segunda-feira, 22 de abril de 2013

O Sistema Nervoso e o Intercâmbio Mediúnico


A mediunidade é um bálsamo para as aflições humanas do corpo e da alma, iluminando as consciências e apontando o caminho seguro da paz e da plenitude do amor.

Para Herculano Pires intercâmbio mediúnico é o momento em que o Espírito comunicante e o médium se fundem na unidade psico-afetiva da comunicação. (4)

A Ciência Espírita nos informa que o complexo humano é composto de Espírito, perispírito e corpo físico, e que o intercâmbio mediúnico é a interação da mente com repercussão na estrutura física: o cérebro. 

Figura 01 – Sistema Nervoso Humano
FONTE: http://www.teliga.net/2010/08/generalidades-do-sistema-nervoso-humano.html


Estudos desenvolvidos por autores desencarnados e encarnados identificaram que o intercâmbio mediúnico de dá graças à existência do perispírito, mediador plasmático entre o Espírito e o corpo físico, com suas qualidades, que são catalogadas como propriedades.

A princípio, a mente espiritual, desejosa de comunicar-se, direciona os estímulos energéticos (fluídicos), através dos centros de força, para o períspirito do médium. Essas vibrações fluídicas poderão ser elevadas ou inferiores, a depender do grau evolutivo do Espírito comunicante. Estando o perispírito do medianeiro impregnado por essas vibrações, e sendo o médium adestrado, ele será capaz de identificar se as intenções do Espírito são boas ou más.

Outro ponto importante para ser abordado é a questão da sintonia, definida como a ligação da mente do Espírito comunicante com a mente do médium. Nessa fase de ligação mental mais íntima, a glândula pineal representa papel relevante, filtrando e decodificando as vibrações mentais e energéticas oriundas do Espirito comunicante, as quais serão captadas e processadas pelas células nervosas da base do cérebro - tálamo e hipotálamo (Figura 02). (1)

Figura 02 – Tálamo e Hipotálamo
                                        FONTE: http://www.brasilescola.com/biologia/estruturas-encefalo-suas-funcoes.htm

Observamos que, nessa fase, a mensagem encontra-se no cérebro físico do médium, e é por essa razão que ele poderá selecionar e criticá-la, sem, no entanto, modificar a essência da mensagem. Podemos afirmar que as ideias são “ajustadas” pelas inserções anímicas do médium. Assim, já é tempo de acabar com o “fantasma” do animismo. Aqui nos lembramos do psiquiatra, e pesquisador baiano, Jorge Andréia, que nos adverte que as mais perfeitas e ajustadas mensagens sempre mostram o “selo” da máquina por onde foram operadas. (1)

Em O Livro dos Médiuns, Kardec nos ensina que todos os fenômenos de efeitos inteligentes são exteriorizados através do cérebro do médium. Sendo assim, é importante entender o seu funcionamento. Ora, se nosso objetivo é compreender como o cérebro e demais estruturas nervosas captam, processam a mensagem e formulam a resposta, é necessário, então, fazermos algumas ponderações. Vejamos:

a) O que é o córtex cerebral?

Podemos entender como a substância cinzenta que recobre a superfície dos hemisférios cerebrais, exceto na região médio-inferior, por onde passam o corpo caloso e os pedúnculos cerebrais. O córtex cerebral caracteriza-se pela presença de sulcos e fissuras que o dividem nos lobos frontal, temporal, parietal e occipital (Figura 03). (4)

A região frontal está ligada às funções superiores – conhecimento, motricidade e expressão verbal. O lobo occipital comanda a visão, enquanto o lobo temporal se encarrega da audição e da memória.

Figura 03 – Córtex Cerebral
                                                 
        FONTE: http://www.infoescola.com/anatomia-humana/lobos-cerebrais/

b) E o pensamento? Existe alguma estrutura no cérebro, alguma área com essa função específica -  pensar?

Não. Compreende-se o pensamento como resultante da atividade cortical cerebral como um todo. Assim, percebemos que é no córtex cerebral onde se origina a atividade motora, voluntária e consciente. Nabor Orlando Facure (2) afirma que a atividade cerebral, para se expressar conscientemente, estabelece uma interação entre o córtex cerebral, o tálamo, a substância reticular do tronco cerebral e o diencéfalo, onde se situa o centro da nossa consciência.

Para compreender o conceito exposto por Facure é indispensável questionar:

c) E o tálamo? Qual é a sua contribuição nesse processo?

O tálamo, que se localiza um de cada lado do diencéfalo, é o selecionador das recepções sensitivas. É uma grande massa de substância cinzenta que processa a maior parte das informações aferentes que se destinam aos hemisférios cerebrais (Figura 04). (4)

Figura 04 – Tálamo
FONTE: http://www.guia.heu.nom.br/sistema_limbico.htm


d) E o hipotálamo?

Este se localiza próximo à glândula hipófise (Figura 04) e exerce o controle primário das funções autônomas; por exemplo, o controle da temperatura. Quando o médium precisa perder calor, o hipotálamo determina uma dilatação dos vasos sanguíneos, aumentando a quantidade de suor e aumentando a frequência respiratória.

A ação do hipotálamo no sistema nervoso simpático explica a ereção dos pelos durante o intercâmbio mediúnico. É também desta forma que se explica à produção de saliva, dilatação das pupilas, inibição da motilidade do estômago e dilatação dos brônquios.

Outro ponto importante é a adrenalina, tão necessária no processo mediúnico. Ela é secretada também a partir do hipotálamo. Não podemos esquecer que essa estrutura regula a hipófise anterior e coordena o funcionamento do sistema endócrino. O hipotálamo é a principal estrutura responsável pela manutenção do equilíbrio do meio interno.

Essa função depende, por um lado, do controle exercido sobre a secreção endócrina e sobre o sistema neurovegetativo e, por outro lado, da participação na regulação de emoções e de alguns comportamentos relacionados ao meio externo. (4)

Diante do exposto, questionamos:

e) Como se processa o intercâmbio mediúnico?

A mensagem do Espírito comunicante (os estímulos energéticos/fluídicos) passa para o perispírito do médium, através dos centros de força, e assim chega aos plexos nervosos, ou seja, no corpo físico. É então captada pelos órgãos dos sentidos, os quais direcionam os estímulos ao córtex cerebral frontal.

A seguir, a mensagem percorre todo o córtex, em um processo conhecido como “varredura”, produzindo então um estado alterado da consciência – o transe mediúnico.


Figura 05 – Transe Mediúnico
FONTE: http://lucianodudu1974.blogspot.com.br/2010/08/como-era-transe-mediunico-de-chico.html

Quando o processamento da mensagem do Espírito comunicante exige o acesso a memórias relacionadas a pessoas, melodias e fatos há então o envolvimento do hipocampo, que fica localizado no assoalho inferior do ventrículo lateral do cérebro (Figura 06).

Figura 06 – Hipocampo
FONTE: http://idosos.com.br/memoria-lembrancas-em-sonhos-perfumados/

 Por outro lado, quando há a necessidade do conhecimento de línguas, para a decodificação da mensagem, as estruturas do hipocampo e do córtex entorinal são acionadas (Figura 07).

Figura 07 – Hipocampo e Córtex Entorinal


Muitas vezes, para a compreensão da mensagem, se faz necessária a memória de atos instintivos, havendo então o envolvimento do corpo estriado (Figura 08) e o cerebelo - centro de memória extracerebral (Figura 09).






Figura 08 – Corpo Estriado


Figura 09 – Cerebelo
FONTE: http://oencefalohumano.blogspot.com.br/2010/12/bulbo-cerebelo-e-hipotalamo.html



É dessa forma que as informações emitidas pelo Espírito comunicante são captadas e decodificadas. É fundamental que o médium, nesse momento, tome uma decisão, ou seja, dê uma resposta. As decisões (respostas) são tomadas no córtex frontal, no mesmo local de recepção da mensagem, no cérebro.

A resposta, no entanto, pode ser de dois tipos: intelectual (ou racional) e emocional (ou afetiva). Porém, nesse momento há o envolvimento do sistema endócrino.

No campo da passividade mediúnica surge uma outra indagação:

f) Quais as estruturas do sistema nervoso que são envolvidas durante a psicofonia?

Figura 10 – Psicofonia
Os estímulos fluídicos, através do centro laríngeo, atingem o córtex cerebral. André Luiz nos revela que as emoções vivenciadas pelos medianeiros, principalmente ao transmitirem as ideias dos Espíritos sofredores, se dão graças à implicação do tálamo. Por outro lado, o hipotálamo proporciona ao médium a sensação de calor ou frio, fome ou sede. (6, 7)

O envolvimento do cérebro e do sistema nervoso parassimpático emprestará ao médium a sensação de tonturas, agitação motora, desarmonia de movimentos e zumbidos auditivos.

g) Quais as áreas envolvidas na psicografia?

Figura 11 – Psicografia


Como na psicografia há a necessidade de coordenação motora, para possibilitar a escrita, é necessário, assim, o envolvimento de todo o cérebro, sobretudo do córtex, nos lobos frontais, e do cerebelo.

h) E no processo da vidência e audiência? Como se processa? Nesses casos, o mesmo pode ser observado?

Não! Na vidência, é necessário o envolvimento dos sistemas simpático e parassimpático, sobre os centros nervosos ópticos e sobre o cerebelo. Na audiência, os centros da audição são atingidos.

José Ferraz lembra que o fenômeno mediúnico com qualidade depende de fatores mentais, emocionais e físicos. O ilustre confrade também se refere ao Espírito Manoel Philomeno de Miranda, que nos afirma que o fenômeno mediúnico é complexo e envolve ainda inúmeros detalhes alheios ao conhecimento humano. (3)

Concluímos nossos humildes apontamentos rogando ao Pai sabedoria, coragem, dedicação e amor, pois ainda nos falta muito para melhor servirmos na Causa do Cristo.

Referências Bibliograficas

1.ANDRÉA, Jorge. Psiquismo: Fonte da Vida. Sobradinho, DF: EDICEL. 1995.  
          CAP. 14, P. 122-123.
2.FACURE, Nabor Orlando, Revista Internacional de Espiritismo, Agosto de
           2001.
3.FERRAZ, José. Presença Espirita, Março / Abril de 2003. Ano XXIX, nº 235,
           p. 20-22.
4.NITRINI, Ricardo e BACHESCHI, Luiz A. A neurologia que todo médico deve
           saber, São Paulo: MALTESE, 1991.
5.PIRES, Herculano. Mediunidade. São Paulo, SP. PAIDÉIA, 1986, Cap. 5, p.
            37. O Aro Mediúnico.
6.XAVIER, Francisco C. No Mundo Maior. Pelo Espírito André Luiz. 19 ed. Rio
            [de Janeiro]: FEB, 1994, cap. 4, p. 60-62.
7._________________ . Nos Domínios da Mediunidade. Pelo Espírito André Luiz. 24 ed, Rio [de Janeiro]: FEB, 1997, cap. 5 e 6, p. 55-74.


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