divaldo Pereira. Atualidade do Pensamento Espírita. Pelo Espírito  
          Vianna de Carvalho. 1ª ed. Salvador: LEAL, 1998.
3.KARDEC, Allan. O evangelho segundo o espiritismo. Tradução de Guillon
           Ribeiro. 124ª ed. Rio de Janeiro, FEB, 2005.
4.MIRANDA, Manoel P. Página psicografada pelo médium Divaldo P. Franco.
           em 2 de março de 2000, em Salvador, Bahia.
5.XAVIER, Francisco Cândido. Caminho, Verdade e Vida. Espírito Emmanuel.
           27ª ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006.
6.XAVIER, Francisco Cândido. Mediunidade e Sintonia. Pelo Espírito Emmanuel.
          1ª ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 1986.
7.XAVIER, Francisco Cândido. Missionários da Luz. Espírito André Luiz. 1ª ed.  
           Rio [de Janeiro]: FEB, 1986.
8.XAVIER, Francisco Cândido. Nos Domínios da Mediunidade. Espírito André
           Luiz. Espírito André Luiz. 1ª ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 1955.
9.XAVIER, Francisco Cândido. Nosso Lar. Espírito Emmanuel. 45ª  ed. Brasília:
           FEB, 1996.
10.XAVIER, Francisco Cândido. O Consolador. Espírito Emmanuel. 10ª ed. Rio
           [de Janeiro]: FEB, 1984.
11.XAVIER, Francisco Cândido. O Espirito da Verdade. Espíritos Diversos. 1ª
           ed. Rio de Janeiro: FEB, 1992.
12.XAVIER, Francisco Cândido. Paulo e Estevão. Espírito Emmanuel. 43ª  ed.
           Rio de Janeiro: FEB, 2006.