segunda-feira, 4 de março de 2013

Cesaréia de Filipe: Jesus revela a Pedro a sua missão


Cesaréia de Filipe era assim chamada para distingui-la da Cesaréia, porto do mar. Na época de Jesus estava localizada ao pé do monte Hermon, onde a fonte mais oriental do rio Jordão surge como um riacho resplandecente, saindo de uma gruta na base de um grande precipício, e prosseguindo para unir-se a outras fontes do rio Jordão. Foi Herodes Felipe que a construiu.

Figura 01 – Cesaréia de Filipe
FONTE: http://prjoseiadrn.blogspot.com.br/2011/08/arqueologia-da-cidade-de-cesareia-de.html

Devido ao fato de estar bem irrigado, o local tinha uma grande variedade de árvores, de vinhedos e arbustos floridos, e era um dos lugares mais famosos da toda a Palestina.

Os hebreus lutaram em várias épocas contra a adoração do “deus” Baal. Nos tempo do Antigo Testamento, a cidade tinha um altar dedicado a Baal, e mais tarde os gregos construíram um altar a Pã, o “deus” da natureza, a cidade era chamada de Paneas (a cidade de Pá).

Quando Herodes, o Grande, recebeu este território de Augusto, construiu um templo de mármore branco dedicado ao culto do imperador. À morte de Herodes, Paneas foi parte da herança do tetrarca Filipe, que ampliou e embelezou a cidade, e para lisonjear o imperador chamou-lhe Cesaréia; a este nome acrescentou-se o de Filipe com o fim de distinguir da Cesaréia marítima da Palestina, a antiga Torre de Strabon, construída nas margens do Mediterrâneo entre Jafa (ou Jope) e o Monte Carmelo.

De Cesaréia de Filipe não restam hoje mais que umas ruínas, próximo das quais se levanta uma pequena povoação chamada Banias ou Banyas, que lembra o antigo nome, há já muito tempo desaparecido.

A maior parte da população desta região, situada no extremo norte da Palestina, era pagã. Jesus tinha escolhido esses lugares, afastados da multidão, para fazer revelações extraordinárias aos seus discípulos mais próximos.

Aquela região era denominada como o maior centro pagão do Israel antigo, haviam sacrifícios de bodes e os restos eram enterrados próximo do templo de Pã. Havia também um templo em homenagem a “deusa da vingança” (Nemefis), e também um em homenagem ao “deus Zeus”. Muitos judeus acreditavam que as portas do inferno se encontravam em Cesaréia de Felipe.


De Betsaida, Jesus dirigiu-se de novo para o norte, afastando-se mais ainda do território judaico. Talvez tenha seguido o rio Jordão acima até chegar às arredores de Cesaréia de Filipe, depois de ter percorrido em subida uns 50 quilômetros (Mapa 01).


Mapa 01 – Palestina na época de Jesus
3- Cesaréia de Filipi      6- Betsaida


O evangelista Lucas (9, 18) afirma que chegando em Cesaréia de Filipe, Jesus, em reservado, pôs-se em oração: “Certo dia, ele orava em particular...” (Lc 9, 18).

Nos momentos decisivos da sua missão, Jesus recolhia-se em uma entrega, humilde e confiante, da sua vontade humana à vontade amorosa do Pai Celestial através da prece. Como exemplo pode-se lembrar de que esta foi a sua atitude antes do seu Batismo, da sua Transfiguração, e do seu Martírio e Crucificação.

Toma a mesma atitude diante dos momentos decisivos que vão comprometer a missão dos seus apóstolos: antes de escolher e de chamar os Doze, antes que Pedro o confesse como “Tu és o Cristo, o Filho do Deus” e para que a fé do apóstolo querido não desfaleça diante da tentação.

Em Cesaréia de Filipe, num lugar de beleza natural que Jesus levou seus discípulos para um breve descanso e onde, conforme Mateus ( 16. 13-19) ocorreu os seguintes fatos:

Depois de orar em particular, Jesus pergunta aos discípulos: “Quem dizem os homens ser o Filho do Homem?”. O Cristo conhecia bem as opiniões e conversas do povo, porém introduzia a conversa para outra questão mais contundente.

Os apóstolos responderam com simplicidade: “Uns afirmam que é João Batista, outros que é Elias, outros, ainda, que é Jeremias ou um dos profetas”. Observa-se que entre estes títulos não se cita o de Messias nem de Filho de Davi.

Aqueles homens são seus companheiros mais íntimos, os seus confidentes, aqueles que o contemplaram de perto as suas ideias e ensinamentos. Cada um dos apóstolos já tinha formado no íntimo da sua alma uma imagem sólida e determinada da origem e caráter do Mestre e da sua missão. Vamos imaginar que naquele momento eles se olharam entre si e, provavelmente, ficaram sem capacidade de reação.

Aproximava-se a hora da prova. Já faltavam só poucos meses para a tortura e Morte de Jesus. Agora Ele queria saber como eles tinham absorvido os seus ensinamentos e quais eram as suas disposições de fidelidade.

É interessante porque Cristo não questiona o que dizem os  escribas e os fariseus. Chama atenção para a opinião do povo, porque não estava inclinada para o mal. E ainda que sua opinião sobre Cristo fosse inferior à realidade, estava, contudo, imaculada  de sagacidade. Não é assim na opinião dos fariseus que eram sumamente maliciosos.

Seria importante observar que Jesus ao perguntar  “Quem dizem os homens ser o Filho do Homem?” ele é cauteloso a fim de que não acreditassem que fazia esta pergunta por vaidade.

É de lembrar que sempre que no Antigo Testamento se diz o Filho do Homem, em hebreu  se diz o filho  de Adão.

Os apóstolos  referem  a Jesus as diferentes opiniões  que sobre Ele tinham os judeus. Por isso disse: ‘E eles responderam: Uns dizem que é João, o Batista’, são os que pensam como Herodes; ‘outros dizem que é Elias’, isto é, os que acreditavam que era o mesmo Elias que havia voltado a nascer, ou o mesmo Elias que ainda vivia e se manifestava nele; ‘e os outros dizem que é  Jeremias’, a quem era considerado o mais conhecido profeta do Antigo Testamento, autor do Livro de Jeremias e do Livro das Lamentações. Desta forma concluímos que eles de fato não compreendiam o que a figura de Cristo representava. 

Depois, enquanto caminhava, Jesus dirige-se a Simão Pedro e perguntou: “E vós, quem dizeis que eu sou?”

Conta Mateus (16, 16-17) que: “Simão Pedro, respondendo, disse: ‘Tu é o Cristo, o filho do Deus vivo. Jesus respondeu-lhe: ‘Bem-aventurado és tu, Simão, filho de Jonas, porque não foi carne ou sangue que revelaram isso, e sim o meu Pai que está nos céus”.

Os estudiosos afiançam que Jesus fez o questionamento com a finalidade de provocar a confissão de Simão Pedro. As palavras do apóstolo ecoaram como uma trovoada. Ninguém quis acrescentar nada mais. Os outros Apóstolos emudecem,  com receio de dizer alguma coisa que não seja bem significativa, que não seja inteiramente exata.

Cristo é o termo usado em português para traduzir a palavra grega Χριστός (Khristós) que significa "Ungido". O termo grego, por sua vez, é uma tradução do termo hebraico מָשִׁיחַ (Māšîaḥ), transliterado para o português como Messias.

Quando Pedro afirma que Jesus é o Cristo ele negou algumas crenças dos judeus sobre como devia ser Cristo. Segundo o Tanach, o Messias deve ser descendente do Rei Davi e Salomão. (Jeremias 23:05, 33:17, Ezequiel 34:23-24; 2 Samuel 7:5-13). Os judeus utilizam do argumento que José era descendente de Jeconias e que não há provas de que Maria fosse descendente de Davi. Mesmo que se pudesse comprovar que Maria é descendente de Davi, a filiação tribal nos tempos antigos dava-se através do pai e não através da mãe.

Pode-se observar que Simão acrescentou a seguinte frase: “...o filho do Deus vivo” (Mateus 16, 16), para distingui-lo daqueles deuses que levam o nome de deuses, porém estão mortos como Saturno, Júpiter, Vênus, Hércules e as demais invenções dos idólatras.

Jesus respondeu-lhe: “Bem-aventurado és tu, Simão, filho de Jonas (Barjonas), porque não foi carne ou sangue que revelaram isso, e sim o meu Pai que está nos céus” Mateus ( 16.17). Pode-se interpretar que Jesus queria que não houvesse duvidas, Ele se referia à Simão filho de João (Jonas) e lembrava que tanto Pedro como Ele são filhos de Deus, ou seja: criados por Deus.

Mais uma vez lembrando Mateus (16, 18-19) que afirma: “Também Eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei minha Igreja, e as portas do Inferno nunca prevalecerão contra ela. Eu te darei as chaves do Reino dos Céus e o que ligares na terra será ligado nos céus, e o que desligares na terra será desligado nos céus”.

Pedro, nome dado por Jesus, (Mateus, 4:18, 10:2) ou Cefas, são cognomes do apóstolo, palavras que significam “pedra”, em grego e hebraico, respectivamente. João (1:40-42) chama-o de Simão Pedro.

O site http://www.divaldofranco.com/livro descreve a obra Luz do Mundo, de autoria do Espirito Amélia Rodrigues, ditado ao médium Divaldo Pereira Franco, como um apontamento que faz paralelos com o pensamento atual, demonstrando como Jesus pôde penetrar no tempo além do tempo convencional, deixando um patrimônio que merece ser reexaminado e vivido com segurança.

No oitavo capitulo a autora assevera que quando Jesus afirma que “... tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei minha Igreja, e as portas do Inferno nunca prevalecerão contra ela. Eu te darei as chaves do Reino dos Céus e o que ligares na terra será ligado nos céus, e o que desligares na terra será desligado nos céus”, nesse momento nasce a Igreja da Revelação Espiritual. Estão autorizados os intercâmbios. Os dois mundos confraternizam em abundância diz a autora espiritual.

Desta forma, explica que Cesaréia de Filipe fez-se o santuário para a comunhão com o Mundo Maior e acrescenta: A cidade opulenta dos homens cede os seus arredores em flor para a convivência com os ministros imponderáveis do Senhor da Terra.

Dando seguimento a sua narrativa diz que a grande luz do Alto jorra em abundância, e a plenitude da vida estua, mas adverte que a alvorada da verdade, no entanto, é também o amanhecer das dores.

A benfeitora espiritual lembra que Jesus não esconde as aflições que desabarão sobre os pioneiros da renovação e que Ele próprio não escapará à sanha das tenebrosas artimanhas dos homens-pigmeus, que tentarão defrontar o homem-Filho de Deus.

Esclarece Amélia que Jesus faz uma antevisão dos padecimentos futuros, adverte aqueles espíritos em repentino crescimento e lhes informa sobre o pesado tributo de dor e abnegação que Ele deve dar, a fim de romper os turvos compromissos da Humanidade com a mentira e facilitar a sua religação com Deus.

Os amigos se amedrontam, e Pedro, receoso, em perfeita sintonia com as Entidades irresponsáveis que teimam por sitiá-los e fazê-los recuar, chama o Senhor à parte e censura-O.

No entanto o Rabi esclarece que a batalha é sutil e perigosa e que é indispensável enfrentá-la com decisão, sob qualquer que seja o disfarce que se insinue.

Conforme a narrativa da autora espiritual Jesus percebe o que ocorre além das zonas físicas que envolvem o Simão Pedro, desta forma profere a severa frase com que expulsa e desarticula o programa de perturbações nefastas:

— "Para trás de mim, Satanás, que me serves de escândalo; porque não compreendes as coisas que são de Deus, mas só as que são dos homens."

A Entidade satânica que urde na alma de Pedro a debilidade e apresenta a visão da vida conforme a tecedura da limitação humana, vai rechaçada.

A delicada mediunidade do Apóstolo que recebeu a inspiração do Céu, há pouco, num instante de invigilância sintoniza com a representação do mal de que se nutrem os Espíritos empedernidos na perversidade.

Pela ponte mediúnica transitam anjos e demónios, conforme a concessão mental e emocional do seu detentor, a cada momento. Pedro dá-se conta do equívoco, desperta e se eleva outra vez.

Inunda-se de esperanças, liberta-se.

O Mestre, integérrimo, com os olhos postos na glória do sacrifício, exalta a dor por amor, e culmina o ensino, definindo, perenemente, os rumos e as balizas do seu messianato.

— "Se alguém quiser vir após mim, renuncie a si mesmo, tome sobre si a sua cruz, e siga-me."

Amélia Rodrigues finaliza esse belíssimo capitulo afirmando:

“Abrem-se de par em par as portas da Imortalidade, e a Igreja da Revelação Espiritual está construída nas almas”.

O "Senhor dos Espíritos" decifra um dos enigmas do Mundo além das sombras — a inspiração —, e projeta claridade nos abismos da sepultura ignorada.

A vida supera a morte; o Espírito triunfa.

É dia de perene amanhecer!

O ar começa a pesar, carreado pelo calor das horas. A sinfonia atinge os acordes últimos.

O grande final se apaga em sons que se misturam às vozes da paisagem.

Jamais silenciarão.

O concerto melódico invadirá os ouvidos do mundo e das gerações.

Chega o Sol vitorioso.

A luz está no mundo”.



Leitura consultada e recomendada:

1.A Bíblia Sagrada. Tradução de João Ferreira de Almeida. Edição Familiar: Difusão Cultural do Livro

2.AQUINHO, Rubim Santos Leão de. História das sociedades – das comunidades primitivas às sociedades medievais. 1.ed. 8.reimpressão. Rio de Janeiro, RJ: Editora ao Livro Técnico, 1993

3.BLAINEY, Geoffrey. Uma breve história do mundo.[versão brasileira da editora].2.ed. São Paulo, SP: Editora Fundamento Educacional, 2008

4.FRANCO, Divaldo Pereira. Luz do Mundo. Pelo Espírito Amélia Rodrigues. Salvador, BA: LEAL Editora, 1971

5.FRANCO, Divaldo Pereira. Primícias do Reino. Pelo Espírito Amélia Rodrigues. 11.ed. Salvador, BA: LEAL Editora, 2008


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